Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VII    Nº78    Agosto 2004

Universidade

SECRETARIA DE ESTADO

Cultura em Évora

A secretaria de Estado dos Bens Culturais, que o governo decidiu transferir para Évora, vai ficar instalada provisoriamente na Delegação Regional de Cultura do Alentejo, disse à agência Lusa fonte do Ministério da Cultura (MC).

De acordo com a mesma fonte, o novo gabinete do secretário de Estado José Amaral Lopes vai funcionar nos serviços regionais do MC, sedeados em Évora, “até o espaço definitivo estar disponível”.

A fonte escusou-se a indicar qual o edifício em que será instalada definitivamente a Secretaria de Estado dos Bens Culturais, uma das seis que o Governo de Pedro Santana Lopes decidiu transferir de Lisboa para igual número de cidades do país.

“Estamos num processo de transição”, explicou a fonte, que disse desconhecer a data em que o governante se instalará permanentemente em Évora, embora Amaral Lopes já se tenha deslocado várias vezes à cidade.

O Ministério da Cultura - em que se integra a Secretaria de Estado dos Bens Culturais - está instalado actualmente no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.

Além dos Bens Culturais, o governo decidiu transferir para fora de Lisboa as secretarias de Estado da Administração Local (Coimbra), da Agricultura e Alimentação (Ribatejo), da Educação (Aveiro), do Turismo (Faro) e da Juventude (Braga).

O presidente da Câmara Municipal de Évora, José Ernesto Oliveira (PS), já considerou a instalação da secretaria de Estado dos Bens Culturais em Évora como uma decisão que “orgulha a cidade”.

A medida, segundo José Ernesto Oliveira, constitui “o reconhecimento de Évora como cidade de referência cultural no país”.

Considerando a medida do Governo como “uma deslocalização”, o autarca salientou contudo que “não é isto que os municípios têm vindo a reivindicar”.

“O que os municípios reivindicam do Governo é a necessidade de transferir para as autarquias competências e os meios para as executar”, disse.

O secretário de Estado dos Bens Culturais, José Amaral Lopes, reclamou recentemente o apoio e envolvimento das entidades locais para estimular a criação de novos pólos culturais no país.

 

PARA A VIGILÂNCIA DA FLORESTA

UBI e IPL projectam avisão

A observação da mancha florestal e da costa marítima são algumas das utilidades da aeronave Sky gu@rdian, a qual está a ser desenvolvida pelo Departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade da Beira Interior (UBI), na sequência de um convite da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, escola que promove o projecto em conjunto com a empresa Plasdan.

A presença de um túnel de vento e de conhecimentos sobre a planificação e construção de aeronaves levou os responsáveis pelo projecto e criarem parcerias com a UBI. A proposta inicial tinha em mente “a criação e desenvolvimento de um UAV (Unmanne’d Aerial Vehicle)”, explica Pedro Vieira Gamboa, professor assistente no Departamento de Ciências Aeroespaciais da UBI. A concepção deste tipo de aparelho, sem piloto, deve-se ao facto de “estas aeronaves serem mais acessíveis em termos de custos”, sublinha o docente.

Estas aeronaves, embora possuindo, em regra, menores dimensões que as aeronaves tripuladas, são mais económicas, e apresentam maior flexibilidade em termos de operação. A aeronave, relativamente pequena e leve, terá capacidade para transportar uma carga útil de pelo menos 4,5 kg correspondente, entre outros, a equipamento fotográfico ou de vídeo, equipamento de aquisição e transmissão de dados, equipamento de controlo. Embora as missões do SkyGu@rdian sejam, em primeira instância, autónomas, a aeronave terá capacidade para ser pilotada à distância quando necessário.

O Skygu@rdian está agora em fase adiantada de desenvolvimento. A primeira maqueta à escala acaba de ser construída e está agora pronta para testes. Este desenho surge depois dos docentes da UBI proporem em algumas cadeiras da licenciatura em Engenharia Aeronáutica, a concepção de um aparelho deste género. Os melhores projectos foram retocados até se obter o desenho final.

Pioneiro nesta área, o Skygu@rdian vai agora passar por uma bateria de experimentações até ser levado para Leiria, onde o sistema informático e operativo da aeronave está a ser desenvolvido. Dirigido à vigilância florestal, este aparelho pode também ser utilizado na observação da costa e na zona marítima exclusiva portuguesa. Com vários sensores e câmaras instaladas ao longo da sua estrutura, esta aeronave consegue voar durante algumas horas, o que lhe permite captar dados relativos a áreas geográficas pré-definidas. Os dados são enviados, de imediato, para uma base e depois estudados.

Sem datas definitivas, os responsáveis pela investigação apontam o próximo Verão como o período mais provável para o Skygu@rdian estar a voar. Quanto à comercialização desta aeronave no mercado, os responsáveis mostram algum entusiasmo, até porque “está envolvida no projecto uma empresa privada ligada à aviação, que se vai ocupar dessa parte”, refere Pedro Gamboa.

Eduardo Alves

 

 

 

PROGRAMA ERASMUS

Europa reunida na UBI

A Universidade da Beira Interior aproveita a terceira edição dos Cursos de Verão para divulgar a região junto de 40 alunos estrangeiros que optaram pela Covilhã para aprenderem português, a fim de terem a vida facilitada no próximo semestre, altura em que vão frequentar uma universidade portuguesa.

