GENTE & LIVROS
Jack Kerouac
“Conheci Dean pouco depois de a minha mulher e eu nos termos separado. Eu acabara de recuperar de uma doença grave de que não vou dar-me ao trabalho de falar a não ser para dizer que teve a ver com essa ruptura extremamente deprimente e a minha sensação de que tudo fracassara. Com a chegada de Dean Moriarty começou o período da minha existência a que se pode chamar a minha vida pela estrada fora. Antes disso, sonhara muitas vezes ir para oeste a fim de ver o país, sempre a planear vagamente sem chegar a partir.(...)”
in Pela Estrada Fora
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Jack Kerouac, oriundo de uma família franco-canadense, nasce a 12 de Março de 1922 em Massachusetts. Em adolescente faz várias viagens a Nova Iorque onde visita bares de jazz e museus e desde sempre se sente atraído pela literatura.
Jogador de futebol, ganha uma bolsa de estudos para a Universidade de Columbia e chega a vencer o campeonato escolar. Mas zanga-se com o treinador e abandona a universidade.
No início da Segunda Guerra Mundial Kerouac recusa-se a servir na marinha de guerra e é obrigado a alistar-se na marinha mercante. Terminada a Guerra volta para Columbia onde encontra aqueles que se tornariam os seus amigos para sempre e a sua maior inspiração. Herbert Hunke, marginal, William S. Burroughs, drogado e novelista; Allen Ginsberg, poeta e filósofo e Neal Cassady, o herói louco de Pela Estrada fora.
O seu primeiro romance The Town and the City é um trabalho de ficção que vende alguns exemplares. Pela Estrada Fora é o segundo livro e o mais conhecido. Esta é a obra que inicia e define a geração Beat. Esta geração está ligada ao Be-bop - um estilo jazz - e acredita na «salvação através do esgotamento e da vivência ao limite».
Toda a sua escrita, poesia e prosa, é autobiográfica. A sua peregrinação pela América, a escrita e os amigos marcaram a maior parte da sua vida.
Os seus últimos anos foram de tristeza e alcoolismo. Jack Kerouac morre na Florida a 21 de Outubro de 1969.
Nota: Beat Literalmente significa «batida» e usado como adjectivo significa «vencido, desiludido, exausto, destroçado». Nos anos 50 passa a significar também «alienado da sociedade».
«Quero uma vida inteira a escrever sobre o que vi com os meus próprios olhos, contando tudo com as minhas próprias palavras, de acordo com o estilo que escolher, tenha vinte e um, trinta, quarenta ou em qualquer idade ainda mais avançada e juntando tudo, como um registo de história contemporânea, para que no futuro, seja possível ver o que realmente aconteceu e o que as pessoas realmente pensavam.» - Jack Kerouac a seu pai Leo. Pela Estrada Fora é tudo
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Eugénia Sousa
Florinda Baptista
Novidades
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Imaginem uma escola onde as crianças que sabem ensinam as crianças que não sabem; onde se pode ouvir música para aprender a pensar e trabalhar em silêncio. Imaginem uma escola onde não existem programas mas onde o conhecimento cresce a partir das experiências vividas pela criança; onde a aprendizagem se faz não pela imposição mas pela vontade. Imaginem uma escola onde a voz de todos conta.
Mas essa escola existe. A Escola da Ponte nº 1 foi “descoberta” pelo pedagogo brasileiro Rubem Alves numa visita a Portugal. Essa experiência ficou reunida no livro A Escola com que Sempre Sonhei - sem imaginar que pudesse existir, uma publicação das
Edições ASA.
O Instituto Piaget publicou Racionalidade e Religião - Precisará a Fé da Razão?, de Roger Trigg. Quando o mundo assiste no dia 11 de Setembro a um atentado terrorista nos Estados Unidos, fundamentado na religião, faz cada vez mais sentido falar de razão e fé. Como a religião deve ser tratada numa sociedade pluralista; se a fé é uma questão meramente pessoal ou pelo contrário deve ser tema de discussão racional são algumas das questões abordadas. Uma obra tremendamente actual.
A editora Gradiva publicou Uma Volta Bem
Dada - Uma História Natural da Chave de Parafusos e do Parafuso de Witold Ribczynski. Nesta história os principais protagonistas são o «par romântico», chave de parafusos e parafuso. O autor, historiador da cultura e da arquitectura, aborda nesta obra a importância revolucionária destes objectos para as sociedades humanas. Um livro para colocar os «parafusos no lugar»... a que eles tem direito.
