ELEIÇÕES RECONDUZEM
PRESIDENTE
Ramalho continua em
Beja

O actual presidente do Instituto Politécnico de Beja, José Luis Ramalho, acaba de ser reconduzido no cargo, após ter vencido as eleições realizadas a 11 de Junho, nas quais era candidato único. Agora, apesar de se viver um período de contenção de despesas no país, aquele responsável anseia pela concretização dos projectos que tem em carteira e que revelou este ano ao Ensino Magazine.
Com quatro mil alunos e mais de 300 professores na instituição, José Luís Ramalho refere a construção do novo edifício da Escola de Tecnologia e Gestão, actualmente a funcionar em instalações provisórias que impedem a expansão da escola. “Neste momento tudo é prioritário. Há dois anos atrás apenas estava construído o edifício da Superior de Educação, estando as outras em situações improvisadas, com aulas a decorrer em pavilhões pré-fabricados”.
Mas o problema começa a ser resolvido. A primeira fase da Superior Agrária está construída e a segunda já se iniciou. Os arranjos exteriores do campus avançaram e já decorre o concurso para adjudicação do novo edifício, o qual custará mais de dois milhões e meio de contos e ficará junto ao
campus.
Ao nível da acção social, está prevista a segunda residência mista de estudantes, a qual se vai juntar à primeira residência mista e às residências masculina e feminina. No total existem cerca de 230 camas, o que é considerado pouco, pelo que o Politécnico tem protocolos com instituições, como é o caso do IPJ, para conseguir alojar todos os alunos, nomeadamente os estrangeiros que chegam ao abrigo do
Erasmus.
PRESSÃO. Estando Beja muito afastada de Lisboa, José Luís Ramalho defende a criação de parcerias entre todas as instituições, uma vez que Beja tem “pouca força política, dado que não vamos além de três deputados. E é esse pouco peso político, empresarial, social e cultural que sentimos quando temos de negociar com a tutela. Logo, se não houver uma parceria forte, as nossas instituições poderão vir a ter dificuldades, pelo menos a médio prazo”.
Hoje coloca-se também o problema da redução do número de alunos, pelo que o Politécnico tem de encontrar soluções para cativar outros públicos, alargando o seu leque de formação. “O futuro passa por uma nova filosofia. Por isso, a formação ao longo da vida tem de ser assumida verdadeiramente. Estamos por isso a criar bases de dados dos nossos formados para que eles se habituem a vir à instituição para receberem formação”.
Outro dos caminhos passa pela “criação de cursos não conducentes a diploma. Mas mesmo neste aspecto, no Interior haverá mais dificuldades em cativar pessoas, uma vez que a população será diminuta”. Cabe ainda ao Politécnico saber junto das empresas as áreas de formação mais necessárias, sensibilizando depois os empresários para agirem no sentido dos seus trabalhadores poderem receber mais formação. “O problema é que o nosso tecido empresarial é fraco, suporta as suas práticas em conhecimentos ancestrais e nem sempre aceita as mudanças. Mas algumas mudanças estão a acontecer e as mentalidades estão a mudar e vão concerteza mudar”.
Outro dos problemas que mais preocupam José Luís Ramalho é a fixação dos próprios quadros do Politécnico, dado que alguns professores partem rumo a outras instituições, onde conseguem progredir mais depressa na carreira. É que uma das metas é a questão da qualidade da formação, a qual perde com a partida dos professores com graus académicos mais avançados.
“Acontece que o Politécnico apoia a formação avançada dos docentes, mas quando estes estão a terminar essa formação, não têm lugar de quadro. Isso provoca, para além da desmotivação e insegurança profissional, que fiquem vulneráveis a concursos ou a aliciamentos de outras instituições. E isso é natural, dado que noutras instituições têm mais garantias”.

