Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº68    Outubro 2003

Opinião

CRÓNICA

Babel

Há quem defenda que a modernidade e o progresso se pagam com aumentos de desassossego e criminalidade. Há também quem garanta que a melhor via para o sucesso individual é a corrupção e a mentira. Assim não nos entendemos!

Quando os comandos de bombeiros são confrontados com actividades económicas próprias que colidem com a sua condição de soldados da paz; quando se lhes abre o livro da evidente falta de transparência na sua conduta, o que nos respondem?

Para além da clara e evidente panaceia corporativa, garantem aos pés juntos que são bons chefes de família, que trabalham voluntariamente há mais de 20 anos para o bem dos seus concidadãos, que são sérios e que ninguém tem uma unha para lhes apontar.

O Necas dizia-me há dias que não andava a entender muito bem tudo isto e hesitava mesmo entre o embuste montado à inteligência colectiva e desconfiar dos seus ouvidos.

- Então e eu não sou um tipo sério, gaita?! - Rematou ele indignado.

É que ninguém faz tal pergunta aos senhores, nem está em causa se carregam de borla os extintores para as respectivas corporações, os bombeiros são maus clientes ou, no que respeita aos agentes que combatem incêndios, são os que menos consomem os respectivos meios de combate. O que realmente está em causa é, para além de sérios como o Necas, o provem todos os dias e evitem o arrazoado que confunde e desvia a atenção do essencial: a vossa actividade é, no mínimo, promíscua. Ou prosseguem a nobre missão e fecham a porta da loja ou então dediquem-se ao comércio do que muito bem entenderem. Independentemente da interpretação do que a Lei prescreve. As duas coisas é que não!

Mas as suspeitas de uma qualquer otite do meu amigo não se ficaram por aqui. Ainda agora está ele aqui sentado ao meu lado a sussurrar-me o caso recente do Ministro Lynce e do Ministro Cruz. Estes Dupond e Dupont da novíssima política portuguesa quiseram contribuir também para o ruído nacional com a respectiva afirmação de inocência e de auto - proclamada seriedade.

- Eu não aceitei qualquer cunha. - Disse Lynce.

- Eu diria mesmo mais: não meti nenhuma cunha. - Reforçou Cruz.

Pois o Necas também não acredita em bruxas e pelos vistos o que não faltam são exemplos.

Depois de tudo, o que vamos nós dizer? É uma situação recorrente, faz parte dos dias que correm. O mundo é assim e assim continuará a ser. Não nos entendemos. Talvez o problema seja da língua, dalgum errozito de ortografia.

O que importa realmente é que somos todos uns gajos porreiros.

João de Sousa Teixeira

 


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