Os Horríveis estão de volta e aprender vai ser muito mais divertido. Aqui ficam os novos títulos: Miolos Pensadores, Incas aos Bocadinhos , Gregos Baris, Malucos do Cinema, Vómitos Artísticos e Cuspidelas Terrestres. Queres saber a que cheira realmente um cérebro? Por que razão os lamas usavam brincos e bebiam cerveja? Como agradar a uma múmia de 200 anos? Quem teve o primeiro autoclismo do mundo ou se és realmente um artista? Então tens de ler Os Horríveis porque “Pior é impossível”.
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BOCAS DO GALINHEIRO
Burton regressa ao
planeta dos macacos
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Quando em 1968 estreou “O Planeta dos Macacos”, realizado por Franklin J. Schaffner, baseado no romance do francês Pierre Boulle, até aos mais cépticos relativamente às teorias de Darwin, lhes terá passado pela cabeça alguma perturbação perante a antecipação retractada: um planeta governado por símios. Por outro lado, como se viria a saber depois, o tema da sobrevivência e domínio do mais forte, levantava outras questões que nesses conturbados anos 60 estavam na ordem do dia numa América dividida, para referir apenas estes, entre o ku klux klan e os panteras negras. Ao fim e ao cabo, a face real de um dos temas recorrentes do filme, o racismo. Aqui, numa visão ainda mais arrepiante: o homem a ser dominado pelo macaco, no fim de contas o escalonamento dos primatas virado do avesso. O facto é que, olhando-se ao espelho, a humanidade já devia ter percebido que alguns erros se pagam caro. Só que, desgraçadamente, não aprende. Basta olhar os fundamentalismos que, à solta, andam por aí. Não são macacos. Esses, por este andar, virão depois.
Em 2029 o astronauta Leo Davidson (Mark Whalberg), sai na sua nave espacial à procura do seu chimpanzé “astronauta” com o qual havia perdido contacto. Uma turbulência anormal leva a que os instrumentos da nave desatinem por completo, fazendo com que a nave entre no espaço tempo indo cair num planeta estranho. E, no seu primeiro contacto com seres vivos vê-se no meio de uma caçada em que os caçadores são chimpanzés e as presas humanos. Está dado o mote para o remake do filme de Schaffner, realizado agora por Tim Burton, um cineasta impar no género fantástico, capaz de imprimir aos seus filmes atmosferas até aí não tentadas, em que a fantasia supera, em muito, a nossa imaginação. E, neste “O Planeta dos Macacos”, tudo isso se confirma.
Nascido a 28 de agosto de 1958 em Burbank, California, depois de concluir os seus estudos no Californian Institute of the Arts, ingressa como animador nos Estúdios Disney. Porém, as animações da Disney eram demasiado suaves e harmoniosas para o desconcertante Tim Burton que, por sua conta, realiza a curta metragem “Vincent” (1982), uma sentida homenagem ao seu ídolo, o actor de filmes de terror Vincent Price, um residente das fitas de Roger Corman., e que vai buscar para “Eduardo Mãos de Tesoura”. A sua Segunda curta metragem, “Frankenweenie”, de 1984, é outra homenagem, desta vez a Frankenstein, através da história de um garoto que devolve a vida ao seu cão seguindo os métodos do célebre médico criado por Mary Shelly. Notórias já algumas obsessões que vão marcar o cinema de Burton: o seu humor macabro, levado ao extremos em “Beetlejuice” (1988), a sua Segunda longa metragem, aliado à luta entre os bons, figuras diferentes e desalinhadas, e os maus, por regra monstros sem “coração”, tudo acompanhado por uma bem trabalhada bateria de efeitos especiais, de que são exemplos “Batman”, (1989), “Mars Attacks” (1996) e mesmo estranho “Eduardo Mãos de Tesoura”, de 1970, um quase conto para crianças, à volta de uma criatura na linha das melhores criações à Frankenstein. Aliás já na sua estreia na longa metragem, em 1985, o protagonista de “A Grande Aventura de Pee-Wee”, é outra dessas figuras fantásticas, um andrógino homem-criança, meio palhaço, interpretado por Paul Reubens e que dela ficou prisioneiro. Um filme em que a simbiose personagem/filme é tal que seria difícil imaginar um sem o outro. Talvez só Tim Burton se permitisse este desafio. Estavam lançados os dados para uma carreira sem rivais à altura no campo do cinema fantástico.
