INTERCÂMBIO ESCOLAR
Checos na Beira

O Politécnico de Castelo Branco conta actualmente com 13 alunos estrangeiros no âmbito de programas de mobilidade de estudantes entre instituições europeias e mundiais, sendo que no segundo semestre chegarão, pelo menos mais 11. A garantia é da Conceição Dias, a técnica da instituição que trabalha nesta área.
Cinco dos alunos estão na Agrária, dois na Superior de Educação e quatro na Escola Superior de Gestão, em formação inicial, existindo ainda dois casos de alunos licenciados que estão a desenvolver investigação, ambos na Agrária, um dos quais é argentino. Todos frequentam neste momento um curso intensivo de português, com a duração de 60 horas, na ESE de Castelo Branco, o qual é coordenado por Gabriela Nunes, ministrado por Alexandra Belo e organizado pelo Departamento de Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras da escola.
Ensino Magazine esteve no início de uma das aulas de português, onde a opinião unânime é que “a língua portuguesa é difícil”. Três dos alunos, Petr Broz, Petr Ehl e Petra Cihlárová, vêm da República Checa, e escolheram Castelo Branco “porque o clima aqui aproxima-se mais da agricultura dos trópicos do que acontece no nosso país”.
Chegaram a 27 de Setembro e consideram que a cidade é pequena e calma, mas tem “a vantagem de se poder percorrer com facilidade e ver tudo”. A noite “é que começa muito cedo. Em Praga, a animação começa mais próximo da meia-noite, enquanto aqui já está muito bom às 23”.
A Escola Agrária agradou. “É uma escola simpática. Os professores ajudam-nos muito, pois sabem que só falamos checo e inglês. Os colegas também nos ajudam e encontram sempre a melhor solução para que tudo funcione”.
LATINAS. Diana Marchionni vem de Roma e escolheu Portugal porque quer aprender bem a língua, uma vez que estuda Língua e Literaturas Modernas - variante de Português/Inglês, na Universidade de Roma. Por cá, destaca “a organização da escola e a facilidade de contacto directo com os professores”. Pensa ainda que “provavelmente, as matérias aqui serão mais acessíveis, sendo que tem cadeiras como Linguística Portuguesa e Língua e Cultura Inglesa. Já a cidade, “é pequena, como acontece com algumas em Itália. Seguramente, gosto mais de Roma”.
Guadalupe Lebrio e Francisca Dias chegaram a 22 de Setembro e vão ficar um ano na Escola Superior de Gestão, em Idanha, uma instituição bem mais pequena que aquela que frequentam, mas “onde as disciplinas são muito parecidas, à semelhança da relação com os professores”. Já o facto da escola ter pouco mais de 600 alunos, “faz com estejamos sempre muito próximos, num ambiente acolhedor como o de
Idanha”.
Já visitaram Coimbra e Fátima. Conhecem Castelo Branco, onde vêm às compras, às aulas de português e às noites académicas de quinta-feira à noite. Algo bem mais fácil de fazer do que falar português. “O pior é a pronúncia. Escrito entendemo-lo perfeitamente. Se falarem devagar, também. Falar português é que é mais difícil. A pronúncia é também o problema dos checos: “Nós olhamos para a palavra escrita, mas não sabemos como a pronunciar”.
CURSO. Já Alexandra Belo, a docente da ESE que agora ministra também as aulas de português para estrangeiros, afirma que os jovens “estão a aprender as funções básicas de comunicação, como o cumprimentar, o solicitar indicações, comprar algo, convidar, entre outros aspectos de um programa definido à medida.
Mas se o programa é bom, algumas dificuldades surgem, como é o caso de “existirem níveis muito diferenciados ao nível da turma. As italianas aprenderam português, os espanhóis entendem bem, mas os checos nunca aprenderam nada de língua portuguesa”. Por isso, “o programa é fácil no início e torna-se complexo à medida da progressão dos alunos”.
Nas aulas, os alunos constroem diálogos e simulam situações do dia a dia, mas há também “uma vertente cultural importante na qual travam conhecimento com a realidade portuguesa. Já falámos do 25 de Abril e também das culturas dos países deles. Trouxeram postais e fotografias e falaram na língua materna”.

