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Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº59    Janeiro 2003

Cultura

GENTE & LIVROS

Walter Scott

«A liberalidade dos espectadores foi reconhecida pelos pregões habituais de Amor às Damas! Morte de campeões! Honra aos generosos! Glória aos bravos! Os espectadores mais humildes contribuíam com as aclamações e um grupo numeroso de trombeteiros com o tinir dos seus instrumentos marciais (...).

Por fim, as cancelas abriram-se e cinco cavaleiros, tirados à sorte, avançaram lentamente; um campeão solitário à frente e os outros quatro, seguindo pares. Todos estavam esplendidamente armados e a minha fonte saxónica (do Manuscrito de Wardour) regista pormenorizadamente as suas insígnias, as suas cores e os bordados dos arneses dos cavalos.

É desnecessário exagerar a descrição destes pormenores. Citando um poeta contemporâneo que infelizmente pouco escreveu:

Os cavaleiros são pó,

As espadas ferrugem,

As suas almas, esperamos, com os santos repousam».

In Ivanhoe

 

 

Walter Scott (1771-1832) nasceu em Edimburgo, Escócia onde estudou direito. Exerce advocacia mas abandona essa profissão para se ocupar de funções oficiais. Inicia a sua carreira literária traduzindo obras do romantismo alemão e organiza uma antologia poética The Minstresly of the Scottish Border (1802-3), baseada em baladas populares e tradições escocesas. Como escritor e editor atravessa uma situação financeira difícil sendo obrigado a aceitar trabalhos que só o sobrecarregam mas vê o seu esforço recompensado quando em 1820 recebe o título de baronete que lhe permite ser tratado por Sir. Sir Walter Scott é um dos mais notáveis poetas e romancistas da língua inglesa.

Da sua bibliografia constam: Lay of the Last Minstrel (1805), Marmion (1808), The Lady of the Lake (1810), Rokeby e The Brital of Tiermain (1813), Waverley (1814), Guy Mannering (1815), O Antiquário (1815), Rob Roy (1817), The Bride of Lammermoor (1819), A Lenda de Monstrose (1819), Ivanhoe (1820), The Monastery e The Abbott (1820), The Pirate (1822), Quentin Durward (1823), The Bertrothed (1825), O Talismã (1825) e Woodstock (1826). 


IVANHOE. Cédric, pai de Ivanhoe, apoia o regresso dos saxões ao trono inglês e destina a bela Rowena para mulher de um príncipe saxão. Quando sabe do amor do seu filho por Rowena, tenta afasta-los enviando Ivanhoe para uma cruzada organizada por Ricardo Coração de Leão. Quando regressa Ivanhoe encontra a aventura de sua vida. Auxilia o seu pai a recuperar o trono, participa em combates, assaltos a castelos, torneios, lances que determinam o seu valor como homem e que o conduzirão ao seu amor, Rowena.

Eugénia Sousa
Florinda Baptista

 

 

 

Novidades

O DOCENTE. A Associação Nacional de Professores acaba de relançar o seu jornal. O Docente como está baptizado aparece agora aos mais de 10 mil associados daquela organização com um novo formato e um novo aspecto gráfico. A edição e o design da publicação estiveram a cargo da RVJ – Editores, empresa que é responsável pela publicação do Ensino Magazine.

 

PAMIN. Chama-se Pamin e é o novo roteiro sobre os incentivos às colectividades do Concelho de Idanha-a-Nova. O livro surge em formato A5 e está encadernado de uma forma inovadora. A edição é da empresa RVJ – Editores.

 

EUROPA-AMÉRICA. História do Iraque - Ou do Nascimento e Estado de uma Nação de Charles Tripp. «Um livro que cobre os acontecimentos desde 1908 e debruça-se sobre os desenvolvimentos da actualidade até meados de 2002. Desde a sua fundação, pelos Britânicos, nos anos 20, o Iraque tem testemunhado a ascensão e queda de sucessivos regimes, culminando na ditadura de Saddam Hussein.». O autor integra o Departamento de Estudos Políticos da Universidade de Londres e conta-nos a história do Iraque desde a sua fundação como Estado até à actualidade.

 

MINERVA. A Criança Sobredotada na Família e na Escola de Ana Karina Costa Santos. «Esta obra resultou de um trabalho de investigação - Dissertação de Mestrado em Relações Interculturais, realizado com o objectivo de compreender e dar a conhecer problemas que pais e educadores/professores de crianças sobredotadas enfrentam e tentam ultrapassar, visando perspectivar fundamentalmente as problemáticas apresentadas em contexto familiar e escolar».

 

PIAGET. A Inteligência Relacional de Marie-Louise Pierson. «Para que uma organização tenha vida longa, é preciso ocupar-se das pessoas que a compõem. É que as organizações - da escola à empresa, passando pela família são corpos vivos, que têm necessidade de provento para viver, mas que têm sobretudo necessidade de sentido. E não há nada mais próximo da vida do que as emoções que nos fazem vibrar, nada mais eficaz do que a organização bem pensada dessas emoções, a escuta respeitosa das emoções dos outros, para criar sentido e dar a cada um a sensação de ter um lugar satisfatório no grupo humano».

 

GRADIVA. Aprende a Gostar de Ti! de Anita Naik. «Que será que faz uma pessoa alcançar os seus sonhos, apesar de todos os reveses, enquanto a outra desiste? Será o destino? A sorte? Ou é uma crença muito forte em si mesma e nas suas capacidades? Tudo se resume a acreditarmos em nós próprios e é por isso que é tão importante que nos respeitemos».

