Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº60    Fevereiro 2003

Politécnico

CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO NA ESECB

Por uma escola mais humana

A sobreposição do dito saber científico e a importância das tecnologias terá provocado um apagar do humano na transmissão dos saberes, pelo que o modelo da escola actual, baseado no paradigma científico e tecnológico, fracassou. Vive-se hoje um período de desordem das teorias pedagógicas, pelo que importa repensar as orientações axiológicas e reconstruir os discursos pedagógicos, orientando-os para a prática e para a aprendizagem, adaptando-os à realidade da sociedade do conhecimento, a um novo modelo de escola e uma nova matriz antropológica.

Esta é uma das conclusões do Congresso “A (r)evolução das ideias e teorias pedagógicas - desafios para o futuro”, que decorreu na ESE de Castelo Branco nos dias 6 e 7 de Fevereiro, o qual foi organizado pela Secção de Filosofia e Ciências da Educação daquela escola e pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação.

Na iniciativa, que decorreu pela primeira vez na cidade, ficou bem patente a urgência da mudança, no sentido de se caminhar para uma escola que vise uma concepção global do ser humano e da sociedade, que responda às necessidades das pessoas nas suas novas relações com a realidade. Caso assim não aconteça, continuará o conflito entre o que se aprende na escola e as referências da realidade, o que pode estar na origem de um divórcio, como referiu Ernesto Candeias Martins (na foto), sub-director da ESE, na sessão de abertura.

“Temos a sensação de que existem paradoxos processados nas aulas, ao reconheceremos que o problema do saber na escola adquire um grande interesse. Ficamos com dúvidas sobre se realmente a escola é o lugar mais idóneo onde se realiza esta transmissão de conhecimentos, já que faltam referências do saber transmitido. Pensamos que a escola é um espaço artificial, isolado da realidade, onde não se produz nem se aplica nenhum saber. Por conseguinte, a escola actual, para a sociedade em que vivemos, parece estar fora de contexto”.

PERIGOS. Na sessão inaugural esteve também o presidente do Politécnico, Valter Lemos, para quem os tempos são perigosos relativamente à discussão das ideias pedagógicas, dado que a sensibilidade para ouvir não será a melhor. “Hoje é difícil fazer chegar ao mundo em geral as questões essenciais trabalhadas pela educação”, disse, dando como exemplo o facto de há poucos dias ter afirmado num reunião que a escola básica deveria ser inclusiva, ao que recebeu como resposta que “estava a falar «eduquês»”.

Uma questão retomada pelo presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa e Ciências da Educação e reitor da Universidade de Évora, Manuel Ferreira Patrício, segundo o qual “quem utiliza os termos eduquês ou induquês para classificar certos discursos, fá-lo para ofender quem prestou um bom serviço ao país”.

Aquele universitário lembra que Portugal sempre viveu debilidades ao nível do ensino da pedagogia, mas que foi feito um esforço enorme após o 25 de Abril, altura em que só existiam 16 por cento de professores profissionalizados no preparatório, percentagem que subia para cerca de 50 por cento no Secundário. Aí interveio o Ensino Superior que “prestou um serviço da maior importância ao país, o qual tem hoje um corpo docente qualificado”.

Já em relação ao facto de existirem professores em excesso, dá um exemplo. “Quando dizemos que temos professores de Português a mais, é preciso perguntar se os estamos a utilizar bem. Será que estamos a pensar na cooperação com Angola e Moçambique, países cujo futuro passa pela língua portuguesa? Ora, há aqui uma falta de cooperação que não foi encarada por nenhum dos governos”.

Defende por isso a necessidade da escola continuar o seu papel formador, repensando as teorias e as práticas a desenvolver, de forma a estar adaptada ao mundo actual, à permanente mudança. Cita por isso Antero, quando este referiu que “porque a verdade, meu caro senhor, é que não é possível viver sem ideias”, e afirma: “Não é possível organizar e fazer a formação de professores sem ideias”
.

 

 

 

ESTG DE PORTALEGRE

Investigação em força

A funcionar desde Setembro do ano passado, o Centro de Investigação Aplicado à Industria, é um centro de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico integrado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre. Criado de forma a proporcionar um maior desenvolvimento aos cursos de engenharia e, ao mesmo tempo, possibilitar às empresas da região um apoio a nível industrial, quer no desenvolvimento de novos produtos e/ou tecnologias, quer no desenvolvimento e/ou exploração de produtos e/ou tecnologias já existentes, o Centro tem vindo a cumprir algumas das suas metas.

De acordo com os seus responsáveis e de acordo com a informação apresentada no seu espaço virtual, o Centro tem, nas áreas de investigação e desenvolvimento tecnológico, a autonomia em termos científicos. Além disso, em cada área de investigação foi criado um núcleo, tendo apresentado como projecto de arranque a Monitorização da Degradação de Rochas de Monumentos, através do núcleo de tecnologia industrial e corrosão

Segundo os seus responsáveis, o Centro de Investigação visa promover a Investigação Cientifica e o Desenvolvimento Tecnológico numa perspectiva de progresso das ciências e, também, prestar apoio e serviço à comunidade empresarial e industrial. Deste modo, aquele organismo pretende privilegiar as áreas de investigação aplicadas à engenharia, nomeadamente, química, materiais, ambiente, civil, mecânica, electrotécnica, informática e matemática, e fomentar os contactos nacionais e internacionais que intensifiquem a mobilidade de conhecimentos e enriqueçam a cultura científica portuguesa.

 


Visualização 800x600 - Internet Explorer 5.0 ou superior

©2002 RVJ Editores, Lda.  -  webmaster@rvj.pt