Em 1994 realiza outras das suas sentidas homenagens, desta vez aos filmes Série Z: “Ed Wood”, a história do pior cineasta de todos os tempos, autor de filmes desconcertantes de que é arquétipo “Plan B From Outer Space”, hilariante, de tão absurdo. Mais um personagem para a galeria particular de Burton. Este Ed Wood pouco terá a ver com o real. Mas, correndo os filmes de Tim Burton, quais são os personagens normais?
Com este “O Planeta dos Macacos”, partindo da história de Boulle, recria-a na sua estética gótica, herdada dos clássicos de terror da Universal dos anos 30 e 40. Mais. Imprime ao filme um ritmo e uma atmosfera que nada têm a ver com a fita de Schaffner. O astronauta não é aqui um herói americano. É um homem que só quer voltar à sua nave e fugir deste pesadelo onde caiu. E, aqui estará o cunho de Burton. Quando todos estariam à espera de um revitalizado Charlton Heston, sai-nos um indivíduo banalíssimo, para quem a luta dos humanos para saírem do jugo dos macacos só lhe toca quando percebe que não tem saída. E os seus enfrentamentos, forçados, com o macaco guerreiro, Thade, interpretado por um “irreconhecível” Tim Roth, acontecem, não por causa da bonita macaca que por ele se apaixona, a também “irreconhecível” Helena Bonham Carter, ou da humana Estella Warren, mas porque percebe que aqueles macacos eram descendentes dos que transportava a sua nave! Não tinha outra saída. E, pasme-se, é a chegada do seu chimpanzé, Péricles, o tal que se havia perdido no espaço, que acaba por ser determinante para o futuro deste estranho planeta de onde, vem a senti-lo depois na pele, não deveria ter saído. É que na Terra, aonde regressa, são os macacos que agora dominam.
Se a isto tudo juntarmos um cenário absolutamente fabuloso e uma inimaginável galeria de “macacos”, estamos sem dúvida perante um dos mais fantásticos, na verdadeira acepção do termo, filmes dos últimos
tempos.
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Luís Dinis da Rosa
ArtUBI com
espectáculos
A Associação Académica da Universidade da Beira Interior vai organizar a quinta edição do Art´UBI, a Mostra de Artes da Universidade da Beira Interior, ao longo de todo o mês de Outubro, uma iniciativa que tem como objectivo enriquecer o panorama cultural da Covilhã e do Concelho com diferentes actividades de elevada qualidade, de modo a mostrar o que de melhor se faz em cultura e arte na área da Academia.
Logo a 1 de Outubro, o Teatro das Beiras apresenta “A Escola dos Maridos”, de Molière, a partir das 21h30, na sede daquele grupo teatral. No dia seguinte será inaugurada uma exposição na antiga Empresa Transformadora de Lãs, enquanto a 4 a festa será na & Companhia, com Bodytythmic, e a 6 está marcada uma sessão de poesia virtual, a partir das 21h30, no anfiteatro da UBI.
A Associação Cultural Orpheu animará a noite de dia 9, com o espectáculo Cantautores onde são evocados músicos como Sérgio Godinho, José Afonso e Fausto. Já a 11 sobe ao palco do anfiteatro da sede da Associação Académica a peça A Birra do Morto, de Vicente Sanches, interpretada pelo Teatr´UBI. O teatro segue no dia 13 com o Grupo Tarumba - Teatro de Marionetas, também na sede da Associação e com a peça Amor de D. Perlimpimpim com Belíssa no seu Jardim. Entre 15 e 19 decorre a mostra de curtas metragens . Já antes, a 18, a partir das 21h30, Filipa Pais interpretará músicas tradicionais e outras originais no Teatro-Cine da Covilhã. O teatro volta entretanto nos dias 20 e 23, com O Pequeno Monstro, de Jasmine Dubé, no anfiteatro da Associação, a cargo da Associação de Teatro e outras artes (ASTA). Finalmente, a 27 de
Outubro actuam na Covilhã as Adufeiras de Monsanto e a 30 o Balleteatro do Porto actua no Teatro Cine a partir das
21h30.
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