DIA DA UNIVERSIDADE DE
ÉVORA
A qualidade do ensino
No ensino público, “o Estado deve garantir o financiamento suficiente para a realização de um ensino de qualidade”, disse Manuel Ferreira Patrício, Reitor da Universidade de Évora, no Dia da Universidade, que se realizou a 1 de Novembro.
Durante a sua intervenção, o Reitor da Universidade de Évora fez questão de salientar que o Estado deve “definir os seus limites”, caso não tenha “capacidade financeira para garantir um universo de 300 000 alunos”. Neste âmbito, frisou que se o Estado “necessita de uma contribuição das famílias, diga-o e explique-o sem tergiversar, fixe-o por lei e não atire para dentro das instituições a tocha incendiária que vai agravar todos os problemas com que elas já se debatem, à míngua de coragem política para enfrentar o touro de caras, com rigorosa lealdade”.
De acordo com as palavras do reitor, a estratégia política que presidiu à expansão do ensino superior, principalmente desde meados dos anos 80, foi “polarizada pelo mito da quantidade sem a devida e indispensável articulação com a exigência efectiva da qualidade”.
Assim, referiu que “o acesso ao ensino superior, que era imperativo da sociedade democrática promover, não foi aberto mas escancarado, sem o cuidado de garantir o ingresso aos candidatos correcta e suficientemente preparados”. Deste modo, salientou que, “a qualidade dos estudantes não é menos importante que a qualidade dos professores e dos restantes recursos estruturais da Universidade”.
Para o responsável daquela instituição, o ensino deve ser de “alta qualidade, assente na investigação, a nível graduado e pós-graduado”. Pois, considera que a avaliação das universidades vai exigir cada vez mais a “indissociabilidade do ensino e da investigação”. “A sociedade do conhecimento será uma mera expressão retórica se a universidade não for não apenas casa de pensamento e conhecimento, mas lídima casa de criação de pensamento e conhecimento”, realçou o reitor.
Dirigindo o seu discurso para as questões da Universidade de Évora, Manuel Ferreira Patrício falou das dificuldades que tem enfrentado ao longo do seu mandato. “Tem sido ingente o esforço realizado para recuperar financeiramente a universidade da grave situação em que a encontrei à data da tomada de posse, em 4 de Março de 2002”.
Conforme disse, o resultado atingido no final do ano de 2002 foi “muito positivo”, uma vez que se traduziu numa redução do défice financeiro na ordem dos 70%. “Parecia que a recuperação seria integral no 1º semestre de 2003. Contudo, sobreveio a calamidade do orçamento de 2003, que com a cativação determinada pelo Ministério das Finanças quintuplicou o volume de despesas transitadas para 2003, colocando o défice (o financeiro mais o orçamental) 50% acima do que herdei ao tomar posse”.
Assim sendo, frisou que o ano de 2003 tem sido “um ano de trabalhos de Hércules, extremamente difícil para quem tem a responsabilidade de gerir e igualmente para toda a instituição”. Apesar de tudo, afirmou que o défice acumulado de 2002 e 2003 “estará reduzido a 1/9 no final deste ano, na hipótese menos optimista”.
No que concerne ao orçamento para 2004, o Reitor da U.E. salientou que haverá uma redução nominal de 1,24% relativamente ao ano de 2003. Acrescentou, ainda, que a essa redução se junta a taxa de inflação, o que coloca a quebra em cerca de 4%. “A prossecução do equilíbrio orçamental e financeiro e a modernização administrativa (incluindo a racionalização de circuitos e de processos), constituirão o principal desafio do eixo administrativo-financeiro da equipa dirigente para 2004”, realçou.
Ao reflectir sobre a área da investigação, o Reitor da Universidade de Évora disse que deve existir uma “promoção da identidade desta universidade como instituição de investigação e ensino moderna, à altura dos tempos, vibrante, dinâmica e de excelência científica”. Por isso, afirma que a universidade “tem de ser casa de ciência e de criação de ciência”.
Considera que, na área da investigação, o sucesso do empreendimento da universidade depende “da excelência dos seus investigadores, correctamente integrados em unidades organizadas de investigação, sejam os Departamentos, sejam os Centros de Investigação”.
Para concluir este capítulo sublinhou que “é desafio forte e difícil, que aceito, o da definição de uma política científica coerente e sistémica pela e para a Universidade de Évora”.
