JOSÉ LOPES VERDASCA,
DOCENTE NA UNIVERSIDADE DE ÉVORA
A colonização
dos professores
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A avaliação das escolas não pode ter apenas em conta os resultados obtidos, ignorando a lógica de conformidade processual. Ora, para a avaliação das escolas ser efectiva é preciso primeiro criar compromissos de intervenção e ter em conta as condições existentes e as diferentes variáveis, desde os tempos lectivos à heterogeneidade das turmas, entre outras. A ideia é defendida por José Lopes Verdasca, docente na Universidade de Évora, investigador, que em declarações ao Ensino Magazine sublinha a importância da existência de outros factores que tornem mais justa a avaliação que está a ser feita nos estabelecimentos de ensino em Portugal.
No entender daquele investigador, apesar da avaliação que tem sido feita apostar numa lógica de números e resultados, é “possível acautelar determinadas situações. É inevitável que a avaliação continue a ser feita com base em padrões que usam a lógica de resultados, pelo menos durante alguns anos. Aquilo que devemos fazer é eliminar todas as variáveis que da alguma forma condicionam o resultado”.
Variáveis que para José Lopes Verdasca são de vária ordem, desde o número de alunos das turmas, a sua situação social ou idade dos alunos. “Há um conjunto de variáveis que a escola pode controlar, através da forma como organiza as turmas, como distribui os tempos lectivos, os professores e os alunos. Mas existe uma que deveria ter-se em conta e que passa por avaliar o elemento turma, nas suas várias dimensões”. Facto que segundo aquele responsável poderia vir a dar mais justiça à avaliação. “O sistema faz grandes investimentos em áreas cujos impactos não significativos, pois se avaliarmos aquilo que se faz na formação, provavelmente os resultados que daí resultam no que respeita a aprendizagens efectivas não têm grande impacto”, explica Lopes Verdasca, enquanto lembra que “muitas dessas verbas investidas poderiam ser deslocadas para projectos de investigação, apoiados por escolas ou instituições de ensino superior”.
HIPERESCOLA. Ultrapassado o primeiro estádio de ensino de massas, entrámos numa fase de orientação ao consumo, surgindo as escolas-empresas. Para haver satisfação dos clientes nasceram também os hipermercados educativos e avançaram as propostas de marketing para que as escolas cativem os alunos. No entender de Lopes Verdasca o que acontece é que “se está a caminhar para esse equívoco. Isto porque a escola não pode entrar nessa lógica de finalidade produtiva. Há um trabalho ao nível académico dos professores que pode sempre ser uma contrapartida a essa ideia. Daí que a escola deva estar atenta e o facto de poder tirar partido de parcerias, não significa que ela venha a entregar os seus objectivos aos interesses imediatos dos empresários, pois por vezes acontece isso nos modelos e modalidades formativas técnico-profissionais”.
Mas se no ensino secundário essa é uma questão que ainda não verifica, ao nível do ensino superior, o facto do número de vagas ser inferior ao dos candidatos, pode provocar essa tentação. “É provável que a pressão sobre as instituições aumente bastante. Até porque aqui coloca-se também o problema do financiamento do ensino superior, pelo que ganha força a ideia de que é necessário partilhar com o sector produtivo essas formas de financiamento”. Ainda assim, Lopes Verdasca lembra que “as mudanças bruscas e permanentes das sociedades devem reservar sempre uma ideia de banda larga relativamente às formações. E a experiência dos Estados Unidos deve servir-nos de
ensinamento”.
NA UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Economia à lupa
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O I Encontro sobre o Ensino da Economia vai reunir na Universidade de Évora a comunidade científica, que debaterá os problemas que afectam na actualidade a docência daquela disciplina.
A iniciativa decorrerá a 25 e 26 de Maio e pretende criar um espaço de reflexão e de troca de experiências entre professores de Economia do Ensino Superior. Vão estar em análise os métodos e os conteúdos da Ciência Económica ministrada nas instituições de Ensino Superior em Portugal.
O Encontro visa, igualmente, proporcionar o contacto com testemunhos e conhecimentos de alguns especialistas que permitam aos docentes participantes dispor de instrumentos inovadores nas suas práticas de ensino.
A abertura da reunião no dia 25, estará a cargo do Reitor da Universidade de Évora. Segue-se a primeira sessão plenária coordenada por António Pinheiro, do Departamento de Economia daquela universidade. William Walstad, da Universidade do Nebraska apresentará uma comunicação sobre as perspectivas da investigação acerca do ensino da Ciência Económica. A transição entre o ensino Secundário e o Superior Universitário será abordada noutra sessão, por José Bravo Nico, do Departamento de Pedagogia e Educação da universidade eborense. Destaque para a apresentação dos resultados do Inquérito sobre o Ensino da Introdução à Economia em Portugal a cargo de Gabriela Pereira e Miguel Sousa, ambos docentes do Departamento de Economia de Évora, organizador do encontro.
Da Faculdade de Economia de Coimbra virá João Sousa Andrade, que analisará os problemas metodológicos no ensino da disciplina. João César das Neves, por seu lado, irá revelar uma experiência pedagógica no domínio da Introdução à Economia. A intervenção deste professor da Universidade Católica, antecederá o debate em torno do ensino dos Princípios da Economia. Participarão os professores João Ferreira do Amaral, Braga de Macedo, José Mata e Álvaro Aguiar.
No dia 26 de Maio, a primeira sessão plenária será dedicada às estratégias de Ensino/Aprendizagem da Economia. José Bravo Nico nesta sua segunda alocução irá reflectir acerca do problema do currículo universitário ser uma questão de Ensino ou de Aprendizagem.
A tarde será marcada pela temática da avaliação no processo de aprendizagem. Intervirão sobre o assunto William Walstad, da Universidade de Nebraska e Nivalde Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que trarão à reunião as suas experiências respectivamente nos Estados Unidos e Brasil.
O Encontro terminará com uma comunicação conjunta de Isabel Alarcão e José Tavares, da Universidade de Aveiro, propondo «Um Novo Olhar Sobre a Docência Universitária».
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