O Curso de Verão Erasmus Intensive Language Curse (EILC), permitiu que os alunos viessem procurar novas experiências, de Silje Albrigtsen, de 22 anos, e Karoline Swan, de 27, estudam Biologia Marinha e foi pelo estudo do bacalhau que ficaram a conhecer várias facetas do País de Camões, feitos históricos incluídos.

A língua “é semelhante ao espanhol”, língua que já conhecem, e o facto de existir na Universidade do Algarve um curso relacionado com o campo científico onde estudam “levou que Portugal se tornasse o destino escolhido no Erasmus”. Das primeiras impressões, fica-lhes a amabilidade das gentes, “que dizem sempre bom dia mesmo que não nos conheçam” e também, “as paisagens lindas que existem neste lugar”.

Já o germânico mais falador aponta uma característica que provoca aprovação e riso entre os colegas. Para Thomas Bartoscheck, “um minuto na Alemanha, são cinco em Portugal”. A falta de pontualidade e o atraso constante das gentes lusas, parece não agradar ao alemão. Este prefere um regime “mais esquemático e dinâmico”.

Nos antípodas desta opinião está Piero Cavallo, de 29 anos, estudante de Engenharia Mecânica que tenta, a todo o custo, exprimir as suas opiniões, num português compreensível para todos. Inserido nesta autêntica babel, diz ter vindo para Portugal, exactamente porque é “um país romântico, onde as paisagens ainda pertencem aos livros e aos contos”. Contudo, Cavallo, refere um aspecto que é partilhado pelos demais, “Portugal está bastante desenvolvido”.

Um aspecto que lhe pode ser fatal. Para o italiano, a Covilhã é exemplo disso mesmo. No entender deste estudante de Engenharia Mecânica, “as paisagens da serra não deviam ser tapadas pelo cimento, como acontece aqui, com muitos hotéis e prédios altos”, caso contrário, Portugal, “perde todo o interesse”.

De entre a abundância de nacionalidades, duas ganham destaque pela recente adesão à União Europeia (UE). Lituânia é o país de Juste Masiulionyté e Laurynas Papickas e Eslováquia é a pátria mãe de Lúcia Házyová.

O depoimento sobre a entrada na UE é similar entre os três jovens. Destacam a “muita propaganda feita sobre este passo que os nossos países deram”. Juste, de 20 anos, quase que impõe o silêncio ao seu compatriota para expressar uma opinião “que é geral entre os Estados que agora fazem parte da comunidade”.

Antevêem um futuro melhor neste “grande grupo económico”, mas não a curto prazo. Uma das principais transformações, e mais imediatas, que está a deixar descontentes os habitantes destes países “é a perda de poder de compra”. Segundo estes jovens, “se antes com uma certa quantia se conseguia comprar um saco de produtos, actualmente, isso já não acontece”. O euro é uma moeda muito forte “em relação às moedas nacionais”.

A solução deste diferendo passa “pelo aumento de salário e melhoramento de condições de vida”. Coisa que também procuram em Portugal. Mesmo com a chuva a estragar os primeiros dias, “o Sol deste País é diferente de todos os outros”, acrescenta Lúcia Házyová. A jovem natural da Eslováquia sublinhou um ponto que mereceu a aprovação de mais alguns nórdicos.

O grupo de europeus fica, até Setembro, na Covilhã, para aprender português. Depois alguns ficam pela UBI, outros vão para as Universidades portuguesas que escolheram, de Braga a Faro. Para além da Língua, as amizades e o desejo de voltar a terras lusas, em trabalho ou em férias são já objectivos comuns.

EXPERIÊNCIA. Para quem lecciona a matéria a estes estudantes, “dar Português como língua estrangeira é muito mais difícil do que como língua principal”, confessa Ana Rita Carrilho. Licenciada em Língua e Cultura Portuguesas (LCP), esta docente assegura os cursos de Verão, “vai para três anos”. Ainda que em todos eles, as experiências sejam diferentes, “as complicações parecem sempre ser iguais”. Uma opinião que merece todo o apoio de André Costa, também licenciado em LCP e nestas andanças “há dois anos”.

Os diferentes tempos verbais, as conjugações próprias e “as coisas mais básicas da nossa gramática” tornam-se verdadeiros labirintos infinitos para alguns alunos. Um trabalho árduo, que tem a sua maior dificuldade, “na forma como se explicam as coisas”, desvenda a docente. No entanto, para estes professores, os cursos de Verão, ainda que a funcionar durante um mês, “são muito proveitosos para estes estudantes”. Isto porque, “depois as aulas vão ser apresentadas em Português e aí, eles já conhecem os vocábulos mais importantes, as expressões mais comuns” e quando não, “conseguem já procurar num dicionário”, refere André Costa.

Para estes dois professores, um dos pontos fundamentais deste intercâmbio de estudantes passa, “exactamente, pela partilha de conhecimentos ao nível da língua”. Algo que só se consegue “praticando ao longo do semestre”, acrescentam. Muitos docentes “ainda facilitam os alunos com a opção de falar inglês, o que dificulta, posteriormente, o alcance de todos os objectivos
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Eduardo Alves

 


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