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Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº45    Novembro 2001

Cultura

GENTE & LIVROS

Christian Jacq

“- E se me deixasse em paz?
O Monge permaneceu impassível.
- Tem a cabeça noutro lado, Venerável. Não está presente. Isso é muito mau. Tanto para si como para os doentes.
- No mosteiro também dava lições o dia inteiro? Nós, na loja, evitamos fazê-lo. 
- É normal. Não sabem nada. Os maçons são uns incapazes. 
- Acha então que a sua bela religião não provocou catástrofes suficientes na terra?
- Não sou missionário nem padre. Sou monge beneditino. 
- E eu sou venerável de uma loja iniciática. 
Os dois homens desafiaram-se. Nem um nem outro estava decidido a ceder primeiro. A fadiga dominava-os. Mas ceder seria reconhecer a superioridade do outro. Pior ainda, a sua verdade espiritual”.


In O Monge e o Venerável

Christian Jacq nasceu em 1947 em Paris. Aos 13 anos “descobre” A História da Civilização do Antigo Egipto de Jacques Pirenne que o marca profundamente. O Egipto será a «pedra de toque» da sua vida. Aos 17 anos, antes do bacharelato, casa e parte com a mulher em lua-de-mel para o Egipto. Aos 21 anos publica o seu primeiro livro, um ensaio acerca do Egipto Antigo e a Idade Média. Abandona o curso de Filosofia e começa os estudos de Arqueologia e Egiptologia na universidade de Sorbonne. Faz o doutoramento com a tese Le Voyage dans l`autre monde selon l`Egypte ancienne: épreuves et métamorphoses du mort dàprès les textes de pyramides et les textes de sarcophages, que será publicada em 1986. Começa a sua carreira universitária, escreve e publica vários ensaios.

Para se consagrar à escrita, deixa Paris com a mulher e o cão para se instalar numa casa biblioteca com mais de 10 000 obras de referência. O Caso Tutankhamon obtém o Prémio Maisons de la Press de 1992. Em 1993 e 1994 a sua triologia “O Juiz do Egipto” constituída pelos volumes A Pirâmide Assassinada, A Lei do Deserto e A Justiça do Vizir entraram para a lista dos best-sellers - mais de 300 000 exemplares vendidos. Em 1995 o escritor lança-se num novo desafio de fôlego: contar a vida do faraó Ramsés II em cinco volumes. Publicada em 25 países esta séria consagrou definitivamente o autor. 

Christian Jacq é fundador do Instituto Ramsés.

Da sua bibliografia fazem também parte, os títulos: A Rainha Sol, A Mensagem dos Construtores de Catedrais, Por Amor de Filai, Barragem no Nilo, Faraó Negro, Mestre Hirão e o Rei Salomão e O Monge e o Venerável.

O Monge e o Venerável baseia-se em factos reais. Durante o terror nazi, Himmler cria um serviço especial que pretende conhecer os segredos das sociedades secretas a quem se atribuem poderes ocultos. Na mesma prisão encontram-se o irmão Benôit, monge beneditino e radiestesista e François Branier, médico, resistente e Venerável-Mestre de uma loja maçónica. Para um a existência de Deus, para o outro a do Arquitecto Supremo - as diferenças parecem irreconciliáveis. Contudo eles tem muito mais a uni-los do que a separá-los. Os caminhos são só aparentemente divergentes pois o fundamental são os valores e o que se procura atingir.

Eugénia Sousa
Florinda Baptista

 

 

LIVROS

Novidades

GARRIDO EDITORES. O Timbre das Vozes é o livro que colige todas as entrevistas que José Correia Tavares fez para a imprensa escrita. Alves Redol, Amália Rodrigues, Assis Pacheco, Bernardo Santareno, João Villaret, Laura Alves, Mário Perdigão, Natália Correia, Urbano Tavares Rodrigues entre outros. O livro contem 36 entrevistas onde o próprio escritor é entrevistado por Miguel Serrano. José Correia Tavares é poeta e vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores. O escritor tem 14 livros publicados bem como ensaios, antologias e colaboração em vários jornais e revistas. O Timbre das Vozes é uma publicação da Garrido Editores.


