NOVA RESIDÊNCIA NA
COVILHÃ
Durão na
inauguração

Na sua visita ao Distrito de Castelo Branco, Durão Barroso deslocou-se à Universidade da Beira Interior, onde afirmou não haver actualmente “praticamente ninguém” que, por falta de recursos, tenha prescindido do acesso ao Ensino Superior em Portugal.
Para esta conclusão, Durão Barroso baseia-se em resultados de uma acção realizada este ano pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior, através da qual se procuraram referenciar casos de pessoas sem recursos, “para que tivessem acesso a bolsas”.
O primeiro-ministro falava durante a cerimónia de inauguração da Residência Pedro Álvares Cabral para estudantes da Universidade da Beira Interior (UBI), que considera ser “a maior e melhor residência para estudantes do país”.
A infra-estrutura está orçada em cerca de cinco milhões de euros, tem uma capacidade de 330 camas instaladas em 168 quartos, bem como ainda seis cozinhas, lavandaria e quatro salas de estudo. A residência encontra-se ainda equipada com tecnologia wireless, permitindo o acesso à Internet a partir de qualquer computador.
Segundo o primeiro-ministro, “o investimento em infra-estruturas de acção social faz especial sentido na UBI”, porque, “contrariando todas as expectativas, esta universidade não tem um perfil regional”, mas sim “um perfil nacional, pois tem muitos alunos deslocados de outras regiões”.
Dos cerca de cinco mil alunos da universidade da Covilhã, 80 por cento são deslocados, o que, segundo Durão Barroso, “é a prova de que atingiu um nível superior, pois é capaz de atrair estudantes de todos os pontos do país”.
Enaltecendo a democratização do acesso ao ensino depois do 25 de Abril de 1974, o primeiro-ministro realçou o facto de “13 por cento do orçamento do Ensino Superior ser actualmente absorvido pela Acção Social”. Segundo diz, “nos últimos 10 anos, passámos de 16 mil e 500 alunos bolseiros para cerca de 70 mil, nos sistemas público e privado”.
Durão Barroso defendeu a aplicação do principio da participação dos estudantes e das famílias no financiamento do ensino superior. “Que paguem os que podem, para que todos frequentem o ensino superior. É o princípio seguido em toda a Europa, por governos de direita, centro ou esquerda”, porque “é a única forma de ter um ensino superior de qualidade” e de “realizar investimentos como este que hoje aqui inauguramos”, disse o Chefe do Governo.
Durante a cerimónia, foi ainda assinado pelo reitor da UBI, Santos Silva, e pela ministra da Ciência e Ensino Superior, Graça Carvalho, um contrato-programa no valor de 1,5 milhões de euros destinados a investimentos nos serviços académicos e administrativos da Universidade da Beira Interior. “Em vez de distribuírem verbas do Orçamento de Estado em função do número de alunos, estes contratos-programa regem-se pela qualidade e originalidade de projectos e correcção de assimetrias”, explicou Durão Barroso.

