Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº61    Março 2003

Politécnico

CASTELO BRANCO

Esart na rota do futuro

  

Apesar de ser uma das mais jovens do Instituto Politécnico de Castelo Branco, a Escola Superior de Artes Aplicadas é já uma referência a nível nacional, apresentando um Conselho Científico composto por alguns dos mais importantes nomes do mundo da cultura e do ensino em Portugal, casos de Eduardo Marçal Grilo, Rui Vieira Nery, ou Carlos Correia, entre outros. A funcionar no Cine-Teatro Avenida e em instalações da Escola Superior Agrária, a Esart parece ter tido o aval por parte do Ministro da Ciência e do Ensino Superior para que as suas instalações definitivas se construam (ver página 3). Enquanto isso não sucede, está prevista a construção de um espaço, na Escola Superior de Educação para que os alunos de instrumento possam estudar.

A presença da Esart na Região também não passa despercebida, quer ao nível das artes da imagem, quer da música, onde já existe uma Orquestra (que recentemente participou no maior festival de música sul americano, no Brasil) e vários grupos de música, resultantes do plano curricular. “A Orquestra tem feito em média seis ou sete concertos, por ano. No ano passado encerrámos o Festival Internacional da Póvoa do Varzim e este ano tivemos no Brasil no Festival Internacional de Curitiba. Ou seja tem sido feito um trabalho muito bom, que resulta de vários factores, como o contributo do maestro Osvaldo ferreira, dos docentes da Escola e claro está dos alunos. Sem esta dinâmica nada seria possível”, explica Fernando Raposo, director da Esart.

Para Valter Lemos, presidente do Politécnico de Castelo Branco, quarto anos depois da sua fundação, a escola “tem correspondido às expectativas iniciais. Se mais não fosse, tudo aquilo que é a escola de artes e a sua criação justificam os meus mandatos enquanto presidente do IPCB. Isto porque para quem sonhou este projecto sozinho, pois durante muito tempo não tive ninguém que me acompanhasse, e ver hoje aquilo que a escola é e a influência decisiva na dinâmica cultural da região que a Esart está a ter, é muito positivo. Era este o objectivo principal da escola, pois além de formar jovens fomenta também uma grande dinâmica cultural em toda a sua área envolvente”. Valter Lemos adianta ainda que a Esart é uma “peça absolutamente indispensável para a construção de uma grande cidade”.

AFIRMAÇÃO. Uma posição muito semelhante sobre o sucesso da Escola tem o seu director, Fernando Raposo, para quem “a Esart se tem afirmado na região e no país, até porque temos cursos que nos dão essa visibilidade, como acontece com o de música. Além disso, a relação com a comunidade tem sido excelente, pelo que a escola teve um grande reflexo junto da opinião pública”. No entender de Fernando Raposo, o projecto educativo daquele estabelecimento de ensino tem “correspondido às expectativas que nós criámos e à necessidade da própria existência de uma escola superior de artes, com estas características, no interior do país”.

Hoje a Esart apresenta a sua matriz formativa assente em duas áreas, a música e as artes de espectáculos/ Comunicação e artes visuais. “Deste modo conciliamos aquelas áreas numa lógica de potenciar recursos ao serviço da região. Em todas elas nós temos tido um papel relevante em termos de prestação de serviços à comunidade, quer através da realização de concertos produzidos pelos nossos grupos de câmara e orquestra. Além disso, temos produzido filmes e suportes de páginas multimédia para instituições públicas e privadas”. 

Fernando Raposo esclarece, contudo, que “além da formação e da prestação de serviços à comunidade, criámos um Centro de Investigação Multimédia e Audiovisuais com vista à investigação aplicada, que também caracteriza o projecto educativo. Trata-se de um organismo que já trabalhou com o Centro de Investigação e Tecnologia Interactivas da Universidade Nova, no Projecto Gil Vicente on-line, onde além do suporte multimédia realizámos alguns espectáculos de teatro e palestras sobre Gil Vicente”.

No domínio da investigação o director da Esart refere que em perspectiva está a criação de um outro centro de investigação na “área da música e das artes do espectáculo. Ainda não chegou o momento oportuno, mas assim que tivermos um corpo docente disponível iremos fazer uma grande aposta nessa vertente”
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Cursos de quatro anos

Com uma formação inicial dividida pelo cursos superiores de Artes da Imagem (desdobrado em dois ramos de licenciatura), Design Moda e Têxtil, Instrumentistas (com várias opções em instrumentos de orquestra, piano e acordeão - único no país), e Formação Musical, a Esart tem preenchido todas as vagas disponíveis. “Ao nível da música já no próximo ano vamos arrancar com o curso superior de guitarra, que apenas aguarda aprovação”, esclarece Fernando Raposo.