D. QUIXOTE.
As Publicações D. Quixote, na sua colecção «Gestão & Inovação», editaram Humanator 2001. Pedro B. da Camara, Paulo Balreira Guerra e Joaquim Vicente Rodrigues são os autores de, segundo a sua própria definição, «um livro português de gestão, para gestores, solidamente alicerçado na nossa realidade.». Um trabalho de investigação de quase 2 anos, onde o Marketing se associa à Psicologia e aos Recursos Humanos. Na sua 4ª edição, Humanator, é um sucesso garantido e uma garantia de sucesso para as empresas.


PIAGET.
O Instituto Piaget, na sua colecção Horizontes Pedagógicos, publicou Como as Crianças Aprendem as Ciências de Jean-Pierre Astolfi, Brigitte Peterfalvi e Anne Vérin. A aprendizagem das ciências há muito que constitui um problema para alunos e professores. A renovação do seu ensino, desde a escola primária, é o desafio proposto pelos autores.«Qualquer pessoa pode propor ideias e projectos para o melhoramento do ensino das ciências». Os autores conseguem-no.


EDIÇÕES ASA.
As Edições ASA , publicaram A Compreensão na Leitura de Jocelyne Giasson. Os professores deparam-se, muitas vezes, com o facto de os alunos não compreenderem o que lêem e isso independentemente das suas aptidões para a leitura. Este livro traz uma resposta ao apresentar um modelo interactivo de compreensão e ensino bem como a abordagem de vários processos de leitura. Um livro recomendado a professores “para os alunos também lerem”.

 

 

 

BOCAS DO GALINHEIRO

Quem vai à guerra...

A hipótese de Silvester Stallone, aliás, Rambo, ir ele próprio ao Afeganistão e trazer de lá Bin Laden, parece estar cada vez mais próxima de se concretizar. Depois de ter enfrentado com êxito os soviéticos em “Rambo III” (1988), de Peter Macdonald, onde foi resgatar o seu antigo superior e amigo, Richard Crenna, prisioneiro dos então invasores, o regresso numa versão IV de “First Blood”, apesar das hesitações do actor, já para lá dos cinquenta, é cada vez mais eminente, principalmente se esta caça ao homem demorar. Aliás, o recurso ao cinema como meio de propaganda em tempo de guerra não é de agora.

Com os acontecimentos do 11 de Setembro, a certeza de que os americanos retaliariam era absoluta. Sá não se sabia quando. A guerra teve que acontecer e, como todas as outras, agora ou mais logo vai ter direito a passar ao cinema, como todas antes desta. O género filmes-de-guerra é um dos filões mais explorados no cinema, a maior parte deles com assinalável êxito. Poucos realizadores de nomeada resistiram a uma incursão no género. Ainda bem, dizemos nós. E o cinema, que ficou a ganhar.

Podemos começar por Stanley Kubrik, um realizador de que gostamos particularmente, e a quem já dedicamos umas Bocas. Em 1957 realizou “Horizontes de Glória”, um retrato único de um episódio real passado na frente francesa durante a I guerra mundial, o que resultou na proibição do filme em França, a hierarquia militar não gostou do tratamento, e também em Portugal. Mais tarde, em 1964 arranca uma obra prima da sátira e do humor negro, demolidora, sobre a guerra fria em “Dr. Estranhoamor”, com uma múltipla e inolvidável interpretação de Peter Sellers, para em 1987 dirigir “Nascido para Matar”, uma visita do mestre à guerra do Vietname, quando todos pensavam que o dossier estava encerrado. Mas, o que ressalta é sem dúvida a escalpelização do treino dos marines, com uma mais que realista interpretação do instrutor, Lee Ermey.

