PRESIDENTE DO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE GARANTE
Medicina sobre rodas
O Curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior já tem todas as condições para avançar. A garantia é do presidente do Departamento de Ciências de Saúde da UBI, Luís Taborda Barata, um professor Licenciado pela Universidade de Coimbra em 87, que concluiu mestrado em Imunologia, no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, e terminou o doutoramento em Alergologia/Imunologia Clínica no Imperial College School of Medicine da Universidade de Londres.
Um percurso de docente que leccionou no National Heart and Lung Institute do Imperial College School of Medicine e acaba de ser eleito para o cargo de director de Departamento. Este mês, em entrevista ao Ensino Magazine, explica que as condições para os primeiros anos de funcionamento da faculdade estão criadas, quer a nível de infraestruturas quer de recursos humanos.
“Temos estado a cumprir toda a calendarização que nos foi imposta. O Ministério da Educação contactou médicos de vários países europeus para formarem um grupo de missão, que seria o grande avaliador dos novos projectos e do ensino em faculdades clássicas. Nós tínhamos datas para entregar relatórios alusivos à evolução da faculdade a esse grupo e até agora cumprimos todos os prazos e a última informação é que o relatório estava bom”.
Em termos de infraestruturas, aquele responsável afirma que tudo está dentro do previsto. “Já temos definido o edifício onde vamos funcionar nos próximos dois anos, até à abertura do edifício definitivo. Os laboratórios de ensino e investigação estão em fase de instalação, há instalações para o Gabinete de Educação Médica, que é uma peça importante da nossa estrutura e modelo de ensino”.
No campo de recursos humanos, a Faculdade ainda irá crescer, mas neste momento, os 12 doutorados existentes e que ficarão a residir na Covilhã, são suficientes para que o curso avance. “Para os primeiro e segundo ano precisamos de 16 doutorados. Neste momento temos 12, que vão chegar até meados do ano e vamos fazer a contratação de mais quatro”. E a certeza que ficam está dada: “Todos os doutorados que trabalhem com a nossa faculdade têm que fixar residência na cidade”.
Alguns dos doutorados vêm de outras zonas do País e estavam a terminar a formação no estrangeiro. Os restantes chegam de Espanha e do Brasil. “Recebemos candidaturas de médicos e outros profissionais do mundo inteiro. Mas curiosamente os brasileiros e os espanhóis foram os que tiveram mais pontuação para as áreas que nós definimos. E chegámos a receber candidaturas de médicos americanos, ingleses e de outros países”.
Quanto aos não doutorados, que ocuparão lugares de assistentes, tutores e monitores, a faculdade conta com os médicos do sistema de saúde local e de outros que trabalhem noutras zonas. Para já continuam a chegar currículos e já há algumas equipas a trabalhar para definir o material programático que fará parte de cada módulo”.
INOVAÇÃO. Todos os profissionais que agora chegam precisarão ainda de se adaptar ao tipo de ensino que será ministrado na UBI, dado que quase não existirão aulas teóricas. Luís Taborda Barata explica como. “O estilo de ensino que vamos levar a cabo nunca foi feito em Portugal. É um ensino inovador que existe em cerca de 90 faculdades de todo o mundo e em todas elas com excelentes resultados”.
Os objectivos são por isso diferentes do ensino tradicional. “Queremos fazer com que a integração do aluno na realidade do sistema de saúde seja muito mais precoce. O aluno vai contactar com os doentes nas instituições de saúde locais e regionais e vai havendo uma progressão nos conhecimentos que vai adquirindo e nas funções que vai tendo dentro dessa aprendizagem. Damos primazia à formação de atitudes e posturas perante o doente”.
No fundo, pretende-se que os médicos tenham uma formação humanista além da formação médica propriamente dita, que vai crescendo ao longo do curso. Já dentro da faculdade, o ensino será baseado em tutorias. “Necessitamos que pequenos grupos de alunos que funcionarão com tutores de forma continuada, quer em termos de avaliação quer de acompanhamento. Incentivaremos muito a auto-aprendizagem, o que implica que os alunos se apercebam rapidamente dos grandes objectivos e dos objectivos específicos dos módulos que frequentam”.
Os alunos terão por isso um papel fundamental na procura da informação. As dúvidas que lhes surgirem serão esclarecidas com os tutores, que orientarão a resposta a essa dúvida. Este sistema implica um grande investimento em meios. “Temos uma dotação muito grande para a compra de revistas e livros. Muitos já estão comprados e todos os dias chegam mais. Apostamos muito em CD-Roms e cada aluno do 1º e do 2º Anos vai ter um computador para si, com acesso à Internet”.
