In Association with Amazon.com

Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº44    Outubro 2001

Cultura

GENTE & LIVROS

Antonio Skármeta

«Mas o carteiro ainda teve a presença de espírito para dizer:

- Poça, como eu gostava de ser poeta!

- Homem! No Chile todos são poetas. É mais original que continues a ser carteiro. Pelo menos andas muito e não engordas. No Chile todos os poetas são barrigudos.
Neruda voltou a pegar na maçaneta da porta, e dispunha-se a entrar quando Mario, fitando o voo de um pássaro invísivel, lhe disse:

- É que se fosse poeta poderia dizer o que quero.

- E o que é que queres dizer?

- Bem, esse é justamente o problema. Como não sou poeta, não sei dizê-lo.»

In O Carteiro de Pablo Neruda 

 

António Skármeta nasceu no Chile em 1940. Estudou Filosofia e Letras no seu país e em Nova Iorque. Dos 27 aos 33 anos lecciona Literatura na Universidade do Chile.
Em 1973 dá-se um golpe de Estado e Augusto Pinochet instala uma sagrenta ditadura no Chile. Skármeta parte para Berlim.

Após 1981 dedica-se à escrita, ao cinema e ao teatro, continuando a sua actividade como professor convidado de universidades europeias e norte-americanas. É Bolseiro da Fundação Guggenheim e do Programa das Artes de Berlim. O governo francês concede-lhe o título de “Cavaleiro das Letras”.

Após um exílio de 15 anos na Alemanha, Skármeta regressa ao Chile.

O seu trabalho como argumentista resultou em filmes como Reina la tranquilidad en el país, La Insurreccíon e Desde lejos veo este país. Como director de cinema, rodou vários documentários e longas metragens. Em 1993 baseado no seu romance com o mesmo título, realiza o filme Ardiente Paciencia com o qual é galardoado em inúmeros festivais de cinema. Michael Radford irá depois realizar uma nova adaptação cinematográfica daquela obra, O Carteiro de Pablo Neruda. Em 1994 estreia no Festival de Veneza e é aplaudida em todo o mundo.

Há quase 10 anos que Skármeta conduz um programa televisivo, “El Show de Libros”, na Televisão Nacional do Chile.

Da sua bibliografia destacamos os romances: O Carteiro de Pablo Neruda (Ardente Paciência), Sonhei que a Neve Ardia, A Insurreição e As Bodas do Poeta e os contos O entusiasmo, Despido no Telhado e Tiro Livre.

O Carteiro de Pablo Neruda. Mario Jiménez vive com o pai na Ilha Negra onde o principal ofício é a pesca. Mario não quer ser pescador e aos 17 anos arranja trabalho como carteiro. Mas naquele lugar, não se lê nem se escreve e Mario tem um único cliente, Pablo Neruda. A amizade de Don Pablo e a sua poesia transformam a vida de Mario.

Eugénia Sousa
Florinda Baptista

 

 

 

BOCAS DO GALINHEIRO

Desculpem qualquer coisinha

O cinema é uma ilusão. Hollywood é justamente chamada a fábrica das ilusões. Para min, amante destas coisas do cinema, que me lembro, desde sempre, de ir ao cinema, sim porque “dantes” nós é que íamos ao cinema, no escuro, que é como ele sabe melhor, sempre achei muito natural a ilusão que me era proporcionada. Gostava. E, ainda gosto. Por isso nunca levei muito a peito algumas “gaffes” que aqui e ali aparecem os filmes, quais gralhas do jornalismo.

As mais célebres são sem dúvida as dos microfones que pairam por cima da cabeça dos actores e que escapam ao fotógrafo e lá aparecem na parte superior do écran. Ou os corriqueiros aparecimentos de relógios de pulso em filmes situados na Roma Antiga, por exemplo, como é o caso do conhecidíssimo “Ben-Hur” . Eram histórias que se contavam e passavam de boca em boca e, como a mais pequena distracção é a morte do artista, muitas vezes, por mais que tentássemos, não conseguíamos ver o que o que todos sabiam. Desde já confesso que nunca consegui descobrir o tal gladiador de relógio de pulso. Mas, ainda não perdi a esperança.

Porém, para quem se quiser dedicar a esta empreitada tem hoje à sua disposição vários livros sobre o tema, um deles é o “Film Flubs”, de Bill Givens, ou sites na Internet que se dedicam a esta investigação. E, posso dizer-vos, que encontram as maiores curiosidades sobre o tema.

O oscarizado “Gladiador” (na foto), de Ridley Scott, é um dos filmes recheado de, chamemo-lhe assim, pequenos lapsos. Desde logo os de História. Há um gladiador que diz que é da Roménia, não pode ser, na altura chamava-se Dácia! Mas, apesar de alguns gladiadores saberem desde logo o nome que a sua terra iria ter daí a 2 mil anos, o mais espantoso é que todos eles se entendiam perfeitamente apesar de, supostamente, falarem línguas diferentes. E, este exemplo, serve para uma mão cheia de filmes. Mas, como diria o outro “Who cares?”. Mas, há quem se preocupe e até saiba que nenhum romano diria na altura que ia ao Coliseu, porque o seu nome era “Anfiteatro Flavio”. Numa cena do filme, quando Máximo luta contra os quatro pretorianos, mata um que está a cavalo e de costas, atirando-lhe a espada. Porém quando este cai ao chão tem a espada cravada no peito. Efeito boomerang? Mas, quem era suposto saber de História era o professor Jones, Indiana Jones. Só que em “Os Salteadores da Arca Perdida” sai-se com aquela de que Moisés recebeu “Os Dez Mandamentos” no Monte Ararat. Errado, Professor! Os mandamentos foram recebidos no Monte Sinai. O monte Ararat é onde, supostamente, estará a Arca de Noé. E já no terceiro episódio “Indiana Jones e a Grande Cruzada” ele e o pai (Sean Connery) embarcam no zepplin alemão Hindenberg. A cena tem lugar em 1938. A queda do Hindenberg foi em 1937. Ninguém é perfeito!

