
Chaves para a
educação social
Com um prefácio de Hernández Días, a editorial Hespérides acaba de publicar uma interessantíssima obra (Claves de la Educación Social en Perspectiva Comparada) que se perspectiva nos estudos comparados sobre educação social.
O autor, Leoncio Veja Gil, é Professor Titular de Educação Comparada e de História da Educação na Universidade de Salamanca. É também Director do Departamento de Teoria e História da Educação, membro do Conselho de Investigação e Coordenador do Programa Erasmus na Faculdade de Educação da mesma Universidade.
Para lá do sumário retrato da figura académica, estamos perante um lúcido investigador na área da educação que em Espanha tem impulsionado a pesquisa em torno da Educação Popular, da Educação Permanente e da Educação Social, sempre com uma esforçada intenção de os enquadrar no contexto e particularidades dos diferentes sistemas educativos da Europa Comunitária.
E porque, digamos que infelizmente, entre nós tais estudos escasseiam, é sempre oportuno uma paragem atenta nas páginas das obras que desta problemática nos avizinham.
Assim, no trabalho de investigação que Veja Gil oferece ao leitor, poderemos encontrar três linhas estruturantes. A primeira que se esforça por clarificar o termo “educação social”, em diferentes contextos internacionais, com incidência nos elementos mais significativos da acção educativa internacional inserida nos modelos de globalização. A segunda, onde se relevam os contributos dos organismos internacionais no desenvolvimento da educação social na União Europeia. Finalmente, uma abordagem à forma com aquele tipo de educação acaba por reflectir o modo como cada país membro enquadra, nos seus sistemas, educativos os colectivos sociais que revelam maiores dificuldades de integração.
Por isso não seja de estranhar que obra aborde em detalhe as políticas europeias sobre a juventude, e se explanem as convenções internacionais sobre a regulação dos direitos sociais, políticos, educativos e sanitários dos jovens. Assim como se apresentam e analisam as políticas sectoriais para a infância e para a juventude, em torno de pertinentes coordenadas temáticas:
A integração dos jovens na vida activa; a exploração do trabalho infantil; a integração de minorias, como, por exemplo, os ciganos; a violência dirigida contra crianças e jovens; e a (des)protecção dos menores nas prisões, nos hospitais e em outros espaços de acolhimento.
A construção teórica da educação social, num mundo e nas sociedades do conhecimento e da partilha globalizante, transforma-se num dos objectivos e desafios mais aliciantes a lançar a todos os que se movimentam nos trilhos que conduzem à expansão do conhecimento das chamadas Ciências da Educação.
A luta pela democratização através da educação não está concluída. Implica, pois, um esforço adicional no desenvolvimento da educação de adultos, nomeadamente no combate ao neoanalfabetismo. na educação contra as exclusões, no ensino aberto e à distância.
A construção de sistemas educativos mais sociais flexíveis e dinâmicos continua a ser um paradigma em torno do qual se juntam vontades, generosamente alicerçadas nos resultados de pesquisas como esta que nos é oferecida por Leoncio Vega Gil. Num entendimento do processo educativo enquanto instrumento de formação e de luta a favor da integração e contra a vulnerabilidade e a exclusão.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt
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