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Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº40    Junho 2001

Cultura

GENTE & LIVROS

Scoot Fitzgerald

“«Ia eu mesmo a perguntar-lhe como se chamava, quando Jordan olhou em volta e sorriu.

- Então, está mais divertido agora? - perguntou.

- Muito mais. - Voltei-me de novo para o meu recém-conhecido: - Esta festa é um bocado estranha para mim. Ainda nem sequer vi o dono da casa. Moro já ali ... - assinalei com a mão a cerca, invisível à distância -, e este tal Gatsby mandou lá o motorista com um convite para mim.

Olhou-me durante um momento como se não percebesse, e de repente disse:

- O Gatsby sou eu.

- Não me diga!- exclamei. - Oh! Peço-lhe imensa desculpa!

- Pensei que você já sabia, meu velho. Receio não ser lá muito bom anfitrião.

Sorriu compreensivamente - ou mais do que isso. Era um desses raros sorrisos que têm o dom de restabelecer incessantemente a confiança nos outros, como só encontramos quatro ou cinco vezes na vida. Um sorriso que por um instante enfrentava - ou parecia enfrentar - toda a eternidade e que depois se concentrava em nós como um irresistível preconceito a nosso favor».

In O Grande Gatsby

Francis Scott Key Fitzgerald nasceu em 24 de Setembro de 1896, em Saint Paul, Minnesota (EUA). Filho único de uma família católica abastada estuda nas melhores escolas. Mas estudar não fazia sentido para Fitzgerald, interessa-lhe o desporto, a sociedade e os livros. Em 1913 entra em Princeton mas abandona a Universidade sem o diploma. Alista-se no exército em 1917 e num campo de treino do Alabama conhece Zelda Sayre com quem se casa, em 1921. Desmobilizado do exército segue a carreira de publicitário até publicar o seu primeiro romance Este Lado do Paraíso. Começa o seu percurso na escrita que o deixaria conhecido como o porta-voz de uma juventude insatisfeita do pós-guerra, «A Geração Perdida». Em 1924 parte para França, com outros artistas norte-americanos onde leva uma vida agitada. Escreve o Grande Gatsby um ano depois, mas vende pouco. De volta aos Estados Unidos em 1937, escreve roteiros de cinema para Hollywood. Debilitado pelo álcool faz duas tentativas de suicídio em 1936. No dia 22 de Dezembro de 1940 morre um dos escritores mais representativos da geração americana dos anos 20, por ele chamada a “Era do Jazz”.

Muito fragilizada, Zelda interna-se várias vezes para tratamento psiquiátrico. Morre num hospital psiquiátrico em consequência de um incêndio, em 1948.

Da sua bibliografia destacamos os romances: Este lado do Paraíso (1920); O Grande Gatsby (1925); Suave é a Noite (1934); O Último Magnata (1941). A novela Belos e Malditos (1922) e Contos da Era do Jazz (1922).

O LIVRO. O Grande Gatsby. Gatsby é um homem rico e misterioso, pouco se sabe sobre a sua pessoa, muito se especula sobre a sua fortuna. Gatsby dá grandes festas na sua mansão, e num desse eventos conhece Nick Carraway, o vizinho e o narrador da história. A paixão de Gatsby por Daisy Buchanan, um amor de antes da guerra, a sua queda e o desencanto de uma geração, tão longe do «sonho americano».

Eugénia Sousa
Florinda Baptista

 

 

 

Novidades

ASA. As Edições ASA publicaram, integrado nas comemorações do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura a obra Porto Ficção. O livro inclui o programa de edições do Porto 2001 e integra 15 contos inéditos, dos autores: Agustina Bessa-Luís, Bernardo Carvalho, Lídia Jorge, Luísa Costa Gomes, Lygia Fagundes Telles, Manuel Jorge Marmelo, Maria Velho da Costa, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Mia Couto, Moacyr Scliar, Nélida Piñon, Pepetela, Rui Nunes e Urbano Tavares Rodrigues.

ASSÍRIO & ALVIM. A Assírio & Alvim publicou, numa iniciativa conjunta com a Porto 2001- Capital Europeia da Cultura a Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro. São de Manuel Hermínio Monteiro as seguintes palavras:« Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro mostra-nos que em todos os tempos e por toda a parte sempre palpitou a energia poderosa da mais pura emoção humana que hoje podemos experimentar nestas duas mil e uma pétalas que formam esta Rosa do Mundo.» Um livro universal e imprescindível.

EUROPA-AMÉRICA. As publicações Europa-América editam História Geral de Deus de Gerald Messadié. Após a publicação da História Geral do Diabo, do mesmo autor, cabia agora lugar a esta obra. Desde os tempos mais remotos que as civilizações recorrem ao Divino e Transcendente como resposta às suas angústias e necessidades. O autor num trabalho bem documentado conta-nos essa história, dos vários deuses ao monoteísmo passando pelo ateísmo. Um relato que atravessa os tempos e abrange todos os povos. 

PIAGET. O Instituto Piaget publicou, na sua coleção Literatura Infantil, o Zero de Oxymoron de Pierre Moessinger. Oxymoron é um matemático da Grécia antiga e descobre uma forma original de conceber as subtrações. O que é que acontece sempre que a «quantidade tirada é igual à que existia à partida?» pois é, surge assim a noção de zero. Mas vai ter de passar muito tempo até o zero ser devidamente percebido. A Piaget já publicou, de Pierre Moessinger, Processos e Decisões de Acordo.

