VÍTOR BANDARRA
"As audiências
são drama necessário"

As estações privadas de televisão cumprem melhor a missão de serviço público do que a RTP. É o que defende ao «Ensino Magazine», Victor Bandarra, o popular jornalista da TVI. Na sua perspectiva, os directos são o futuro da televisão em Portugal, mas têm de ser melhor pensados. No “pequeno écran” fazem falta programas sobre África e o Brasil, diz Bandarra, para quem a guerra das audiências conduz ao domínio da forma sobre o conteúdo. Mesmo se, como não hesita em afirmar, a informação televisiva no nosso país até melhorou, em termos de nível qualitativo.
Como avalia a qualidade da informação televisiva?
Em geral, o jornalismo televisivo evoluiu muito ao nível tecnológico. Mas, em termos de conteúdo, nem tanto... Há alguma falta de rigor na informação produzida. Reconheço, no entanto, que os jornalistas estão hoje mais preparados do que dantes.
A «guerra de audiências» conduz a um privilégio da forma sobre o conteúdo?
Sim. As audiências são um drama necessário, porque os programas têm de ser vistos por um público. Procura-se, muitas vezes, o impacto das notícias como modo de aumentar essas audiências. Em termos de produção, temos que considerar que um jornal televisivo compõe-se de várias “fatias”: a forma, o conteúdo e o próprio pivô. No caso da TVI, a aposta é em notícias suas, que não são transmitidas pelas outras estações. Há que ter em conta também que o telespectador – mais até do que o Homem – é um ser de hábitos e tende a ver sempre o mesmo jornal televisivo. O grande desafio consiste em alterar esses hábitos. Não é fácil, mas é possível, desde que se apresentem formatos noticiosos atractivos e capazes de conseguir, a prazo, naturalmente, fidelizar os telespectadores. Tem sido esse o esforço realizado pela TVI com o grande sucesso que os números das audiências demonstram.
O futuro da informação televisiva passará pelos directos?
Faz falta sobretudo pensar melhor os directos. Isto, porque normalmente dão menos informação do que uma “peça” apresentada em diferido, depois de recolhidos todos os dados relevantes do acontecimento. Há casos em que se justificam. Mas, abusar dos directos poderá não funcionar, nem em termos informativos, nem de audiências. A discussão recente em torno da justificação no mercado da existência de um canal de TV exclusivamente noticioso encontra, da minha parte, a convicção de que faz todo o sentido. Contudo, pode-se correr o risco do público ficar saturado com tanta informação recebida. O excesso de dados disponibilizado é
contraproducente, porque o público pode ficar sem capacidade para absorver, interiorizar e reflectir sobre a “avalanche” de elementos que constantemente lhe vão chegando a um ritmo acelerado, talvez até demasiado acelerado...
O que é preciso nas televisões nacionais?
São necessários mais programas sobre África e o Brasil, na minha perspectiva. Os portugueses não têm nenhuma ideia da realidade dessas regiões do mundo, por culpa das estações de televisão. Por outro lado, são precisos guionistas em maior número, porque há poucos a escreverem para TV, em termos de produções de ficção. Sendo esta uma área com grande domínio e aceitação na programação actual, revela-se como algo urgente o surgimento de mais guionistas. Além disso, fazem falta programas correctamente elaborados sobre temas como a Ecologia, a Ciência e Tecnologia, a Agricultura e a Defesa do Consumidor. Parecem ser programas com temas pouco apelativos em televisão, mas se a sua forma de apresentação for bem trabalhada, podem alcançar boas audiências. Por outro lado, contribuem bastante para um objectivo de diversificação da oferta de programas. Quanto mais variados forem os produtos televisivos apresentados, mais rica é também a respectiva estação que os transmitir.
É por aí que passa a noção de serviço público?