PRIMEIRO MINISTRO GARANTE
EM CASTELO BRANCO
Politécnico com
saúde e artes

O Politécnico de Castelo Branco vai ganhar dois novos edifícios nos próximos anos para a instalação da Escola Superior de Saúde e Escola Superior de Artes, cumprindo-se assim as pretensões da instituição, que pretendia ver as duas escolas instaladas no Campus da Talagueira, junto à actual Escola Superior de Tecnologia.
A confirmação foi dada pelo Primeiro-Ministro, Durão Barroso, numa visita realizada a 23 de Abril a Castelo Branco, Covilhã e Aveiro, a qual integrou no que chamou o Dia das Universidades. “O Instituto Politécnico de Castelo Branco é uma instituição que vale a pena conhecer e valorizar”, referiu, adiantando que as obras são importantes, mas também as pessoas, a sua formação, a criação de emprego e de massa crítica, que considera importante para o desenvolvimento do País.
Ciente que é fundamental apostar na internacionalização, na educação ao longo da vida, na aplicação da aprendizagem e investigação, uma vez que “o mercado de trabalho mudou radicalmente e vai continuar a mudar”, Durão Barroso acredita que “o ensino politécnico é a melhor via para promover a ligação entre formação superior e
empregabilidade”.
Justificou assim o anúncio oficial da abertura de concurso para a construção do Campus da Talagueira, primeiro para as infra-estruturas gerais e depois “para as duas escolas que irão ser construídas, a Escola Superior de Saúde e a Escola Superior de Artes Aplicadas. Algo que considera ser possível, dada a boa colaboração entre a Câmara (que deu os oito hectares de terreno, avaliados em quatro milhões de euros), o Politécnico (que defendeu a ideia e realizou um concurso público internacional) e o Governo, que autoriza e financia as obras, as quais custarão cerca de 15 milhões de euros.
Garantidas as infra-estruturas gerais, deverá depois avançar o bloco pedagógico da Superior de Saúde, talvez ainda este ano, pois a obra já estava inscrita em Piddac, ainda que com uma verba insignificante. A novidade está porém na futura construção da Escola Superior de Artes Aplicadas (Esart), actualmente a funcionar no Cine-Teatro, na Superior Agrária e ainda em algumas salas da Superior de Educação.
Mas se a Superior de Saúde poderá estar concluída em 2006, a Esart só será concretizada mais tarde, devendo haver uma data definida depois de Junho, mês em que o presidente do Politécnico, Valter Lemos, reúne com a ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, para acertar a dotação financeira da obra.
“O que o senhor Primeiro-Ministro disse é que a Superior de Artes irá ser incluída na programação financeira, garantindo assim a decisão do Governo. Pois, até agora acontece que o Campus da Talagueira tem metade inscrito em Piddac. Falta agora a programação financeira para a outra metade”.
LÍNGUAS. Na mesma cerimónia foi assinado um protocolo entre o Politécnico de Castelo Branco e o Ministério da Ciência e do Ensino Superior, ao abrigo do qual são encerrados os cursos de Português/Francês e Português/Inglês na Escola Superior de Educação, nascendo porém ali um centro de línguas que visa prestar serviços de formação e tradução e assessoria à comunidade.
“Penso ser o primeiro protocolo que o Ministério assina visando o encerramento de cursos com baixa procura e a reconversão e racionalização dos recursos humanos e materiais disponíveis para novas actividades. Porque muitos falam da necessidade de fechar cursos com baixa procura, mas poucos propõem soluções”.
Este centro irá permitir que os professores de línguas se mantenham ligados à escola, ao mesmo tempo que se encontra uma nova área de colaboração para os alunos do Curso de Tradução e Secretariado, que funciona naquela escola. “Temos uma equipa altamente competente e seria um desperdício eles não terem trabalho, olhando às qualificações e qualidade que têm. Por isso
propusemos uma transferência de recursos, criando o centro de línguas”.
No final, Valter Lemos era um homem feliz, muito embora não tenha ouvido qualquer comentário dos governantes à sua pretensão dos politécnicos poderem ministrar cursos de doutoramento. O presidente do Politécnico referira que “a concessão de graus deve despender de questões científicas e não administrativas”, uma vez que “a ciência não depende das designações das instituições”, dando como exemplo o MIT, nos Estados Unidos, que é um dos melhores institutos do mundo, embora não se chame universidade.
Durão Barroso, que conhece bem o MIT, concordou que assim é, mas foi dizendo que o importante será as instituições colaborarem entre si. No final, Valter Lemos, não criticou a posição. “Não estava à espera que o senhor Primeiro-Ministro viesse aqui responder-me a todas as questões. Mas estando em discussão na especialidade a Lei de Bases do Sistema Educativo, não podia era perder a oportunidade de expressar o sentimento do ensino superior politécnico no que respeita a esta matéria”.

|