No entender daquele responsável é importante que a Esart se prepare para o futuro, no que respeita a ofertas formativas. “No caso da música vamos estabilizar a nossa oferta, já que só aumentaremos a nossa oferta com as novas instalações. Relativamente à comunicação e artes visuais, propusemos a aprovação de uma licenciatura de design interiores”.

Outra das novidades adiantadas pelo director da Escola, está relacionada com duração dos cursos. “Todos os cursos, excepção feita ao curso de música, tinham a duração de cinco anos, mas de acordo com as orientações da Declaração de Bolonha propusemos a o plano de estudos reformulados que reduzem para quatro anos a licenciatura (três de bacharelato e mais um de licenciatura)”, diz. Fernando Raposo lembra que os planos de estudo dos cursos tiveram em conta as necessidades do mercado de trabalho. Essa é uma atenção cuidada que temos, de modo a que a cada momento, esses planos sejam repensados e reformulados tendo em conta as necessidades do mercado de trabalho”.

A concluir, Fernando Raposo, salienta a preocupação que a Escola tem tido no recrutamento de docentes. “Temos feito uma aposta na qualidade de ensino, como se comprova com o corpo docente, onde existe um grande rigor na sua escolha, que tem sido feita numa parte substancial do tecido produtivo, como instrumentistas profissionais, arquitectos profissionais, engenheiros têxteis, entre outros, de forma que a tragam até à escola aquilo que é a realidade do mercado de trabalho. Além disso, temos também incrementado a formação dos próprios docentes, muitos dos quais já possuem o mestrado e muitos já estão a preparar a sua tese”.

 

 

 

EST DE CASTELO BRANCO

Engenheiros com projectos

Entrar num bar pode ser apenas uma actividade do dia a dia do estudante, mas pode ser bem mais do que isso quando se estuda engenharia e se pensa como quantificar entradas e saídas de um bar sem que tal implique qualquer incómodo para o cliente. Foi isso que fizeram dois alunos da Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco, os quais apresentaram o projecto no final de Fevereiro.

Mas projectos é algo que não falta na Superior de Tecnologia, todos eles desenvolvidos por alunos do 4º Ano, no âmbito da cadeira de Microprocessadores e Microcontroladores. Também coordenados por João Gonçalves, aqueles projectos foram idealizados pelos alunos, mas têm uma aplicação prática, pois estão ligados a empresas da região, as quais podem agora utilizar o Know how desenvolvido pelos futuros engenheiros.

Monitorização do fluxo de pessoas é o nome do projecto levado a cabo por Nuno Ribeiro e Vitor Rodrigues, os quais desenvolveram uma aplicação informática ligada a um micro-controlador com link óptico que permite contabilizar a entrada e saída de pessoas de um determinado local. Desenvolvida em conjunto com o Bar Café com Leite, de Castelo Branco, a novidade consiste em colocar o link óptico na entrada do bar, o qual vai contabilizando as pessoas que entram e saem. Um sistema que, em termos simplistas, funciona como o feixe da entrada de um elevador, cuja porta não fecha quando o feixe é cortado.

Os dados são depois centralizados pelo programa de computador, o qual vai permitir saber quantas pessoas estão no bar num dado momento, a que horas há mais pessoas, a que horas entram ou saem mais pessoas. Em representação gráfica é possível saber quais os dias em que mais clientes ali se descolam, o que trará vantagens na gestão, por exemplo, dos empregados necessários em determinados períodos do dia e em determinados dias.

“O sistema usa sensores perfeitamente normais e tem a vantagem de não exigir qualquer participação das pessoas, as quais nem se apercebem. Além disso, a aplicação informática corre em qualquer computador pessoal e não necessita de software adjacente”, explicam os responsáveis pelo projecto, os quais decidiram avançar nesta área porque “até agora não é utilizado em qualquer bar, pelo menos que tenhamos conhecimento, mas tem grandes vantagens em termos de gestão”.

INTELIGÊNCIAS. Já um outro grupo constituído por Dina Mendes e Nuno Rodrigues optou por desenvolver uma aplicação informática sob o título Controle de Linha de Montagem. O exemplo concreto consiste em um braço de uma máquina, com um electro-iman na extremidade, ir buscar uma peça a um local e, durante o transporte para outro local, fazer passar essa peça por uma base plana que contém cola, sendo que, quando chega ao destino, essa peça deverá ter uma certa espessura de cola em toda a volta, o que permite a sua afixação numa placa final.