Lançando um último olhar sobre as questões da acção social da Universidade de Évora, Manuel Ferreira Patrício referiu que os Serviços de Acção Social têm sofrido “os efeitos da escassez dos meios financeiros colocados à sua disposição nos últimos anos”. Contudo, afirmou que “nenhum aluno será excluído da frequência da instituição por razões de natureza económica. Este princípio tem sido cumprido na prática”.
Ao finalizar o seu discurso disse que “ninguém nos fará desistir do sonho, do grande sonho, que é a Universidade de Évora como Universidade de excelência. Com os pés enraizados no solo da realidade e a fronte a tocar as estrelas do ideal”.
Noémi Marujo
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Mestrado avança
O Departamento de Economia da Universidade de Évora vai lançar, em Fevereiro de 2004, um Mestrado em “Relações Internacionais e Estudos Europeus”.
Segundo José Manuel Caetano, Director do Curso de Mestrado, os processos de internacionalização, transnacionalização e mundialização económica, social, política e cultural, que caracterizam a sociedade actual “determinam novos graus de exigência em termos da necessidade de aquisição de novos saberes e da compreensão de novas práticas no domínio das relações internacionais”.
Para além disso, a complexidade que caracteriza o processo de integração europeia, no quadro da União Europeia, justifica, segundo aquele responsável, a “necessidade e a relevância de assegurar formação neste domínio ao nível de mestrado”.
José Manuel Caetano, em declarações ao Ensino Magazine, disse que o referido Curso de Mestrado tem um “indubitável interesse social”. Pois, considera que “se debruça sobre as grandes questões que determinam hoje em dia o nosso quotidiano e o nosso devir histórico”.
Acrescentou, ainda, que “os domínios relacionados com as relações internacionais e a construção europeia serão, nos próximos tempos, áreas prioritárias de formação e de crescente procura no mercado de trabalho”.
De acordo com as palavras do nosso interlocutor, o referido curso procura “não só fornecer conhecimentos que possibilitem assegurar o desempenho de funções tradicionais no domínio das relações internacionais (tais como a diplomacia e o desempenho de cargos internacionais e no âmbito da União Europeia), mas também garantir uma sólida preparação técnica para desempenhar um novo tipo de funções internacionais exigidas pelo processo de internacionalização da actividade empresarial e pelas novas funções internacionais do Estado, em especial nos domínios da representação e da promoção”.
As candidaturas ao referido curso iniciam-se a 2 de Dezembro de 2003 e terminam a 24 de Janeiro de 2004.
Noémi Marujo
ENTO DE ECONOMIA
Mestrado avança
A Universidade de Évora (U.E.) atribuiu, no passado dia 1 de Novembro, o grau de “Doutor Honoris Causa” ao Professor Adrian Bejan, da Universidade de Duke (North Carolina U.S.A.). Adrian Bejan é autor de 14 livros sobre tópicos de engenharia, energia e ambiente, e titular de 12 doutoramentos “Honoris Causa” atribuídos por prestigiadas universidades fora dos Estados Unidos da América.
Adrian Bejan foi distinguido pela instituição devido ao “alcance e importância da sua contribuição para o progresso do conhecimento na área da engenharia da transferência de calor e massa, nomeadamente pelo desenvolvimento da Teoria Constructal que constitui um novo paradigma para a compreensão da geração da forma e da estrutura em sistemas artificiais e na natureza”.
Refira-se que a Teoria Constructal é um novo paradigma científico que começa, agora, a fazer o seu caminho nos mais diversos campos de actividade. Para além da engenharia, esta teoria começa a revelar o seu potencial na Biologia (allometric laws ou leis de constituição dos seres vivos, estrutura de órgãos e tecidos, etc), nas Ciências da Terra (circulações atmosféricas e oceânicas, bacias hidrográficas, estrutura de canais, etc) e na Medicina (sistemas respiratório e circulatório, ritmos corporais,
etc).
Para além da colaboração em trabalho científico que mantém com alguns docentes da U.E., o Prof. Adrian Bejan foi coordenador científico da “School on Porous and Complex Flow Structures in Modern Technologies”, que se realizou nesta instituição em Junho de 2002.
No mês de Maio de 2004, o Prof. Brian Bejan voltará à Universidade de Évora como presidente da 2nd International Conference on Applications of Porous Media.
No prefácio de um novo livro científico “Porous and Complex Flow Structures in Modern Technologies”, cujo lançamento está previsto para 2004, Adrian Bejan refere que uma parte do seu conteúdo resultou de “…summer courses taught at the Ovidius University and the University of Évora, Portugal”. Um pormenor que vem demonstrar que a instituição funciona como centro de estudo a nível nacional e internacional.
NM
|