 

PIAGET. O animal Social, de Elliot Aronson. A psicologia social poderá ter um papel importante na resolução de alguns problemas que afectam a sociedade contemporânea, tais como, propaganda, preconceitos, guerra, alienação, agressão, perturbações e sublevação política. Este é o tema forte do livro de Elliot Aronson, doutor em psicologia social e professor em várias universidade americanas, tais como, Stanford e California.

 

 

 

Educação às tiras

Desenho: Bruno Janeca
Argumento: Dinis Gardete

 

 

 

BOCAS DO GALINHEIRO

Uma questão de honra

O Cinecidade – Clube de Cinema de Castelo Branco arrancou. Agora a sério. Com, ainda, poucos apoios, mas muita vontade. A Câmara cedeu o Cine – Teatro Avenida, só podia. Era uma pena não ser ali.

A (re)abrir um ciclo dedicado a Pedro Almodovar. Uma aposta ganha. Na escolha dos filmes e na resposta do público. Este, claro, é que fica a ganhar quando os filmes são bons. A fita de abertura foi “A Flor do Meu segredo”, de 1995. A história de uma escritora de romances cor-de-rosa a quem tudo sai negro. A omnipresença de Marisa Paredes, Leo/Amanda Gris e tons de homenagem/citação a Cukor de “Célebres e Ricas”, fazem deste filme de trocas e voltas um momento de pausa e viragem do cineasta manchego, com alguns piscar-de-olho ao melodrama americano, mas com um toque de flamengo q.b..

De 1997 é “Em Carne Viva”, o segundo filme do ciclo. Para alguns marca o “renascimento” de Almodovar. De novo o melodrama, mas com um enredo policial, vagamente baseado numa novela de Ruth Rendall. Uma deambulação pelas vidas de personagens desenquadrados, mas que se cruzam inevitavelmente, numa Espanha em mudança, que se abriu para a liberdade, mas que não perdeu os seus tiques, do machismo à violência dos sentimentos, num thriller passional a que o realizador não resiste a imprimir um happy end redentor. Vitor nascera num autocarro aquando do estado de excepção decretado pelo regime franquista em 1970, o filho dele nasce num táxi preso no engarrafamento, em 1996, “Tudo Sobre a Minha Mãe”, de 1999, encerrou este primeiro ciclo dedicado a Pedro Almodovar. Mais uma vez o autor toca o tema da duplicidade e do desencontro, em que realidade e representação se confundem, uma clara homenagem ao teatro, mas, acima de tudo, é um filme sobre mulheres. O homem, esse peca pela ausência, o que temos é transexual, num filme que é uma mistura inteligente de comédia e melodrama, bem ao jeito dos grandes mestres americanos do género. Uma primeira abordagem a este cineasta que com o seu último filme, “Fala Com Ela”, arrecadou todos os prémios que havia para ganhar até agora, do Cinema Europeu aos Globos de Ouro, de olho posto nos Oscar. A ver vamos.

Como nisto de cineclubes não se pode parar, vem já aí um novo ciclo para Fevereiro. Depois de Almodovar, a China. Uma mostra, pequena, do actual cinema chinês, com filmes de Zhang Yimou e Wang Xiaoshuai.

Dia 11 de Fevereiro passa “Esposas e Concubinas”, de Zhang Yimou, um dos cineastas de proa do novo cinema chinês. É a história de Songlian, de dezanove anos, que decide, depois da morte do seu pai, aceitar uma proposta de casamento do velho chefe do clã Chen, Chen Zuogian, que já tem três mulheres. A cada uma delas é dada uma habitação com um pátio dentro da residência da família.

Todas as noites, uma lanterna vermelha é acesa defronte da porta da esposa com quem o senhor decide dormir.

Songlian vê-se envolvida nas intrigas entre as esposas, quando descobre que Meishan, a terceira esposa, tem uma ligação secreta com o médico da família, e que Zhuoyun, a segunda esposa, está a preparar-lhe uma armadilha, com a ajuda da sua criada, Yan’er. Songlian, essa, decide vingar-se...

A 18 é dia de “Bicicleta de Pequim”, de Wang Xiaoshuai. Um filme passado na Pequim nos dias de hoje, o filme é de 2001. Guei chega da província. Tem 16 anos. Encontra trabalho como paquete. No trabalho dão-lhe roupa e emprestam-lhe uma bicicleta: uma magnífica VTT prateada. Quando tiver ganho 600 yuans esta bicicleta será sua.Quando Guei já a tem quase paga, a bicicleta desaparece. Sem a bicicleta, Guei fica sem trabalho. Desesperado, corre Pequim à procura da bicicleta. Quase por milagre, o seu melhor amigo diz-lhe que a viu na posse de Jian, um estudante que a comprou na feira da ladra. A bicicleta pertence agora aos dois...é preciso aprender a partilhá-la.

A fechar voltamos a Yimou com “A Tríade de Xangai”, (na foto) de 1995, dia 25. Retrato do poder da mafia e dos estilos de vida na Xangai dos anos 30.O filme cobre oito dias dos infortúnios da tríade mais poderosa da cidade. O jovem Tang Shuisheng, protegido pelo Tio Liu, testemunha todos os aspectos do mundo fechado e violento das tríades - da execução de um gang, à visita a um clube nocturno onde a cantora Xiao (Gong Li), amante do padrinho da tríade (Li Baotian). Quando a tríade frequentadora da casa do padrinho é descoberta pelo bando rival de Fat Yu, eles fogem para o campo.

“Shangai Triad” situa-se entre o visual flamejante de “Milho Vermelho” e a tensão interior de “Esposas e Concubinas”. Bons filmes.

A não perder(em)!

Luís Dinis da Rosa

 


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