Sim. Tratam-se de programas que correspondem a esse conceito. Aliás, na minha opinião, as estações privadas prestam um melhor serviço público televisivo do que a RTP. Há que considerar também que um programa, mesmo que seja dirigido a uma certa minoria, tem de ter um público. Não faz sentido que a generalidade das pessoas que compõem essa minoria não o vejam. Nesse caso, não há motivo para manter “no ar” determinados géneros de programas que, muitas vezes, são considerados como de elevada qualidade, mas que pouca gente os vê. Ora, isso não pode ser. Há certas faixas de público que devem assistir aos mesmos, aquelas a cujos gostos os programas se dirigem, mesmo se tal público for constituído por um relativo reduzido número de pessoas. A RTP tem falhado redondamente no serviço público que deveria, em princípio, prestar. E tem cabido aos canais privados colmatar a lacuna, porque alguém tem de exercer tal missão.
Como encara o surgimento em Portugal da TV digital?
Implicará alterações profundas no meio televisivo, disso não tenho dúvidas. Julgo que muitos dos responsáveis que hoje pensam a televisão que se faz ainda não compreenderam que têm de se adaptar às novas tecnologias e, nomeadamente, à TV digital. As transformações deste meio são de vulto, muitas e desenrolem-se a ritmo acelerado. Não ter consciência disto é desconsiderar a realidade do sector e, a prazo, não conseguir introduzir as mudanças que se revelarem indispensáveis.
Os canais temáticos vão obrigar ao reenquadramento dos generalistas?
Cada vez há mais canais temáticos. Os generalistas vão ter de se adaptar a esta situação. É inevitável que tal aconteça, como consequência daquilo que se vier a verificar. A ideia de que uma estação generalista tem de difundir programas que agradem a toda a gente tem de desaparecer, porque é irrealista e profundamente errada. Terão, antes, que apresentar programas dirigidos a públicos específicos, como pescadores, intelectuais e outras faixas de telespectadores. O aumento do número de canais que vão sendo disponibilizados é de tal forma que, qualquer dia, será preciso um que realize a síntese daquilo que é transmitido pelos outros. As opções para o público continuam constantemente a crescer, aumentando, de forma muito significativa, as escolhas à sua disposição.
Quais são os seus gostos pessoais em termos de televisão?
Gosto bastante dos programas de informação como seria normal dada a profissão que exerço. Aprecio também algumas séries. Os «Ficheiros Secretos» são uma das minhas preferidas. Os programas desportivos despertam-se também um grande interesse, já que é uma área de que gosto. Aliás, o futebol é, inclusivamente, a minha psicanálise: quando assisto a jogos, esqueço tudo, entro noutro “mundo” onde não existem preocupações nem problemas nem “stress” profissional. Adoro assistir a desafios de futebol. Do lado oposto, não me desperta nenhuma curiosidade ver telenovelas, não porque sejam um mau produto televisivo, mas devido ao facto de não as acompanhar com a regularidade indispensável para compreender o enredo. Também não tenho por hábito assistir a concursos, mas gostava do «Quem Quer Ser Milionário».

DELMIRA CARDOSO E O
FÓRUM ESTUDANTE
O mercado da
Educação

Mais de duas centenas de instituições vão marcar presença com expositores na próxima edição do
Fórum Estudante. São esperados cerca de 75 mil visitantes, nesta iniciativa, única a nível nacional e que proporciona aos agentes educativos – alunos, professores e pais vastos elementos sobre caminhos possíveis para prosseguimento de estudos. Isto mesmo foi explicado ao «Ensino Magazine» por Delmira Cardoso, Coordenadora Executiva do Centro de Informação Infoforum (a entidade organizadora do certame).
Quais as principais diferenças e/ou novidades da edição deste ano do Forum Estudante?
