FINANCIAMENTO DO SUPERIOR
Beja exige nova lei

A Escola Superior Agrária de Viseu poderá vir a ser alvo de uma reestruturação em termos de desenvolvimento futuro, a qual poderá ocorrer ainda antes do início da construção das instalações, a qual esteve prevista para o próximo ano, mas acabou por ser retirada do Piddac depois da revisão feita pelo Governo.
A ideia de repensar o projecto é defendida pelos deputados social-democratas do Distrito de Viseu, segundo os quais, em declarações ao Público, “foi unanimemente reconhecido que o projecto [da ESAV] poderá não estar perfeitamente adequado à realidade”. A declaração é de Almeida Henriques, deputado laranja e aconteceu no final de uma reunião que juntou os deputados, o ministro Pedro Lynce, os presidentes da Agrária e do Politécnico de Viseu e ainda a associação de estudantes da ESAV.
A escola, frequentada por cerca de 600 alunos, foi criada há oito anos pelo então secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Lynce, mas até hoje não tem instalações próprias. No PIDDAC 2002, estava prevista a atribuição de 100 mil euros, destinados a iniciar o projecto de construção das instalações, mas a verba foi retirada do plano de investimentos para o próximo ano. Este facto tem motivado críticas sucessivas por parte dos deputados socialistas e esteve na base de uma manifestação dos alunos, no passado dia 30 de Outubro.
O deputado do PSD, Almeida Henriques, explicou a proposta, e acredita que, primeiro, é preciso pensar no futuro da ESAV, sendo que este deverá passar pela especialização, nomeadamente nas áreas do vinho e da vinha, da avicultura e do gado ovino. O objectivo é que a ESAV “se assuma cada vez mais, a nível nacional, como uma escola especializada na vinha e no vinho, procurando tirar partido do potencial da região do Dão”, bem como nos sectores (emergentes no distrito) da avicultura e do gado ovino.
“Não nos colocamos numa postura de reivindicação balofa, mas sim numa lógica de, com responsabilidade, dizer como é que vamos resolver o problema. Não é pelo facto de gritarmos que estava no PIDDAC que estamos a prestar um bom serviço ao país”, frisou Almeida Henriques. Os social-democratas não têm dúvidas de que este processo deve anteceder a inclusão da obra em PIDDAC. “Investir, neste momento, mais de um milhão de contos numa escola que tem à partida 600 alunos pode não ser uma boa política”, salientou o deputado. Reconhece, no entanto, que é importante continuar a exigir do Governo “a prioridade da sua construção, mas numa lógica de um laboratório de serviço à região”.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA
NO IPG
Democratizar o ensino

A Televisão Interactiva pode ser fundamental para o desenvolvimento das regiões. Isto porque existem “conteúdos de âmbito regional que suscitam o interesse das pessoas e que as podem levar a participar activamente nesse serviço”. A opinião é de Eurico Carrapatoso, da Universidade do Porto, que recentemente participou na Semana da Ciência e da Tecnologia, promovida pela ESTG da Guarda.
Docente no Departamento de Engenharia Electrónica e de Computadores da Faculdade de Engenharia daquela universidade, e doutorado em Information Systems Engineering pela Universidade de Bradford (Inglatera), Eurico Carrapatoso é da opinião que “a televisão interactiva pode ser vista como um estádio de evolução relativamente ao serviço de televisão”. A evolução da televisão, que começou com a TV analógica, evoluiu para a televisão digital e apresenta-se hoje com um novo serviço (associa a interactividade), permite-nos “ter uma posição activa: não se consumindo só a informação que nos é feita chegar pela televisão mas tendo a possibilidade de interagir com esses conteúdos”.
Confrontado sobre o eventual atraso de Portugal, na área da televisão interactiva, relativamente a outros países europeus, aquele docente universitário sublinhou que “em termos tecnológicos nós não estamos atrasados. Já em termos de implantação do serviço aí sim haverá algum atraso, não muito significativo. Em relação a Inglaterra, por exemplo, temos um ano de
atraso”.
Comentando o papel que as instituições de ensino superior podem ter no desenvolvimento da televisão interactiva, Eurico Carrapatoso sublinhou esse contributo “na generalização da utilização desses serviços”. Contudo, reconheceu que “infelizmente não é isso que tem acontecido. Por parte das empresas exploradoras do serviço não tem havido interesse, ou capacidade de dialogar ou propor projectos, de forma a aproveitar as
potencialidades que, efectivamente, existem nas instituições de ensino superior”.
Observando que ao nível regional a Televisão Interactiva pode ter um “papel importante”, pois existem “conteúdos de âmbito regional que suscitam o interesse das pessoas, e que as podem levar a participar activamente nesse serviço”, Eurico Carrapatoso reconheceu que o Instituto Politécnico da Guarda “tem material, tem equipamento, tem laboratórios dotados para fazer trabalho nessa área, e tem já um conjunto de professores com experiência. Acho que estão criadas as condições para passar à fase seguinte, que é desenvolver produtos, desenvolver protótipos para fazer experimentação”.

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