15 ANOS DE UBI E NOVOS
CURSOS
Seis anos decisivos

A Universidade da Beira Interior vive problemas de financiamento que são agravados pela sua localização geográfica. Por isso, em dia de celebração dos 15 anos de universidade, o Reitor, Manuel Santos Silva aproveitou a presença do ministro da Educação, Augusto Santos Silva, para sublinhar a necessidade de optimizar a fórmula da Lei de Financiamento do Ensino Superior. “A fórmula de financiamento deverá ser melhorada e deverá ter em consideração as situações particulares de algumas instituições”.
Um alerta que foi feito no Anfiteatro das Sessões Solenes, num dia em que não se registaram inaugurações, mas que ficou marcado pela atribuição do grau honoris causa ao Comendador Sebastião Alves (Ver caixa). A interioridade e o financiamento foram porem as questões mais candentes, nomeadamente porque a universidade tem um plano de desenvolvimento que quer cumprir e precisa de recursos financeiros para o poder levar avante.
O ministro da Educação, Santos Silva, não foge ao tema e afirma que, ao nível do financiamento do ensino superior, “mais importante do que as questões da interioridade ou da periferia são as questões da qualidade, dos projectos de desenvolvimento e do desempenho das instituições”. Disse ainda que já foi criada uma comissão formada pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (CCIP) e Ministério da Educação, para apurar até que ponto a actual fórmula de financiamento pode ser melhorada.
CRESCIMENTO. Após 15 anos de existência da instituição, a abertura em Outubro próximo da Faculdade de Ciências da Saúde, com a licenciatura em Medicina, é o grande passo na caminhada que a UBI tem vindo a fazer desde 1986. “Este foi o projecto de desenvolvimento regional com o maior alcance dos últimos anos”, refere Manuel Santos Silva, reitor da
UBI.
Para o futuro, já estão traçados objectivos definidos no Plano de Actividades 2001/2006, os quais passam pela “criação de algumas licenciaturas, a adaptação de outras às novas necessidades do País e o encerramento de vagas de ingresso”. À espera de atribuição de vagas estão os novos cursos de Filosofia, Português - Espanhol, Psicologia, Engenharia Informática e Engenharia Química, ramo Celulose e Papel e Ambiente.
A UBI propôs ainda a transformação da licenciatura de Física Ensino para Física e Química - via Ensino e a alteração da designação do curso de Física Aplicada para Optometria e Optotecnia - Física Aplicada. Alterações que pretendem colocar os cursos em maior consonância com o mercado de trabalho, conforme tem acontecido noutras escolas e universidades, por solicitação do tecido empresarial.
PEDIDOS. Manuel Santos Silva aproveitou a presença do ministro Augusto Santos Silva para relembrar alguns projectos que aguardam um parecer positivo do Ministério da Educação, nomeadamente o financiamento para a construção de algumas infra-estruturas urgentes para a expansão da universidade.
Entre as diferentes necessidades estão o novo Pólo da Unidade de Artes e Letras, os Serviços Centrais da Reitoria, um auditório com uma capacidade superior ao do actual anfiteatro das Sessões Solenes, o Complexo Pedagógico de apoio às Ciências do Desporto, as unidades alimentares e residências para os Pólos III e IV e a uma piscina coberta e aquecida do Complexo Desportivo da Covilhã, estrutura que une esforços da autarquia e universidade.
Durante a cerimónia foi ainda assinado o protocolo entre a Câmara e a Universidade que visa a concessão de terrenos, com uma área de quatro mil e 200 metros por parte da primeira entidade, a fim de ser criada no local uma estrutura destinada à prática de modalidades desportivas e terapêutica, que será utilizada pelos alunos da UBI e população
covilhanense.
Os pedidos foram ouvidos por Augusto Santos Silva, apesar deste se ter escusado a avançar com garantias. No entanto afirmou encarar os pedidos de forma séria, ressalvando que “os recursos não caem do céu nem nascem por geração espontânea”. Além disso, Augusto Santos Silva afirmou que as instituições universitárias, “para conseguirem mais recursos devem demonstrar que usam bem as verbas que lhes são atribuídas”.
Apesar de tudo, reconheceu que o volume de recursos que têm sido entregues às universidades “não é suficiente mas é considerável”, adiantando que esse número tem vindo a aumentar. Aconselhou também os presentes a “intervir na escala adequada a cada problema”. Estudos desenvolvidos mostram que a Saúde, as Tecnologias e as Engenharias são áreas prioritárias no desenvolvimento do ensino
superior.
Carla Loureiro/Marisa Miranda/EM
JOSÉ MANUEL SANTOS
EXPLICA COMO
Filosofia avança na
UBI

A Universidade da Beira Interior vai abrir a licenciatura em Filosofia já no próximo ano lectivo, um curso clássico, mas com uma perspectiva nova, cujo director é o actual presidente do Departamento de Comunicação e Artes, José Manuel Santos. Aliás, de início, o Curso de Filosofia ficará agregado àquele departamento, alargando assim as áreas fundamentais do saber universitário.
“O curso de Filosofia é um curso de base, equivalente a um curso de Matemática numa faculdade de Ciências. Como a UBI é a única universidade da região, é importante que exista um curso de Filosofia”, explica José Manuel Santos. Um responsável para quem o curso não terá problemas em termos de procura, pois “nos cursos que existem nas universidades do Litoral são preenchidas todas as vagas e com uma nota relativamente alta, que ronda o 14”.
Como o curso só existe e Lisboa, Porto, Coimbra e Braga, a UBI decidiu avançar e já assegurou o corpo docente. “Tínhamos três doutorados em Filosofia que ministravam as cadeiras desta área do conhecimento nos cursos, nomeadamente no de Comunicação. São cadeiras como Ética e Estética, esta última que abre agora no curso de Design. Existem ainda quatro mestres, pelo que, para começar, nem é preciso contratar ninguém”, explica.
O novo curso terá um currículo clássico de base, semelhante ao dos que já existem, que abordam desde a Filosofia antiga à contemporânea, a teoria do conhecimento, epistemologia e filosofia das ciências, bem como a área da prática, ou seja, política e ética. São ainda ministradas algumas disciplinas obrigatórias para quem quiser seguir a via de
ensino.
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