GUARDA
Estrangeiros no IPG
No corrente ano lectivo, o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai receber alunos provenientes de várias instituições espanholas e de uma italiana. Dado que o IPG tem vindo a privilegiar a internacionalização, este estabelecimento de ensino superior tem vindo a ser gradualmente mais procurada para realização de mobilidades, não só por parte de estudantes mas também de docentes, no âmbito do programa comunitário
ERASMUS.
Actualmente estão já no IPG Diego Porras, Ruben Domingo, da Universidade de Burgos (Espanha) e Maria Valentina González, da Universidade de Salamanca (Espanha). Ainda no primeiro semestre o IPG vai receber mais dois estudantes da Universidade de Léon, Carlos Acebo Ramón e José Luís
Lobera.
Para o segundo semestre a agenda do intercâmbio regista a participação da Universidade de Salerno, em Itália, com os alunos Arturo Santamaria e Paolo Russomando, que manifestaram a intenção de frequentar o curso de Engenharia Civil na Escola Superior de Tecnologia e Gestão.
De salientar que os alunos das Escolas Superiores que integram o Politécnico da Guarda, respondem positivamente à oportunidade que lhes é dada de realizarem um período de estudos, ainda que curto, numa instituição similar no estrangeiro.
De acordo com a o Gabinete de Informação e Relações Internacionais, parece atraílos a sua valorização académica e o enriquecimento, a nível pessoal, que advém de uma experiência deste tipo. O que mais lhes desagrada e até certo ponto esbate o seu entusiasmo é o magro valor da poucas bolsas atribuídas.
PROGRAMA LEONARDO DA
VINCI
De partida para
Itália

António Ricardo Pereira da Silva, de 24 anos, acaba de partir rumo a Itália para realizar um estágio profissional de um ano na IMF, uma multinacional italiana com sede em Luino, junto à fronteira com a Suíça. Licenciado em Engenharia Industrial pela Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco, aquele jovem, natural de Amarante e residente na Lixa, concretiza um desejo que nasceu há poucos meses, quando esteve em Itália, a terminar a licenciatura, no âmbito do Programa
Erasmus.
“Foi uma experiência muito boa. No início tive algumas dificuldades, sobretudo com aspectos burocráticos, a procura de casa e o elevado nível de vida. A língua foi outra das dificuldades, pois tive de fazer exames e orais em italiano, mas fui conhecendo outros portugueses em Erasmus e tudo se tornou mais fácil. Embora não goste muito de Turim, o
Politécnico é excelente, pois é dali que sai a maioria dos engenheiros para a Fiat e a Ferrari”.
Desde novo fascinado pela Itália, onde esteve em 2000, no Encontro Mundial da Juventude, teve oportunidade de conhecer cidades como Milão e Veneza, além da Riviera Italiana, diz ter feito “amigos para a vida”, entre italianos e portugueses. Uma oportunidade que volta agora a ter “numa cidade pequena, à imagem de Castelo Branco”.
Em termos comparativos, considera que em Portugal os professores são mais acessíveis, mas as matérias são semelhantes em ambas as escolas, sendo que “em Castelo Branco se estimula muito o espírito empreendedor”. É desse espírito que está imbuído, pelo que em termos futuros admite a hipótese de criar a própria empresa.
“O meu projecto passava por fazer o Erasmus e aprender bem o italiano, falado e escrito. Agora quero fazer o Da Vinci e, se possível, ficar seis ou sete anos em Itália. Depois, como se trata de uma multinacional, admito a hipótese de vir trabalhar para Portugal, neta ou noutra empresa italiana, ou até ficar na Itália a trabalhar numa empresa portuguesa. Outra possibilidade é a de abrir a minha própria empresa em Portugal”.
NA REPÚBLICA CHECA
Um agrário na Europa
Pedro João da Silva Melo, de 28 anos, natural de Ponta Delgada, Açores e aluno do Curso de Engenharia dos Recursos Naturais e Ambiente na Superior Agrária de Castelo Branco está na República Checa desde finais de Setembro, onde ficará até ao final do primeiro semestre, a estudar na Universidade Checa de Agronomia e Agricultura, perto de Praga.
Actualmente no 5º ano do Curso, escolheu aquele destino após falar com colegas que seguiram o mesmo rumo. “Pelo que me disseram alguns colegas da Agrária que lá estiveram, a experiência é gratificante e não há grandes problemas económicos, por se tratar de uma país com um nível de vida acessível”. É com mais esta experiência que depois quer encarar o estágio de final de curso, “talvez numa empresa de ambiente em Viseu, mas ainda nada é definitivo”.
De futuro gostaria de trabalhar na área da conservação da natureza, embora reconheça que é difícil, mas para já a preocupação reside em “terminar os estudos em grande”, um curso que foi a sua primeira opção e do qual tem gostado. “É muito positivo em termos do que se aprende e do próprio crescimento pessoal, sendo que umas disciplinas são bem mais essenciais que outras”. Gosta de Castelo Branco e um dia admite voltar aos Açores, não sem antes “ganhar experiência profissional durante algum tempo, seja em Portugal ou no estrangeiro”.
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