POLITÉCNICA
Universidade para
Viseu
O presidente do Instituto Superior Politécnico de Viseu (ISPV), João Pedro Barros, defendeu, no dia 6 de Junho, a transformação da instituição em universidade politécnica, considerando estarem reunidas as condições que a possibilitam.
Na sua perspectiva, não faz sentido criar mais uma instituição de ensino superior em Viseu, nomeadamente uma universidade pública de raiz, pela qual tem lutado o presidente da autarquia, Fernando Ruas.
“Passaríamos a ter cinco instituições de ensino superior para três escolas de ensino secundário. Iriamos entrar no Guiness”, frisou.
João Pedro Barros falava num debate sobre o futuro do ensino superior em Portugal, promovido pela Federação Académica de Viseu, que reuniu publicamente pela primeira vez responsáveis das várias instituições de ensino superior da região: ISPV, pólo da Universidade Católica, Instituto Piaget e Instituto Superior de Ciências Educativas de Mangualde.
No entanto, o presidente do ISPV salvaguardou que, apesar da autonomia que seria conseguida com a evolução para universidade politécnica, teria que se manter “a filosofia de funcionamento politécnico que o país precisa”.
Frisou que, no final do ano, o Politécnico de Viseu terá uma centena de doutorados e 300 mestres, reunindo condições para passar a universidade politécnica.
João Pedro Barros justificou por que se empenhou na luta contra a instalação em Viseu do Instituto Universitário, um projecto do Governo socialista que foi vetado em Abril pelo Presidente da República.
“Entendia que a solução para Viseu não era a Universidade de Aveiro colocar aqui um polozinho, como se nós fossemos atrasados mentais e incapazes de gerir o nosso futuro”, sublinhou.
A criação da universidade pública de raiz em Viseu não foi, aliás, defendida claramente por qualquer um dos participantes. “No respeito por aquilo que já temos, é perfeitamente legítimo que continuemos a reivindicar o que ainda nos falta”, disse apenas, e sem especificar ao que se referia, o vereador da Câmara Municipal de Viseu José Moreira.
Para Paulo Neto, do Instituto Superior de Ciências Educativas de Mangualde, com o ISPV, a Universidade Católica e o Instituto Piaget - que juntos formam uma academia de mais de 12 mil alunos - Viseu “está dotada de um ensino capacitado para a mudança”, com recursos humanos “de superior qualificação” e infra-estruturas.
“Cabe agora aos políticos locais reconhecerem-no e ao Governo ouvi-los. Tudo o resto são meras frustrações políticas”,
afirmou.

Lusa
FORAM PEDIDAS 1485 VAGAS
Viseu com dois novos
cursos
Engenharia Vitivinícola, na Agrária de Viseu, e Engenharia Informática e das Telecomunicações, na Superior de Tecnologia de Lamego, deverão ser os novos cursos a ministrar no Politécnico de Viseu já no próximo ano. A garantia é do presidente da instituição, João Pedro de Barros, o qual, no entanto, esperava mais cursos aprovados.
“Nota-se alguma retenção por parte da tutela relativamente às nossas propostas de crescimento, o que se compreende pelas dificuldades financeiras do país. No entanto cria-nos muitos problemas, dado que temos um plano de desenvolvimento até 2006, no qual estavam previstas mais áreas de estudos, no sentido de dar resposta aos jovens da região e do país. Mas, das sete ou oito que propusemos, parece que apenas duas serão aceites”.
Com problemas para aprovação de cursos, mais difícil estará o objectivo de transformar a Superior de Enfermagem em Superior de Saúde, além de criar uma Superior de Artes. “Ainda não tive oportunidade de falar com o novo ministro, o qual se encontra a preparar diplomas para apresentar no Parlamento, mas tenho de lhe dizer que não pode ser o Interior a pagar a crise. Quem a gerou que a pague e quem não paga impostos que o passe a fazer. O Interior é que não pode ficar prejudicado”.
Apesar de tudo, João Pedro Barros espera conseguir manter o número de alunos da instituição, actualmente próximo dos nove mil. “Propusemos mil 485 vagas. Não sei o que vai acontecer, uma vez que as médias de entrada terão algum impacto nessa matéria, tal como acontece com o número de alunos. No ano passado não tivemos problemas. Este ano, se houver redução, esperamos que não seja significativa”.
O ano que agora termina terá sido até tranquilo. “Decorreu com alguma normalidade. A instituição voltou a reafirmar-se do nível local ao nacional e todos os cursos estiveram praticamente cheios, o que nos dá a garantia de que a instituição granjeou uma opinião positiva junto dos jovens da região e do país”.
QUALIDADE. Mas se o número de alunos quebra, a hora será de rumar à qualidade, quer a nível de infraestruturas, que da qualificação de professores. “Até final do ano ficamos com 101 doutores e 300 mestres, o que nos dá garantias de boa formação para os sete mil alunos de formação inicial, bem como aos cerca de dois mil que se encontram noutras formações”. Nesta última área, continuarão a funcionar os 10 mestrados existentes e um outro em Matemática. Os doutoramentos continuarão a ser três.
João Pedro de Barros aguarda ainda que a transformação dos politécnicos em universidades politécnicas ocorra dentro em breve, mas refere que deve ir além da mudança de nome. “Esperamos ter a nossa universidade politécnica, mas com as autonomias que hoje são próprias ao ensino universitários, permitindo-nos continuar a manter a filosofia de funcionamento. Essa é a tendência da Europa, com as universidades vocacionais ou profissionais e nós já demos provas que temos todas as capacidades para evoluirmos nesse sentido”.
OBRAS. O Instituto Politécnico de Viseu acaba de abrir concurso para a empreitada de construção de infra-estruturas e arranjos exteriores da envolvente da zona norte do Campus Politécnico, cujo preço base é de 635 mil euros e cujas propostas poderão ser entregues até 18 de Junho. O prazo de execução da obra será de três meses e a área de intervenção é de cerca de 22 mil metros quadrados. Entretanto, já foram adjudicadas as obras de execução da rede exterior da parte norte, a vedação da envolvente norte e de adaptação e conversão para gás natural das instalações do campus.

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