ADRIANO MOREIRA NA
ABERTURA DO ANO
A competência é que
conta
O tempo em que os títulos académicos conferidos pelas universidades garantiam emprego e saber seguro e duradouro já lá vai, e hoje, o que importa efectivamente para acreditar a formação das instituições de Ensino Superior é a capacidade demonstrada pelos formados na resposta à constante mudança imposta por uma sociedade da informação e comunicação.
A opinião é de Adriano Moreira, presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior que este ano esteve na abertura oficial do ano lectivo no Politécnico de Beja, uma cerimónia realizada a 5 de Novembro, na qual o professor abordou algumas das mais recentes questões surgidas em torno do Ensino Superior em Portugal, nomeadamente as relações entre politécnicos e universidades.
Em seu entender, o facto da transformação dos politécnicos em universidades ser hoje encarada por alguns como uma ascenção, é um erro tremendo. Adriano Moreira defende a “igual dignidade de Politécnicos e Universidades” e vai adiantando que os politécnicos tiveram, até hoje, a missão importante de fixarem quadros em zonas onde os mais diferenciados partiam, “em vez de optarem por agredirem a interioridade em termos de ali nascer outra menos carenciada maneira de viver”.
Ora, apesar do que chama de deficiente política de numerus clausus, que leva as pessoas a estudarem para fora da sua região, a fixação vai acontecendo, alterando métodos de intervenção e a criatividade de um novo saber fazer. Algo que é mais importante do que nunca, num mundo em mudança, no qual surge uma regionalização de nível transnacional.
REGIONALIZAÇÃO. “Uma nova regionalização desponta, perfilando-se o que podemos chamar as comunidades de trabalho”, refere, dando como exemplo a boa relação entre o Minho e a Galiza, ou até entre a Junta da Extremadura espanhola e as regiões da raia portuguesa. Sendo assim, entende que as batalhas mais importantes passam hoje pelo envolvimento das instituições de ensino superior raianas, e dos seus formados, neste desafio, independentemente de serem politécnicos ou universidades.
De caminho, defende uma sã colaboração entre politécnicos e universidades, até porque se aproxima “a uniformização de títulos e duração de formações, a partir da Declaração de Bolonha”. Como exemplos da colaboração, aponta as universidades de Aveiro e do Algarve, e diz que a instituição dos dois subsistemas separados “deve ser maleabilizada”, a fim de se caminhar para o que chama “integração funcional dos saberes”.
“Esta integração dos saberes parece uma exigência evidente na área das ciências da saúde e, por isso, a absoluta separação entre Universidade e Politécnico talvez deva ser meditada, aproveitando nessa meditação a experiência que se desenvolveu nos casos que, por enquanto, são excepções ao princípio geral. De qualquer modo, meditação numa perspectiva desembaraçada de preconceitos sobre a igual dignidade do saber e do saber fazer, assente na consideração social igual para os subsistemas que por igual procuram a excelência”.
PROBLEMAS. Apesar de falar assim, na óptica daquele professor, os problemas do Ensino Superior em Portugal são por demais conhecidos e a contínua discussão nos media levou à formação de uma ideia errada da opinião pública, a qual é necessário corrigir, mostrando a contribuição do Superior para a mudança radical verificada em muitas regiões.
“Cidades como Bragança, Vila Real, Viseu, Covilhã, Santarém, Évora e Beja seriam muito outras, atrasadas progressivamente no tempo da internacionalização, se a agressão do ensino não tivesse contribuído para abalar o adormecimento em que a interioridade se traduz”, refere aquele professor.
Mas o reconhecimento não chega. Urge continuar a luta para melhorar o ensino, a investigação e os serviços prestados à comunidade, a fim de ser possível aproximar os diplomados portugueses dos padrões de excelência internacionais. Só com esta mudança, diz, se conseguirá continuar a responder aos desafios que se aproximam, sendo um deles o alargamento da União Europeia, o qual “nos vai fazer defrontar com países talvez mais carentes de recursos materiais, mas ricos em formações de qualidade”.
Ora, importa então que Portugal consiga corrigir erros cometidos. Um deles pode passar por conseguir estruturas que satisfaçam e realizem os talentos formados em Portugal, os quais, habitualmente, partem em busca de outras oportunidades. É certo, diz, que “as capacidades somadas de todos os países da União Europeia não conseguem erigir um instrumento científico equivalente à NASA”, mas afirma que não é por isso que cada país, por si, pode desistir, que cada país pode abdicar dos seus talentos, desprezando a “resposta ao desafio do desenvolvimento humano sustentado”.
ESCOLA SUPERIOR DE
GESTÃO APRESENTA REVISTA
Esgin na rota da
ciência
A Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Castelo Branco acaba de apresentar o primeiro número da revista Gestin. Uma publicação científica que pretende divulgar a investigação feita pelos docentes daquela Escola. Segundo o director da ESG, João Ruivo, “a revista pretende dar a conhecer a investigação científica desenvolvida pelos docentes da escola, e ao mesmo tempo divulgar a própria evolução académica dos professores da instituição”.