Mecanicamente, este processo não é novo. A novidade está precisamente na aplicação informática, a qual permite controlar a velocidade de execução da máquina (pode ser mais rápida ou mais lenta), e a quantidade de cola que fica em torno da peça transportada, evitando o arrastamento dessa mesma cola, o que traria efeitos negativos na produção.

Mas a aplicação vai mais longe, pois permite saber o estado de funcionamento da máquina, em que estado estão as diferentes peças, se estão a funcionar como se pretende, ou não. Deste modo, a qualidade da produção pode ser controlada a todo o momento, além de ser controlado o funcionamento da máquina responsável pela produção.

A aplicação informática corre em qualquer computador pessoal e não necessita de software, estando neste momento o protótipo pronto para ser aplicado e poderá vir a sê-lo numa empresa do Fundão que produz casquilhos para discos de computador. Todo este trabalho foi desenvolvido em conjunto com a Utiltrónica, Comércio e Componentes Electrónicos Industriais, com sede no Fundão.

O terceiro projecto apresentado na quinta-feira foi desenvolvido por Artur Pereira e Henrique Pinheiro, com o título Mostrador Electrónico. Também ele consistiu na criação de um interface entre software e hardware que permite enviar informação para mostradores digitais (displays) a partir do computador.

No caso concreto, a mensagem em causa é escrita no computador e enviada para um mostrador electrónico, podendo aí ser exibida a passar ou a piscar. O tipo de mensagem estará condicionado ao display final, mas, entre outras aplicações, será possível fazer passar as mensagens em mostradores de auto-estrada, a avisar como está o trânsito, mas também noutros locais, como seria o caso dos mostradores electrónicos que existem em vários locais das cidades, nos quais é transmitida informação aos munícipes.

VISITA. Mas na área dos computadores e das mensagens de nova geração, também se desenvolve trabalho na Engenharia Informática, no qual um grupo de alunos está a desenvolver um projecto de transmissão de imagem real on-line. Assim, na sala central existe uma câmara a filmar em permanência, estando essas imagens disponíveis num site. Visitámos a sala e a verdade é que o sistema funciona, pois, logo alguém telefonou a um dos responsáveis pelo projecto a perguntar a razão de estarem tantas pessoas na sala.

A visita do Ensino Magazine foi guiada pelo presidente do Departamento de Engenharias, Paulo Marques, para quem este projecto se reveste de importância porque vai no sentido do e-learning, ou seja, a formação à distância apoiada em novas tecnologias, a qual permitirá, por exemplo, que um professor coloque on-line um vídeo onde esclarece algumas dúvidas, o qual pode ser consultado pelos alunos em qualquer parte do mundo.

Outro dos campos será a possibilidade de ir além do simples receber de imagens e ter um sistema em casa que permita ver o que se passa, mas, através de SMS, poder dar ordens ao computador central da casa para, por exemplo, fechar uma porta ou ligar o alarme da casa de Castelo Branco, quando se está de férias no Algarve. E se é verdade que, em termos de tecnologia, não existe uma novidade profunda, o mais importante é que os futuros engenheiros dominem estas novas tecnologias para, quem sabe, inovarem a partir daí.

E se de mensagens se fala, os alunos da Escola estão a desenvolver tecnologia para os Bombeiros Voluntários de Castelo Branco, os quais vão ter ao seu dispor uma nova forma de avisar os seus operacionais das emergências que possam surgir a qualquer momento. Para isso, podem recorrer a um programa informático que permite enviar mensagens SMS para vários telemóveis ao mesmo tempo, substituindo assim o actual sistema, que funciona com pagers, os quais não permitem a confirmação do recebimento da mensagem.

A ideia partiu de dois alunos da Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco, Pedro Pereira e Rui Panão, os quais desenvolvem o referido programa no âmbito da cadeira de Projecto, uma cadeira do 3º Ano do Curso de Engenharia Electrotécnica e das Telecomunicações. O projecto, que deverá estar concluído antes do início do próximo ano lectivo, está a ser coordenado pelo docente João Gonçalves, para quem a nova forma de aviso traz várias vantagens entre elas “a de não ser necessário recorrer à tradicional sirene, o que pode trazer problemas à luz da Lei do Ruído em vigor”.

 

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