VISEU
Ministra garante
universidade

A ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, anunciou que a universidade pública de Viseu deverá arrancar “com algumas iniciativas” no ano lectivo de 2005/2006, com um modelo “diferente e inovador”.
Em declarações aos jornalistas durante uma visita de trabalho a Viseu, a governante adiantou que gostaria que este fosse um projecto europeu, em parceria com a universidade Erlangen-Nuernberg, da Alemanha, e outra do Reino Unido, eventualmente Manchester ou Londres.
O modelo ainda está, no entanto, a ser estudado por um grupo de trabalho, que visitou instituições de ensino superior e empresas da região de Viseu e que integra professores portugueses e alemães e representantes da Siemens Medical Solution e da Agência Portuguesa para o Investimento.
Para já o papel da Siemens é “orientador”, ajudando a delinear o modelo, mas a ministra admitiu que aquela multinacional poderá “ter também alguma parceria com a universidade”, criando, nomeadamente, “um centro de investigação nalguma das suas áreas”.
Apesar de haver “vários cenários”, Maria da Graça Carvalho referiu que muitas das conversas que tem tido com o grupo de trabalho “apontam para a necessidade de dar grande ênfase à pós-graduação, mestrados e doutoramentos, o que não põe de lado a formação inicial”.
A cooperação com universidades europeias, o envolvimento das empresas da região e a complementaridade com as universidades já existentes na cidade - o Instituto Politécnico, a Universidade Católica e o Instituto Piaget - são outras linhas orientadoras.
Durante a visita ao Instituto Piaget, o seu presidente, Oliveira Cruz, pediu que deixassem a instituição desenvolver o seu projecto, que considera poder ser colocado em risco pela criação da universidade pública.
“A entrada da universidade pública condiciona-nos, pode vir a pôr em causa o nosso projecto”, afirmou, recebendo da governante a resposta de que o novo projecto “nunca será para prejudicar ou criar barreiras”, mas sim para complementar.
Segundo Maria da Graça Carvalho, até o sistema de financiamento da nova universidade será inovador. “Há a possibilidade de termos um dossier europeu que passe a ter o suporte específico directo, sem ser fundos infra-estruturais, um financiamento directo europeu. Aí seria uma parceria para já com a Universidade de Erlangen-Nuernberg, mas temos a possibilidade de outras, nomeadamente do Reino Unido”, referiu.
“Depois há também a possibilidade de participação de grupos empresariais, tanto locais como internacionais, como a Siemens, mas poderão ser outros, dependendo das áreas em que a universidade se for inserir. E também o financiamento público, como é óbvio”, acrescentou.
A governante citou o exemplo da Universidade de Erlangen - Nuernberg, que trabalha em parceria com a câmara municipal local, o parque tecnológico de pequenas e médias indústrias e outras indústrias da região, “que têm um fórum instituído onde há uma grande colaboração tanto nas linhas estratégicas da universidade como nos programas de investigação e desenvolvimento”.
O objectivo é conseguir “um projecto de excelência”, que atraía não só pessoas de vários pontos do país, mas também do estrangeiro, estando por isso a ser pensado um ensino bilingue.
Maria da Graça Carvalho afastou a possibilidade de a universidade pública de Viseu vir a ter o curso de Medicina, um assunto sobre o qual o Conselho de Ministros terá de se pronunciar.
“Mas está (prevista) uma área importante da tecnologia que apoia a saúde. Está connosco um professor de informática médica, uma área muito forte na Universidade de Erlangen-Nuernberg e na Siemens. É a parte técnica de apoio logístico à área da saúde”, explicou.
O modelo conceptual da universidade pública de Viseu deverá ficar definido até 30 de Setembro, como previsto, ainda que “não fique tudo pormenorizado. Esta reunião vai ser muito importante para decidirmos rapidamente um cenário e ter um dossier para o Governo português e, se for um projecto europeu, para os dos países que cooperam, e para submeter à Comissão Europeia”, disse Maria da Graça Carvalho aos jornalistas.
O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, aludiu ao “calvário” vivido por causa da criação da universidade pública de Viseu, “prometida por sucessivos Governos”, considerando que a instituição será “o motor mais importante para aplainar assimetrias” na futura Grande Área Metropolitana.

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