PEDRO LYNCE AO ENSINO
MAGAZINE
"É preciso
planear o Superior"

A mudança do Estatuto da Carreira Docente e a necessidade de planear o Ensino Superior, a médio prazo, para determinar o número de vagas dos cursos são dois objectivos do ministro do sector.
Pedro Lynce apontou-as ao «Ensino Magazine» e não deixou de sublinhar que tem de ser garantida a qualidade dos cursos, assim como a sua «distribuição geográfica equilibrada». Uma posição que indicia a necessidade do interior não ficar “desfalcado” de formações.
Lynce salienta que o número de vagas não pode depender apenas das necessidades do mercado e aponta a credibilização do sistema de Ensino Superior , a nível nacional e no estrangeiro, como um dos vectores essenciais da sua política.
O Estatuto da Carreira Docente do Ensino Superior deve ser alterado e a componente pedagógica curricular do professor tem de ser devidamente valorizada para a sua progressão. É o que defendeu o ministro da Ciência e Ensino Superior, em declarações exclusivas ao «Ensino Magazine».
Preocupado com a questão da formação dos docentes, o governante salientou ao nosso jornal a realização de «cursos sobre didáctica, efectuados pelas diversas instituições do Ensino Superior, a título voluntário, o que é sempre de aplaudir».
Neste momento o ministro aguarda informações acerca das necessidades do sistema público de Ensino superior para, em conjugação com as respectivas escolas «fazer um planeamento a médio prazo a partir do qual deverá ser determinado o número de vagas». «Desde que seja assegurada a necessária qualidade dos cursos, deveremos ter ainda em linha de conta uma distribuição geográfica equilibrada, salvaguardando sempre que o número de vagas não se limita exclusivamente às necessidades de mercado», explicou Pedro
Lynce.
Sobre o sistema de avaliação de professores, o ministro revelou que «já há alguns resultados referentes ao 1ºciclo e aguardo, a todo o momento, que me seja dado conhecimento dos resultados respeitantes ao ciclo que está a decorrer». Segundo o governante, «o sistema actual de avaliação tem já alguns anos e foi muito positivo aquando da sua criação». «Julgo que é preciso introduzir agora algumas correcções, de acordo com a experiência adquirida, nomeadamente através de uma classificação de mérito».
Quanto à contenção orçamental que também afecta o Ensino Superior, Pedro Lynce afirma que a reacção, da parte das instituições, às medidas tomadas «tem sido positiva e as instituições estão a realizar as adaptações que julgam ser necessárias».
Referindo-se à estratégia política global do Governo para o Ensino Superior, o ministro do sector explicou ao «ensino Magazine» que aquela «assenta em três eixos prioritários». A igualdade de oportunidades é um, a que se associa o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida (com o pós-secundário, graduações e pós-graduações, doutoramentos, reciclagem e qualificações). O terceiro pilar fundamental apontado por Pedro Lynce respeita à credibilização, aos níveis nacional e internacional, do sistema de Ensino Superior.

TERESA MOURA GUEDES,
DIRECTORA GERAL DO ENSINO SUPERIOR
Sucesso depende da
qualidade

A Directora Geral do Ensino Superior, Teresa Moura Guedes, em declarações ao Ensino Magazine, considera que o caminho que as instituições de ensino superior devem seguir passa pela qualidade. “É na oferta de qualidade que as instituições de ensino superior, sobretudo no interior do País, podem cativar os alunos. Pois se eles tiveram a noção que
saem preparados de forma a terem garantias de inserção no mercado de trabalho, naturalmente que essa vai ser uma grande afirmação de valor por parte das instituições”.
No entender de Teresa Moura Guedes a questão tem, no entanto, duas faces. “No ensino público as coisas colocam-se de uma maneira e no privado de outra. Aliás, para o ensino privado esse será seguramente o único argumento válido”. Numa época de crise, onde sobejam vagas para os candidatos, a Directora Geral do Ensino Superior fala também na necessidade de se recorrerem às novas tecnologias e ao
empreendedorismo. “Essas têm que ser as directrizes a seguir para que possamos ser competitivos numa Europa que espera muito de nós. E isto pressupõe, não só cursos que vão ao encontro das necessidades do País, mas também de formações que estejam baseadas no conhecimento do mercado de trabalho real. Pois, é inútil formar jovens para o emprego”.
Teresa Moura Guedes considera ainda essencial a racionalização das vagas. De caminho, defende a existência dos dois sub-sistemas de ensino, o universitário e o Politécnico. “Há espaço para essas duas modalidades. Uma está mais voltada para o sector tecnológico e outra para a investigação. A própria Lei orgânica do Ensino Superior deixa uma leve distinção nesse campo. Isto porque as duas formações têm de co-existir”. Já sobre a atribuição de títulos de mestrados ou doutoramento por parte dos Politécnicos, aquela responsável lembra que “essa é uma questão que está em estudo. Não vejo que haja alguma razão em contrário para que isso seja feito”.
O Instituto Politécnico de Castelo Branco foi o primeiro que Teresa Moura Guedes visitou como presidente daquele organismo e, em resposta aos desafios que lhe foram lançados, sobretudo no que respeita à construção das novas escolas, começou por referir que “este ano não houve qualquer compromisso financeiro para nenhuma instituição de ensino superior”. Aquela responsável adiantou ainda que “espera que os limites impostos sejam temporários”.
Teresa Moura Guedes também falou da discriminação positiva reclamada por Valter Lemos e por outros presidentes de institutos politécnicos. “Se ela existir será a favor dos Politécnicos. Não há razões para se manterem os velhos mitos teóricos. Hoje, o ensino superior tem que saber responder aos novos desafios, através do desenvolvimento de diferentes factores e os institutos politécnicos continuam a ter muito que dar ao País. São acima de tudo um serviço público”.

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