Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VII    Nº74    Abril 2004

Destaque

PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Candidata a Belém

Manuela Magno, professora na Universidade de Évora e actual Presidente do Conselho Pedagógico daquela instituição, candidata-se à Presidência da República por entender que “a vida pública portuguesa está demasiado partidarizada”. Em declarações ao Ensino Magazine, a futura candidata referiu que a sua candidatura irá trazer à vida política uma vertente “mais pedagógica”. Para tal, já conta com apoiantes de todo o país, até de emigrantes.

Licenciada em Física Nuclear e doutorada em Música, Manuela Magno afirma que o seu principal objectivo é “estimular as pessoas à participação”. “O Presidente da República deverá ter um papel pedagógico em relação aos cidadãos. Deve esclarecer as pessoas, motivar a sua participação e formação”. 

O facto de candidatar-se fora de um partido político não a incomoda. Aliás, salienta que “se olharmos para a lei eleitoral tudo diz que pode ser um independente. Porém se formos ver os pormenores, tudo é organizado de modo a ser uma coisa partidária. Vi na Constituição que o método de eleição deve ser proposto pelos cidadãos. Se os partidos, depois, quiserem apoiar ou não, é outra coisa. Os Presidentes da República, segundo a constituição, deverão ser figuras de fora do sistema político partidário”, disse a professora.

A professora universitária considera que “os portugueses merecem mais respeito” e, por isso, se chegar a Belém terá “uma postura de total transparência”. Afirma, ainda, que a Constituição define “claramente as atribuições do Presidente da República”, e que esse governante “deve fazer cumprir a Constituição”. Neste âmbito, e questionada sobre a actuação de Jorge Sampaio, Manuela Magno frisou que “ele poderia ser mais interventivo”. “Em oito anos, ele só foi sete vezes à Assembleia da República. O Presidente da República pode em qualquer altura intervir na Assembleia da República, e isto traz uma vantagem que é a visibilidade nos meios de comunicação social. Os discursos são transcritos e os portugueses têm acesso a essa informação”. 

Convicta de que pode chegar a Belém, Manuela Magno pretende trazer para a sociedade civil o debate sobre temas que, segundo ela, estão circunscritos à classe política. “Não digo que os partidos não tenham interesse em mudar as coisas. Muitas vezes querem manter o poder e isso, no meu ponto de vista, desvia-os do que é mais importante. Há muita demagogia e pouca pedagogia. As pessoas têm o direito de saber o que se passa. E saber o que se passa é elas também saberem as leis do próprio país”. 

Assim, e conforme explicou, os grandes eixos que gostaria de ver debatidos na campanha são: A educação, a saúde e a justiça. “Para mim são três pilares fundamentais”.

Noémi Marujo

 

 

 

A EDUCAÇÃO NO PAÍS

Programas reformulados

Manuela Magno considera que “a educação no país está, também, muito partidarizada”, ou seja, “cada governo parece que quer deixar a sua marca mudando completamente o sistema. Eu acho que isto é muito negativo”.

Para a professora os programas de educação deveriam passar por uma “reformulação muito grande”. “Deve haver a preocupação por uma melhoria dos programas de educação a nível do básico e secundário. Programas mais realistas, com mais objectivos e mais sérios. Se eu fosse Presidente da República apelava seriamente para aqueles que estão a trabalhar na área da educação que se ouvissem uns aos outros. Mas, que se ouvissem num discurso directo”. 

A entrevistada defende, também, que a formação de professores é crucial para o ensino e que deveria de existir uma insistência na língua portuguesa. “A língua portuguesa é fundamental para tudo e, por isso, deveria de haver uma preocupação por parte dos alunos e professores em todos os graus de ensino. O português é a nossa base de comunicação e nota-se que há cada vez mais pessoas com graves problemas ao nível do português”. 

No entender de Manuela Magno, as instituições de ensino superior público no país, não devem fechar. “Eu penso que em relação à oferta, e neste momento, não se deveria fechar nenhuma instituição. Elas são fundamentais para o desenvolvimento do país. Temos universidades em todo o país com formação avançada em todas as áreas do conhecimento. Temos áreas francamente boas em qualquer parte do país”. 

Contudo, acrescentou que “ponha as universidades a falarem umas com as outras”. Assim, entende que “era fundamental, as pessoas pensarem em termos nacionais e não locais. Por exemplo se uma universidade tem 38 licenciaturas e outra oferece 45. Se uma tem poucos alunos e outra imensos alunos, deveríamos procurar solucionar a questão. Ou seja, perguntar se realmente faz sentido haver todos estes cursos em todas estas universidades”. Sobre este aspecto, Manuela Magno frisou que é necessário existir “um grande esforço de racionalização”. “É preciso saber que cursos existem e em que localidades. Isto porque é muito complicado irmos só pelos números, ou seja, não basta dizer que determinada licenciatura vai fechar porque só tem sete candidatos. É preciso saber em que área, pois pode haver áreas que pela sua especificidade nunca na vida vão ter milhares de pessoas formadas nessa área”, concluiu.

Noémi Marujo

 

 

 

FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA

Primavera Musical

O Conservatório Regional de Castelo Branco acaba de divulgar o programa do Festival Internacional de Música Primavera Musical. A iniciativa referência no panorama artístico nacional volta a contar com a actuação de alguns dos melhores intérpretes mundiais, como é o caso da pianista Maria João Pires, que subirá ao placo de Belgais no dia 20 de Junho. Um espectáculo onde participarão também Natalia Gutman (violoncelo), Sviatoslav Moroz (violino).

O Primavera Musical terá início a 3 de Maio, com um espectáculo, na Igreja de Santa Maria do Castelo, em Castelo Branco, de Orlando Consort (Quarteto vocal), Rufus Müller (narração) e Coro Infantil de Belgais. Para 16 de Maio, no Cine Teatro Avenida está prevista a actuação de Burhan Oçal (percussão). O Primavera Musical prossegue sexta-feira (21 de Maio), na Escola Superior de Educação, Castelo Branco, com os Jovens Intérpretes: Matan Porrat (piano). No domingo seguinte, também na ESE, e seguindo a mesma lógica dos jovens intérpretes, sobe ao palco Lorenzo Aguilar (piano). 

Para o sábado dia 29, no Governo Civil de Castelo Branco, está prevista a actuação do Quarteto de Cordas de Oslo. Um dia depois, no Conservatório Regional de Castelo Branco, actuam Esther Georgie (clarinete), Alexei Eremine (piano), Guenrikh Elessine (violoncelo) e Misha Schmidt (violino).

Em Junho, a música proessegue. No dia 12, no Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco actuam Mônica Salmaso (voz) e Paulo Bellinati (guitarra). A maioria dos concertos tem início às 21H30, excepção feita ao do último dia, em Belgais.

ACTIVIDADES. Como já aconteceu no ano passado, o Primavera Musical integra outras actividades. Assim está prevista a realização de um Ciclo de Cinema nas terças-feiras de Maio no Cine-Teatro Avenida em Castelo Branco e Ciclo de Itinerância nas Freguesias do Concelho pelo Coro Misto do Conservatório Regional de Castelo Branco dirigido por José Carlos Oliveira.

Além daquelas actividades haverá ainda um ensaio aberto pelo Quarteto de Cordas de Oslo no Governo Civil de Castelo Branco e um Ciclo «Leituras e Música» na Alma Azul.

Noémi Marujo

 


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