O modelo das exposições está criado e tem funcionado, pelo que não existem grandes alterações, com excepção da proibição de manifestações ruidosas dentro dos stands, imposta aos expositores! Esta proibição prende-se com o facto de a exposição ter lugar em apenas 1 pavilhão e a experiência com a edição do ano 2000 demonstrou que as manifestações promovidas pelos expositores, nos próprios stands impedem a concretização do objectivo principal da exposição – informar. Como não queremos que as exposições
Fórum Estudante deixem de ser também uma festa de juventude, será montada uma tenda na Praça Sony onde decorrerão actividades culturais e de lazer, promovidas quer pela organização, quer pelos expositores.
Qual o balanço que pode ser feito do conjunto de edições anteriores da iniciativa?
A adesão dos participantes, ao longo de todas as edições, demonstra claramente que o balanço das exposições pode ser considerado positivo. O número de visitantes também tem sido constante ao longo de todas as edições, ficando comprovada a necessidade que os jovens e os educadores têm de esclarecimento sobre as diversas ofertas de formação.
Qual o contributo específico do certame no contexto nacional da oferta de Ensino e Formação aos jovens?
A Exposição Fórum Estudante/Juventude é a única do género a nível nacional. Existem algumas exposições idênticas mas com carácter regional. Além disso, a Exposição reúne instituições públicas e privadas, de ensino superior e não-superior, associações de estudantes e juvenis, bem como instituições que promovem actividades para deficientes e nas áreas da cooperação e solidariedade, abrangendo as áreas, relacionadas com a educação/juventude, mais importantes.
Quais os objectivos centrais do Fórum
Estudante?
O objectivo central das exposições é promover o contacto dos jovens/estudantes com as diversas áreas de formação pré-profissional, informando quanto aos acessos, currículos, saídas e mercado de cada área, para além de lhes facultar um saudável encontro entre si e com diversas manifestações de cultura e lazer.
Na edição deste ano, prevê-se algum aumento do número de participantes?
Para esta edição do Fórum Estudante/Juventude está previsto um número idêntico de participantes – cerca de 160 Expositores a representar mais de 200 Instituições. Ao nível do ensino, o número de instituições públicas e privadas a participar é mais ou menos idêntico.
Em relação aos visitantes, pode adiantar números das últimas edições e uma previsão para a edição de 2002?
O número de visitantes tem-se mantido mais ou menos constante ao longo de todas as edições – 70.000 a 75.000 visitantes. Para a edição de 2002 não se prevêem grandes alterações. Não podemos, no entanto, deixar de referir que efectivamente o número de jovens em Portugal tem vindo a diminuir, o que aliás se pode constatar pelo número de vagas que sobram todos os anos nos cursos superiores.
Há alguma região do país com uma presença mais forte no certame deste ano?
As instituições representadas vêem de diversos pontos do país. No entanto, há uma maior incidência de instituições sediadas em Lisboa, onde também existe um maior número de instituições de ensino a funcionar.
Mais do que um certame, o Fórum Estudante dedica-se a outras acções...
As Exposições Fórum Estudante/Juventude são uma actividade do Centro de Informação
Infoforum.
Ao longo de todo o ano, prestamos um serviço informativo sobre cursos e escolas, bem como acerca de outras áreas de interesse para os estudantes e jovens em geral, como por exemplo, bolsas de estudo, legislação em vigor ou actividades de tempos livres. Estas informações são fornecidas através de um Gabinete de Informação, onde são dadas respostas às questões colocadas pessoalmente, pelo telefone, correio e e-mail. Publicamos anualmente o Guia do Ensino Superior, promovemos acções de informação para grupos vindos de escolas e, com recurso a uma Psicóloga, fazemos testes de Orientação Escolar e Profissional. Para além disto, disponibilizamos na Internet – em www.infororum.pt - as informações constantes da nossa base de dados. O site está a ser remodelado, estando previsto o seu lançamento durante o mês de Novembro, abrangendo todos os tipos de informação que temos disponíveis. Todas estas actividades têm como suporte o Centro de Documentação, cuja preocupação é a actualização permanente de toda a informação.

|