GENTE & LIVROS
Sue Townsend
“Bom, eu acho que a Arte e a Cultura são importantes. Tremendamente importantes. Sem a Arte e a Cultura desceríamos ao nível dos animais que, sem objectivo, preenchem o seu tempo rondando as latas do lixo e envolvendo-se em brigas. É sempre fácil identificar as pessoas que não permitem que a Arte e a Cultura façam parte da sua vida. Estão pálidas de tanto ver televisão e além disso as suas conversas de um certo je ne sais quoi - a não ser que sejam franceses, evidentemente. As pessoas incultas falam do preço do nabo e da razão por que o pão quando cai, cai sempre com a manteiga para baixo e de outras maneiras igualmente inanes. Nunca se ouvem referências a Van Gogh ou Rembrandt ou Bacon (quando digo Bacon, refiro-me a Francis Bacon, o artista infame, e não ao toucinho entremeado ou ao toucinho dinamarquês... aqueles que se comem). Não, tais nomes nada significam para os incultos; estes nunca farão peregrinações ao Museu do Louvre para ver a Mona Lisa de Michaelangelo. Nem tão pouco vibrarão com uma ópera de Brahams. Preencherão os seus dias com frívolas frivolidades e, provavelmente, morrerão sem que tenham alguma vez provado a doce ambrósia da
cultura”.
In As Confissões de Adrian Mole & Cª
Susan Lilian Twonsend nasceu em Inglaterra em 1946, foi assistente social, bolseira da cadeia de televisão Thames TV e mãe de quatro filhos. Aos 36 anos criou a personagem Adrian Mole que tal como Sherlock Holmes e Mafalda haveria de suplantar a sua autora. Em 1982 é publicado O Diário Secreto de Adrian Mole aos 13 anos e 3/4 e são vendidos dois milhões de exemplares só em Inglaterra. O sucesso espalha-se a outros países da Europa e chega até ao Japão. Quem é afinal Adrian Albert Mole?
Um adolescente com borbulhas e preocupações sociais com um pai constipado e completamente desprovido de ambições e uma mãe, péssima na cozinha, que se esquiva a usar o avental de plástico verde que ele lhe ofereceu no Natal? Também. Mas Adrian Mole é acima de tudo um intelectual com tendências literárias «agravadas» a prová-lo o seu poema a «A Torneira» - escrito em dois minutos - que aborda o mistério da vida. «A torneira pinga e mantém-me acordado,/ De manhã vai haver um lago. / Pela falta de junta a carpete se estragará, / Depois por outra o meu pai mourejará./ O meu pai podia snifar enquanto está no trabalho./ Pai, arranja uma junta, não sejas paspalho!»
Como diz a mãe de Adrian eles são os «nouveau poor» na Inglaterra de Margaret Thatcher com três milhões de desempregados. Mas falar do nosso herói é falar da sua sempre e bem-amada Pandora - causadora de tantos tormentos mas também portadora de esperança. «Há uma miúda nova na nossa turma. Está sentada ao meu lado em Geografia. É fixe. Chama-se Pandora, mas gosta que lhe chamem «Caixa». Não me perguntem porquê. Sou capaz de me apaixonar por ela. Já está na altura de me apaixonar, afinal de contas tenho 13 anos e 3/4». E assim decorrem os anos entre encontros e desencontros com Pandora, chocolates Mars, visitas a casa do velho comunista Bert Baxter, conversas com Nigel, “broncas” com Barry Kent e temos Adrian Mole na Crise da Adolescência (1984).
Quando é publicado As Confissões de Adrian Mole & Cª (1989) Adrian encontram-se a escrever um romance sobre as East Midlands, Mirem as Colinas Planas da Minha Terra Natal e já tinha publicado um volume de poemas O Girino Irrequieto. Num rasgo de generosidade Adrian divide o livro com Sue Townsend e Margaret Hilda Roberts mais conhecida por Tatcher. Adrian trabalha numa biblioteca, tem agora uma irmã bébé chamada Rosemary, o skinhead Bart encontra-se preso e Nigel converte-se ao Budismo.
Com Os Anos Amargos de Adrian Mole (1993) encontramos o aclamado autor a trabalhar no Ministério do Ambiente, responsável por uma colónia de tritões que odeia. Quando o colega é despedido, a seu cargo ficam os texugos, pelos quais também não nutre particular simpatia; sem o amor de Pandora e sem conseguir publicar os seus textos estes são sem dúvida tempos difíceis Quarta-feira, 3 de Abril - «Tenho vinte e quatro anos e um dia. Pergunta: o que é fiz na vida até aqui? Resposta: Nada.
O Graham Greene morreu hoje. Escrevi-lhe há quatro anos a apontar-lhe um erro gramatical no seu livro O Factor Humano. Não me respondeu».
Adrian Mole na Idade do Cappuccino (1999), Adrian tem trinta anos, é cozinheiro num restaurante da moda, casou, divorciou-se, vive com o filho William e descobre que é também “pai solteiro”. Tony Blair prepara-se para ganhar as eleições e Pandora é uma forte candidata do partido trabalhista, sempre apoiada pelo amor de Adrian Mole que continua a escrever e não percebe a razão porque a BBC se recusa a produzir a sua fantástica comédia sobre assassinos em série. Nós por aqui também não percebemos mas ficamos à espera de um novo diário, nem que seja Adrian Mole na Idade da Reforma.
