Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº63    Maio 2003

Entrevista

QUINTA DO BILL LANÇA NOVO DISCO

As palavras de Moisés

O Grupo português Quinta do Bill encerrou da melhor maneira a Semana Académica de Castelo Branco e está a preparar o lançamento de um novo disco, o que deverá acontecer no início de 2004. A confirmação foi dada ao Ensino Magazine pelo vocalista da banda, Moisés. “Estamos a preparar um novo disco e já temos uma série de canções preparadas. Acabaremos primeiro a tournée e em Setembro ou Outubro entraremos em estúdio”.

O novo trabalho não marcará um corte com o rumo do grupo até agora, pois “as pessoas irão reconhecer facilmente algumas canções como sendo nossas, dada a sonoridade”, mas “algumas canções terão uma abordagem diferente”. É que algumas das canções serão partilhadas com amigos do grupo, “uns mais conhecidos e outros menos”, embora Moisés não queira adiantar nomes. “Estamos a convidar uma série de amigos para escrever letras e outros para cantar. Mas está tudo na fase de preparação”.

Depois de serem uma banda de referência em termos nacionais, o grupo pensa também no estrangeiro, mas essa é uma tarefa mais complicada. “Temos feito um conjunto de tentativas, mas não é fácil, como acontece com outros artistas portugueses. Era bom que os nossos artistas saíssem mais, como os Madredeus, a Dulce Pontes, Ala dos Namorados ou os Moonspell, mas para isso é necessário um conjunto de factores, como as editoras colocarem os nossos discos lá fora”.

A internacionalização não acontece também porque o mercado português “é micro, não há estruturas e funciona ainda com alguma carolice e iniciativa pessoal das pessoas”. No caso dos Quinta do Bill, há a possibilidade de serem distribuídos por editoras independentes, “nomeadamente em Espanha, onde há muito mercado para o nosso tipo de música”.

O Brasil é outra das hipóteses, mas os meios necessários serão outros. “Para marcar presença é necessária a televisão, a qual tem um poder muito grande no Brasil. Mas não basta ir a um programa ou dois. Os Delfins foram, fizeram programas, mas não fizeram tantos como era necessário”. Entende que a avançar, será necessário algo concertado, mas diz que não desiste.

“Se no Brasil se fala a nossa língua e nós consumimos o que de bom lá se faz, também era bonito que conhecessem mais o que se faz por cá, que gostassem dos nossos músicos e perdessem o conceito que por cá só existe o fado e Fátima”. Além da televisão vem depois o principal problema: o dinheiro. “Para apostar no escuro numa campanha é necessário ter arcaboiço monetário e cá em Portugal faz-se muito no desenrasca”.

PROMOÇÃO. Dentro do mercado nacional, o qual é muito flutuante, as vendas têm crescido. “Tanto está no top português a Maria João Pires, como temos o Zé Cabra. Digamos, há um público específico, mas o geral muda depressa. No fundo, o mercado é pequeno e temos de saber conviver com essa realidade. Nós fomos construindo aos poucos. Já temos uma carreira e espero que continuem a existir convites para tocar, ao mesmo tempo que pressionamos as editoras para investirem na promoção”.

A importância da promoção é tal, que Moisés não perdoa alguns profissionais de meios de comunicação. “Há alguns cancros na música portuguesa, que têm muito a ver com pessoas que trabalham nos media e que estiveram sempre de costas voltadas para o que se faz cá. Ora, o que se faz cá não são cópias do que se faz lá fora, mas essas pessoas acreditam que sim e depois acabam por influenciar todos. Há poucos programas de televisão onde os portugueses podem ir tocar. E cada vez há menos. Há rádios que apostam em música portuguesa, mas só naquela que eles gostam. Há rádios que, pura e simplesmente, não nos passam cartucho”.

Já o comum do cidadão, pelo que lhes é permitido ver nos concertos, gosta de música portuguesa e será esse comum do cidadão que irá ajudar mentalidades. “Não digo que chegaremos ao nível dos espanhóis, muito proteccionistas, que consomem música espanhola e a divulgam por todos os meios. Mas havemos de lá chegar, a um nível melhor”. Um dos caminhos a seguir, diz, será o de mostrar o que se faz e dar a possibilidade dos ouvintes julgarem. “O grande juiz no fundo é o público”.

PIRATARIA. E se de ouvintes se fala, o certo é que cada vez há mais que gravam CD a partir de CD´s originais. Moisés compreende que o façam. “A indústria discográfica sofreu um grande rombo com o aparecimento do CD gravável. Mas isso tem a ver com o preço dos CD´s, que devia baixar. O IVA, por exemplo, devia ser igual ao dos livros, porque um CD também é cultura. Se os discos fossem mais acessíveis, as pessoas prefeririam ter um original”.

Na Internet, os Quinta do Bill têm o seu site e, em relação ao novo disco, “vamos deixar algumas coisas, mas não ficará tudo. A ideia é deixar informação acerca das músicas e depois, quem quiser, que compre o disco. Lá fora é diferente. Por cá, se os discos se vendem pouco, se não se rentabilizam, as coisas ficam complicadas. Talvez entre, quando muito uma música ou duas, mas o disco todo, não. Nem lá perto!”.

 

 

 

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