A paranóia Vietname americana deu azo a filmes para todos os gostos. Uns de muito bom gosto, diga-se. Para mim ponho à cabeça o controverso “Apocalipse Now” (1979), de Francis Ford Coppola, um épico em que a guerra é pretexto para um espectáculo visual e, musical. Basta lembrar o ataque dos helicópteros ao som de Wagner. Absolutamente fabuloso, como fabulosa é a presença de Marlon Brando. Mas, se quisermos um filme em que a tal paranóia é tratada nos seus pontos chave, teremos que ir até “Caçador” (na foto), realizado em 1978 por Michael Cimino, Oscar para o melhor filme e realizador. Já agora, e por falar no Oscar, convém lembrar que o primeiro filme a ganhar o tão cobiçado galardão da Academia foi exactamente um filme de guerra: “Wings” (1927), de William Wellman , como o próprio nome dá a entender, sobre a aviação e com Gary Cooper. Já que falamos de Gary Cooper, lembremos a adaptação do romance de Ernest Hemingway que protagonizou, “O Adeus às Armas”, 1932, de Frank Borzage.

Sobre a primeira guerra mundial podíamos enumerar uma longa lista, desde “A Oeste Nada de Novo”, de Lewis Milestone, uma adaptação de 1930 da obra de Erich Maria Remarque, “ A grande Ofensiva” (1936), de Howard Wawks ou “Esquadra Heróica” (1938), de John Ford, bem como as incursões pacifistas de Charlie Chaplin em “Charlot nas Trincheiras” (1918), ou de G. W. Pabst, em “Quatro de Infantaria”, uma visão alemã do conflito, entre outros. Muitos. Onde se inclui o português “João Ratão” (1940), de Jorge Brum do Canto, sobre a participação portuguesa na frete francesa.

Mas, outras lutas foram relatadas em filmes. A revolução dos sovietes por Sergei Eisenstein em dois filmes únicos, “O Couraçado Potemkine”, de 1925 e “Outubro”, de 1927, ou como o experimentalismo do mestre russo, pode ser, simultaneamente, um marco na cinematografia e a defesa de uma ideologia, de que o cinema soviético do princípio do século 20 seria motor. Basta lembrar fitas como “Arsenal”, 1929, de Alexandre Dovjenko ou “Tchapaiev”, 1934, de George e Sergei Vassiliev.

A epopeia colonial inglesa mereceu alguns relatos, entre eles “Lanceiros da India”, de Henry Hathaway (1935), “A Carga da Brigada Ligeira”, de Michael Curtiz(1936) e “Shirley, Soldado da India”, de John Ford (1937) com Shieley Temple, então com nove anos! Também as campanhas coloniais portuguesas tiveram honras de grande écran, com destaque para “Chaimite”, de Jorge Brum do Canto, filme de 1953, sobre as campanhas de “pacificação” de Moçambique, que culminaram na captura de Gungunhana.

Será porém a segunda grande guerra a dar um contributo quase inesgotável para o rol, dos filmes de propaganda, durante o conflito, como “A Batalha de Midway” (1942), de John Ford, “Casablanca”, realizado no mesmo ano por Michael Curtiz, ou em tom de comédia, como o fez Ernst Lubitch, em “Ser ou Não Ser”. Depois foi um sem parar de relatos para todos os gostos: “Patton”, de Franklin J. Schaffner, “O Dia Mais Longo”, de Andrew Marton, Ken Annakin e Bernhard Wicki, “Os Heróis de Telemark”, de Anthony Mann, “Doze Indomáveis Patifes”, de Robert Aldrich, ou a visão de Luchino Visconti em “Os Malditos”, ou de Bob Fosse em “Cabaret”.

Podiamos estar aqui várias páginas a enumerar filmes até chegarmos, por exemplo, a “Três Reis”, de David O. Russell, a recente incursão americana na guerra do Golfo, Mas, não pode ser. Uma coisa que os jornais não dão com fartura é espaço! Até ao próximo!

Luís Dinis da Rosa

 


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