Sue Twonsend é também autora dos romances Coventry Reconstruída (1985), A Rainha e Eu (1992) e Número Dez (2002). E das peças de teatro Bazares e Leilões (Royal Court Theatre Upstairs, 1982); A Grande Vaca Celestial (The Joint Stock Company, 1984) e Dez Dedinhos nas Mãos, Nove Dedinhos nos Pés (Library Theatre, Manchester, 1989).
Sue Twonsend diz acerca de Sue Twonsend em As Confissões de Adrian Mole & C ª. «Chegando a gozar de alguma notoridade, caiu na obscuridade desde o seu envolvimento no escândalo dos «cinco anões na cama»*, em 1989, que lhe valeu uma pena suspensa de dois anos de prisão. Os comentários do juiz foram largamente divulgados pela imprensa popular: « Pensar que uma mulher da sua idade foi capaz de descer tão baixo». Desde o escândalo ela vive em isolamento numa sombria casa de campo no meio de uma charneca, próximo de
Buxton.
* A autora continua a afirmar serem só quatro
Eugénia Sousa
Florinda Baptista
EXAMES DO 12º ANO
Física com a média
mais baixa
Os alunos que realizaram este ano a prova de Física tiveram a mais baixa classificação média dos últimos três anos, quer na primeira quer na segunda chamada dos exames nacionais do ensino secundário.
Enquanto este ano, a classificação média da primeira chamada foi de 8,1 valores e a da segunda de 7, em 2002, estes valores foram de 11,5 e 9,9, e, em 2001, de 9,7 e 9,3, respectivamente, revelou hoje o Ministério da Educação.
Vinte e três por cento dos alunos que realizaram o exame de Física na primeira chamada tiveram nota negativa, enquanto na segunda chamada 35 por cento dos estudantes reprovaram no exame.
Os resultados da primeira fase dos exames nacionais, que compreende a 1ª e a 2ª chamadas e que decorreu em cerca de 620 estabelecimentos de ensino, serão afixados sexta-feira, mas hoje o Ministério da Educação divulgou já um relatório com as classificações médias das 18 disciplinas do ensino secundário.
Segundo os dados do Ministério da Educação, a disciplina de Matemática voltou a registar médias negativas nos exames nacionais do ensino secundário, situando-se nos 9,3, na primeira chamada, e 7,4 na segunda chamada.
Em 2002, o exame de Matemática teve uma classificação média de 9,5 na primeira chamada e de 6,2 na segunda chamada, enquanto que em 2001 essas médias foram de 7,8 e 6,2 valores.
Vinte por cento dos alunos que realizaram o exame de Matemática na 1ª chamada tiveram negativa e 41 por cento dos que o realizaram na segunda chamada reprovaram no exame.
Os resultados agora divulgados indicam que na 1ª chamada dos exames nacionais de 2003 registaram-se médias negativas a apenas duas disciplinas: Matemática (9,3) e Física (8,1).
A disciplina de Biologia teve uma classificação média abaixo dos dez valores mas, por ser de 9,6, o Júri Nacional de Exames já a classifica como positiva. Nas restantes disciplinas a média mais elevada verifica-se a Desenho e Geometria Descritiva A: 14,1 (1ª chamada) e 9,7 (2ªchamada). Estes dados revelam também que as notas da 1ª chamada dos exames nacionais do ensino secundário são sempre superiores às da 2ª chamada e que os alunos internos (que frequentam escola) conseguem sempre obter melhores resultados do que os externos ou autopropostos.
As classificações médias dos alunos autopropostos na 1ª chamada são muito baixas e apenas claramente positivas em seis disciplinas: Sociologia (10,2), Desenho e Geometria Descritiva A (12,4), Introdução ao Desenvolvimento Económico e Social (10,6), Alemão inicial (10,2), Filosofia (10,6) e Química (10,3).
Na disciplina de Matemática, os alunos externos conseguiram uma classificação média de 5,8 valores (1ª chamada) e de 4,6 valores (2ª chamada).
Já a Física, a média dos alunos externos foi de 3,9 valores na primeira chamada e de 4,7 na segunda chamada.
Em 2002, estes alunos tiveram uma classificação média de 6,3 valores no exame de Física realizado na 1ª chamada e de 6,2 valores na segunda chamada.
Das 553.174 inscrições para exames da 1ª fase, realizaram-se 329.999 provas, que correspondem a 60 por cento das inscrições.
A disciplina com maior número de inscrições para exame foi Matemática com 55.470 alunos inscritos, seguida de perto pela disciplina de Português B, com 54.596 alunos inscritos.
Num comunicado que acompanha estes dados agora revelados, o Júri Nacional de Exames (JNE) explica a sua decisão em adiar para o dia 01 de Agosto a afixação dos resultados dos exames. A sua divulgação estava prevista para dia 22 de Julho.
Segundo o JNE, foram detectadas discrepâncias em aproximadamente um por cento das provas realizadas, que correspondem a cerca de 3.600 provas de várias disciplinas.
Diz ainda o Júri que, perante estas discrepâncias nas classificações de exame, a Comissão Coordenadora decidiu mandar analisar as provas em causa nas situações em que tal se justificasse, isto é, quando a média das classificações de conjuntos de provas da mesma disciplina e da mesma escola, classificados por correctores diferentes, apresentassem resultados muito díspares (chegando em casos pontuais a 90 pontos, na escola de 0 a 200).
Sempre que esta análise indiciou uma incorrecta aplicação dos critérios de classificação, acrescenta o Júri, foi feita uma nova correcção das provas. Um total de 2.100 provas estavam nestas condições.
Em todo o processo de correcção da 1ªa fase dos exames nacionais estiveram envolvidos cerca de 11.200 professores.
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