Além da Internet, os computadores estarão ligados a uma rede de Intranet, “onde serão colocados todos os conteúdos programáticos, desde os módulos ao material de estudo que podem consultar e a possibilidade de links para a Internet, de forma a que o aluno se sinta o mais motivado nesse processo de auto-aprendizagem”.
Esta revolução relativamente ao ensino clássico obriga à adaptação dos professores. “Os professores da Faculdade, quer em termos de formação quer em experiência pedagógica, estão ligados aos sistemas clássicos. Mas fizemos visitas e tivemos estadias nas faculdades que já têm experiência no novo sistema de ensino e vieram cá profissionais dessas faculdades para nos ministrarem alguns cursos. Por isso já temos um conhecimento alargado dessas metodologias de ensino”. Além disso, alguns dos doutorados que agora chegam à UBI já têm experiência no novo tipo de
ensino.
Dia da UBI tem
programa
A Universidade da Beira Interior vai realizar os seus dias abertos de 13 a 15 de Março de 2001, uma iniciativa que pretende abrir a instituição à cidade e a toda a região e que no ano passado contou com mais de dois mil visitantes.
Neste momento, o programa definitivo ainda está a ser elaborado, mas a grande novidade será a apresentação da nova mascote da Universidade, denominada Estrelinha, e que abre um novo ciclo no marketing daquela instituição de Ensino Superior. A mascote tem as cores da Universidade, o vermelho e o azul, além dos símbolos que se encontram no brasão da UBI, casos da estrela, da roda dentada e dos fachos, além do símbolo da medicina, a cobra, que surge num dos braços da mascote.
A UBI pretende assim criar uma certa empatia entre os potenciais alunos da instituição, que neste momento frequentam o ensino secundário. Ainda em relação aos Dias Abertos, a Universidade espera contar com visitas de muitas escolas da região, à semelhança do que aconteceu há cerca de um ano. Nas visitas, que são devidamente acompanhadas, os alunos têm acesso a laboratórios, exposições e outras actividades organizadas para o efeito pelos diferentes departamentos e pelos núcleos de alunos dos vários cursos.
Ao mesmo tempo, a UBI procede à divulgação das suas licenciaturas e cursos de pós-graduação, e permite o acesso aos dois aviões que ali se encontram em permanência, um Cessna T-37 e um Fiat G-91, os quais são as principais atracções, pelo menos enquanto o avião que está a ser construído no Departamento de Aeronáutica, o Sagres, não fica concluído. Tudo ao dispôr dos interessados em visitar a Universidade, cujas marcações poderão ser feitas on-line para o mail
grp@ubista.ubi.pt.
CIDADE À ESPERA
Universidade em Viseu
O reitor da Universidade de Aveiro, Júlio Pedrosa, voltou a garantir que a cidade de Viseu terá uma Unidade Orgânica daquela universidade. Júlio Pedrosa falava à Imprensa durante as comemorações dos 27 anos da Universidade que lidera. Ao que tudo indica, com esse ou com outro nome, a presença daquela instituição universitária na cidade de Viseu deverá ser uma realidade. Isso mesmo garantiu o secretário de Estado do Ensino Superior, José Reis, durante a aquela cerimónia. Daí que não se estranhe o facto do reitor Júlio Pedrosa querer começar a trabalhar naquela unidade orgânica já no início deste ano.
Caso se confirme a chegada daquela instituição de ensino superior a Viseu, aquela cidade da Beira Alta ficará com mais opções no âmbito do ensino superior. Recorde-se que em Viseu, o Instituto Politécnico tem cerca de sete mil alunos, distribuídos pelas Escolas Superiores de Educação, Agrária e Tecnologia e Gestão, enquanto que a Universidade Católica também ministra cursos superiores em diversas áreas.
A cerimónia dos 27 anos da Universidade de Aveiro, ficou também marcada pelo anuncio do Plano de Desenvolvimento da instituição para o período de 2002 a 2006, que será apresentado ainda este mês de Janeiro. Júlio Pedrosa alertou ainda o Ministério da Educação para a necessidade de regulamentar «com urgência» a Escola Superior de Entre Douro e Vouga que, em conjunto com a Unidade Orgânica de Viseu, gostaria de ver criada rapidamente.
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