Na apresentação da revista estiveram presentes, além dos responsáveis da escola, o presidente do Politécnico, Valter Lemos, que salientou a importância daquele tipo de publicação, e o presidente da autarquia, Álvaro Rocha, que sublinhou a contribuição que a escola tem dado ao desenvolvimento do concelho. De acordo com João Ruivo, que é também director da Gestin, a Superior de Gestão tem hoje 28 docentes, 14 dos quais são mestres e cinco doutorados. No entanto, em doutoramento encontram-se mais nove professores. Por isso, o aparecimento da Gestin surge na altura ideal, “dando assim visibilidade cientifica à escola junto de outras instituições e investigadores do ensino superior, portugueses e estrangeiros. Além disso, a Gestin vai ser um veículo de comunicação importante entre as diferentes instituições”.
No seu primeiro número, a Gestin apresenta já a colaboração de alguns docentes de outras instituições: “Nesta edição temos a colaboração de professores da Universidade de Aveiro, ESE de Coimbra e do Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa – ISEG”. Recorde-se que o aparecimento da Gestin foi um dos objectivos a que João Ruivo, director da Escola, se propôs quando tomou posse e a data da publicação da revista coincidiu com o segundo aniversário da sua tomada de posse. Com periodicidade anual, a Escola Superior de Gestão está já a preparar o segundo número, sendo a concepção gráfica elaborada pelos serviços do Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Num ano lectivo que começou da melhor maneira, ficando todos os cursos com as vagas totalmente preenchidas (com médias que oscilaram entre os 12 e os 17 valores), e após a aprovação, por parte do ministério das licenciaturas de Marketing e Recursos Humanos, a Escola Superior de Gestão elegeu também a sua Assembleia de Representantes, que depois irá eleger a direcção da Escola. Deste modo, e quando essa Assembleia tomar posse termina o Regime de Instalação da Escola. Facto que também foi sublinhado por Valter Lemos.
Para os alunos do 3º ano do Curso de Contabilidade e Gestão Financeira também surgem algumas novidades já no presente ano lectivo. Assim, na disciplina de Informática de Gestão vai surgir aquilo a que os responsáveis chamam de estágio virtual, que vai permitir aos alunos executarem trabalhos como se estivessem num gabinete de contabilidade exterior. Uma iniciativa que será desenvolvida com tecnologia de ponta, através do recurso a meios informáticos. Ainda para o terceiro ano daquele curso foi introduzida uma vertente de ética e deontologia, que será leccionada por Carlos Grenha, um dos responsáveis da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.
ESA HOMENAGEIA PINTO DE
ANDRADE
Medicina a caminho
A festa de homenagem ao antigo director da Escola Superior Agrária, Pinto de Andrade, realizada no passado dia 13, serviu também para que os actuais responsáveis pelo estabelecimento de ensino apresentassem alguns dos objectivos futuros. Uma das novidades apresentadas ao Ensino Magazine pelo director da Escola, José Carlos Gonçalves, passa pela abertura do curso de medicina veterinária, já em 2004/2005. “Nos últimos anos a escola tem apresentado essa candidatura, mas há impedimentos que têm impedido a sua aprovação. Agora estamos a contactar as Faculdades de Medicina Veterinária para que o curso possa abrir em Castelo Branco, através de uma parceria. Para já há a recepção, por parte da Faculdade de Lisboa, foi bastante positiva”, esclarece.
A cerimónia de homenagem a Pinto de Andrade coincidiu também com a abertura oficial do ano escolar. Com cerca de 1300 alunos, distribuídos pelos cinco cursos que ministra, 88 docentes e 79 funcionários, a Escola Superior Agrária de Castelo Branco é hoje uma referência a nível nacional. Mas numa época em que há menos alunos candidatos ao ensino superior, o futuro da ESA não passa por crescer quantitativamente. “O futuro não nos permite grandes crescimentos, pelo que teremos que adaptar a formação aos novos desafios”. E foi nessa perspectiva que se criou o curso de engenharia Biológica e Alimentar, cujas vagas foram totalmente preenchidas, e que se está a trabalhar na criação da licenciatura em medicina veterinária. Outra das apostas da Escola Superior Agrária passa pelo incentivar os seus docentes a concluírem os mestrados e os doutoramentos.
HOMENAGEM. Para José Carlos Gonçalves, a homenagem realizada a Virgilio Pinto de Andrade, ele que foi também o primeiro presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, foi mais que justa. “Todos sabemos quem foi o professor Virgílio Pinto de Andrade, o papel social que teve e a sua importância no Politécnico e nos destinos da Superior Agrária. Pensamos que esta foi a altura ideal da Escola Superior Agrária lhe prestar um tributo. Esta era uma ideia que tinha desde que tomei posse“.
No entender daquele responsável, a homenagem ao antigo director da ESA e ex-presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco é justa, pelo trabalho desenvolvido. “Durante 15 anos o professor Pinto de Andrade desenvolveu um trabalho exemplar nesta escola. Dotou-a de estruturas e equipamentos, além de ter tido um papel fundamental na criação das componentes formativas”, adianta José Carlos Gonçalves, que com a sua equipa atribuiu o nome do Vergílio Pinto de Andrade ao auditório principal da Escola.
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