Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº61    Março 2003

Editorial


Em busca da qualidade total

Por toda a Europa se manifestam evoluções significativas quanto ao conteúdo a dar ao termo “qualidade em educação”. Todos os sistemas educativos tentam desenvolver procedimentos de qualidade, promover a qualidade de formação do seu corpo docente, fazer com que a educação e a formação sejam contínuas, isto é, ao longo da vida, bem com requalificar os gastos públicos com a educação, através de uma relação mais positiva entre custos e eficácia.

O Livro Branco sobre a Educação e a Formação, publicado pela Comissão das Comunidades Europeias, veio, uma vez mais, colocar no centro do debate educativo, todas estas matérias que emergem com a necessidade de promover, definir, avaliar e manter a qualidade dos sistemas educativos.

A procura dessa qualidade tem sido vista, nos primeiros anos da educação básica, com a tentativa de imprimir um novo ênfase à aquisição e controlo de competências básicas, em particular referentes a três disciplinas fundamentais: a leitura, a escrita e o cálculo. Por outro lado tenta-se, nesse nível, generalizar a aprendizagem de uma língua estrangeira e incentivar a iniciação às tecnologias da informação.

Neste espírito, dentro e fora do sistema educativo institucional, professores e formadores desenvolvem experiências muito inovadoras e que pode resultar em saltos qualitativos significativos na educação formal.

Também para os adultos se desenvolvem acções inovadoras como as realizadas pelas Universidades Populares ou da Terceira Idade, ou mesmo a “Outdoor Education”, desenvolvida entre os Britânicos na segunda metade dos anos noventa do passado século. No essencial todas estas inovações propõem exercícios, ou práticas, que transformam os procedimentos e conteúdos da formação contínua tradicional, buscando muito mais a adaptação e reformulação de comportamentos num mundo em mudança exponencial, mais do que a aquisição de conhecimentos abstractos e desligados do quotidiano em que têm que aprender a viver essas crianças e esses adultos.

Todas estas experiências põem em evidência que, no seio dos velhos sistemas educativos europeus, ainda existe uma capacidade criativa real entre os professores e os educadores, os quais só esperam condições de tranquilidade profissional para os generalizar às suas práticas educativas.

Há entre professores e educadores mais forças de mudança do que de imobilismo e de estagnação. As primeiras são incomensuravelmente mais fortes, e delas depende o futuro educativo dos nossos jovens.

Mas não é criando artificiais quadros de crise e afrontando o profissionalismo docente que a suposta qualidade total chegará nossas escolas.

Que bem saibamos, não nos ocorre que se possam traçar cenários de futuro com o desencanto dos principais protagonistas da viagem.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt

 


Visualização 800x600 - Internet Explorer 5.0 ou superior

©2002 RVJ Editores, Lda.  -  webmaster@rvj.pt