Há também quem tenha visto com muita atenção “ A Missão Impossível 2”, de John Woo, um filme cheio de acção e velocidade. Só não se percebe como é que a moto do Tom Cruise, de grande cilindrada e rotação, não consegue afastar-se dos carros que a perseguem. Só por nabice, coisa que não é esperada de um herói. Mas, mais estranho é que a matrícula da mota alterna entre NI - 69 e ND - 69. Repararam? Mas, o mesmo acontece com os pneus que tão depressa são de estrada como de cross, dependendo do terreno por onde passa durante a perseguição!

“O Dia da Independência” também não escapa ao olhar atento dos caçadores de “gaffes”. Assim, logo na primeira cena as pegadas na superfície lunar são tapadas pelo pó provocado por uma nave que sobrevoa a Lua. Se não há atmosfera no nosso satélite, como pode criar-se vento? Mas, há mais. Como é que Jeff Goldblum consegui meter um vírus informático da Macintosh num sistema extraterrestre? É obra!

A acidentada viagem do Titanic filmada por James Cameron também está repleto de pequenos “acidentes”. Kate Winslet tem olhos verdes, logo a sua Rose também. Mas a “velha” Rose, tem olhos azuis. Pergunta-se, a cor dos olhos muda ao longo da vida? Outra pergunta: que aconteceu aos cães que vemos embarcar ? É que aquando do naufrágio não se vê nenhum! Sr. Cameron: o que é que o senhor fez aos bichos? Se a liga de protecção dos ditos tivesse visto o filme! Como se sabe “Titanic” gira à volta de um desenho a carvão encontrado dentro dum cofre. Como é que durou tanto tempo debaixo de água. Tudo bem, podem dizer que o cofre é à prova de água. Mas digam-me lá então como é que os quadros de Rose, originais de Picasso, de Degas e de Claude Monet foram recuperados, uma vez que podem ser vistos em famosos museus da actualidade? Mistérios.

Apesar destes exemplos recentes, as gaffes já vêem de longe. Elvis Presley esteve preso em “Jailhouse Rock”, de 1957. Quando chega à prisão é o preso n.º 6239. Uma cenas à frente já é o 6240. Promoção? Ou então porque não falar da precoce chegada da luz eléctrica a Atlanta. É que quando Scarlett em “ Tudo o Vento Levou” corre pelas ruas da cidade passa por uma luz eléctrica! É que a cena passa-se durante a guerra civil americana...Não admira que Robert Redford tenha colocado em exibição num teatro de “Quizz Show”, o filme de Fellini “La Dolce Vita”. É que o escândalo do concurso foi em 1958 e o filme do grande realizador italiano é de 1960. Uma homenagem demasiado precoce. Mas nestas coisas do tempo há surpresas impensáveis. Não é que em “Armaggeddon”, quando no final do filme nos é dado ver as celebrações da destruição do asteróide, não é que, apesar de ser no mesmo momento é de dia em todos os continentes. E esta?

Como dizia o outro, males que não se vêem não se sentem. Mas, da próxima vez que for ao cinema, atenção: pode haver uma gaffe à sua espera. Boas fitas!

Luís Dinis da Rosa

 

 

 

ArtUBI com espectáculos

A Associação Académica da Universidade da Beira Interior vai organizar a quinta edição do Art´UBI, a Mostra de Artes da Universidade da Beira Interior, ao longo de todo o mês de Outubro, uma iniciativa que tem como objectivo enriquecer o panorama cultural da Covilhã e do Concelho com diferentes actividades de elevada qualidade, de modo a mostrar o que de melhor se faz em cultura e arte na área da Academia.

Logo a 1 de Outubro, o Teatro das Beiras apresenta “A Escola dos Maridos”, de Molière, a partir das 21h30, na sede daquele grupo teatral. No dia seguinte será inaugurada uma exposição na antiga Empresa Transformadora de Lãs, enquanto a 4 a festa será na & Companhia, com Bodytythmic, e a 6 está marcada uma sessão de poesia virtual, a partir das 21h30, no anfiteatro da UBI.

A Associação Cultural Orpheu animará a noite de dia 9, com o espectáculo Cantautores onde são evocados músicos como Sérgio Godinho, José Afonso e Fausto. Já a 11 sobe ao palco do anfiteatro da sede da Associação Académica a peça A Birra do Morto, de Vicente Sanches, interpretada pelo Teatr´UBI. O teatro segue no dia 13 com o Grupo Tarumba - Teatro de Marionetas, também na sede da Associação e com a peça Amor de D. Perlimpimpim com Belíssa no seu Jardim. Entre 15 e 19 decorre a mostra de curtas metragens . Já antes, a 18, a partir das 21h30, Filipa Pais interpretará músicas tradicionais e outras originais no Teatro-Cine da Covilhã. O teatro volta entretanto nos dias 20 e 23, com O Pequeno Monstro, de Jasmine Dubé, no anfiteatro da Associação, a cargo da Associação de Teatro e outras artes (ASTA). Finalmente, a 27 de Outubro actuam na Covilhã as Adufeiras de Monsanto e a 30 o Balleteatro do Porto actua no Teatro Cine a partir das 21h30.

 


Visualização 800x600 - Internet Explorer 5.0 ou superior

©2001 RVJ Editores, Lda.  -  webmaster@rvj.pt