 


 

BOCAS DO GALINHEIRO

Ao serviço de sua magestade

“My name is Bond, James Bond!”. Segundo sondagem recente, a frase ouvida nas telas e reconhecida por um maior número de pessoas. Estão também na lista tiradas como “Play it again, Sam!”, a tal que nunca foi dita, ou a mais recente “I’m the king of the world!”. Modernices. Mas, verdade, verdade é que o agente secreto ao serviço de Sua Magestade ainda não vislumbra quem o poderá destronar do lugar que destacadamente ocupa no coração de muitos cinéfilos, nos quais se inclui o escriba de serviço. Se há razões que a razão desconhece, esta pode ser uma delas. O mesmo terá pensado Ian Flaming, longe de imaginar onde chegaria o herói que criou em “Casino Royal”, a primeira novela onde James Bond aparece, publicada em 1953, da autoria daquele jornalista que havia sido espião e que deu corpo a este good looking hero, que gosta de boa comida, bons carros, não dispensa o vodka-martini, “shaken but not stirred”, e, claro, mulheres bonitas. Se a isto tudo juntarmos em doses certas uma inigualável auto-estima e uma destreza impar no uso dos mais variados apetrechos postos à sua disposição, temos o retrato a la minuta do mais famoso agente secreto do planeta: 007, James Bond.

Com estes atributos, a sua passagem dos livros para a tela foi um ápice. Em 1962 apareceu o primeiro de uma já longa lista de filmes de James Bond: “Dr. No” (Agente Secreto), realizado por Terence Young, com Sean Connery, o primeiro 007, bem acompanhado pela dotada Ursula Andrews, bikini branco, nas águas mornas das Caraíbas, obviamente a primeira “Bond Girl”. Sean Connery voltou a enfrentar a SPECTRE, a organização criminosa que teima em querer dominar o mundo, sabendo que à solta anda James Bond, em “Ordem Para Matar”, de 1963, para no ano seguinte fazer gorar os intentos de Auric Goldfinger de se abarbatar com as reservas de ouro guardadas em Fort Knox, em “007 Contra Goldfinger”, de Guy Hamilton, onde apraz registar a aparição do super artilhado Aston Martin DB 5, assento ejectável, chapa de matrícula rotativa, metralhadoras, etc., etc. Um carro, quase, à prova de tudo!

Em 1965 e 1967 volta a trocar as voltas à SPECTRE em “Operação Relâmpago” e “Só Se Vive Duas Vezes”. Cansado, quiçá porque a vida de agente secreto é muito desgastante, Sean Connery dá lugar a um decepcionante George Lazenby, um modelo australiano, pouco dado à representação e que, principalmente, não resistiu à permanente e justa comparação com o escocês. Para mal dos nossos pecados veio casar a Portugal com Tracy (Diane Rigg). Estávamos em 1969 e a fita chamou-se “Ao Serviço de Sua Majestade”, realizado por Peter Hunt. O problem foi que a SPECTRE também soube que o 007 andava ali para os lados de Sintra e vai daí, numa troca de tiros, a senhora Bond é morta. A vingança foi à maneira. Porém, pouco serviu a Lazenby que desistiu. Voltou Connery em “Os Diamantes São Eternos”, 1971, de Guy Hamilton. Voltou, mas cansou-se. Para o seu lugar foi escolhido um inglês conhecido pelo seu papel na série televisiva “O Santo”: Roger Moore.

Ao contrário de Lazenby, Roger Moore estava na pele de James Bond como peixe na água. “Vive e Deixa Morrer”, 1973, “O Homem da Pistola Dourada”, 1974, ambos de Guy Hamilton, “O Agente Irresistível”,1977, “Operação no Espaço”, 1979, estes de Lewis Gilbert, são os primeiros êxitos de Moore, bem acolitado pelo mau ao serviço do vilão, o impagável Jaws (Richard Kiel), um gigante de dentes e queixo de aço, duro de roer até se apaixonar no espaço e tornar-se o anjo da guarda do nosso herói. 007 é homem de invejável sorte.

Já com John Glenn na realização Roger Moore avia mais uns vilões em “Missão Ultra Secreta” e Operação Tentáculo”, de 1981 e 1983, respectivamente. Curiosamente em 1983 aparece outro filme de James Bond, “Nunca Mais Digas Nunca”, com Sean Connery e Kim Basinger, num remake de “Operação Relâmpago”, desta feita realizado por Irvin Kershner, mas não considerado um filme oficial da série.

Roger Moore disse adeus em “Alvo em Movimento” . Seguiu-se-lhe um actor shakesperiano: Timothy Dalton. Durou dois filmes: “Risco Imediato”, 1987, e “Licença Para Matar”, 1989. A guerra fria já era e novos temas, da droga e às novas tecnologias, começam a ser recorrentes dos serviços secretos, notando-se ainda que, à medida que envelhece, Q, melhora os seus “brinquedos” para pôr ao serviço do seu agente preferido.
Com Pierce Brosnan, o novo James Bond, a acção toma conta das operações, na exacta medida em que diminui o estilo engatatão do nosso herói. Os novos tempos assim o exigem. Mas, é com este irlandês que a criação de Ian Fleming retoma alguma da popularidade perdida com “Goldeneye”, 1995, “007 - O Amanhã Nunca Morre”, 1997, acompanhado da vedeta dos filmes de acção de Hong Kong, Michelle Yeoh, que vimos há pouco em “O Tigre e o Dragão”, e “The World is not Enough”, com o toque feminino a subir de tom com Denise Richards. Bond ao seu melhor? Nunca se sabe. Diz-se que Brosnan está farto. Fala-se até do “gladiador” Russell Crowe como possível substituto. Pode ser que sim. Mas, o seu nome será sempre “Bond, James Bond”?

Luís Dinis da Rosa

 


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