GENTE & LIVROS
Ernest Hemingway
“Também o peixe é meu amigo – disse em voz alta. Nunca vi nem ouvi falar de um peixe assim. Mas tenho de o matar. Agrada-me pensar que não temos de matar as estrelas.
«Ora imagina, pensou, que um homem devia todos os dias ver se matava a lua. A lua foge. Mas imagina que um todos os dias teria de ver se matava o sol? Nascemos com muita sorte».
Sentiu depois pena do grande peixe, que nada tinha de comer, e a sua determinação em matá-lo não contrariava a pena que sentia. «A quantas pessoas dará de comer?, pensou. Mas são elas dignas de o comer? Não, claro que não. Não há ninguém digno de o comer tal é o seu comportamento, a sua grande dignidade».
«Não compreendo estas coisas, pensou. Mas é bom que a gente não tenha de ver se mata o sol, a lua ou as estrelas. Basta vivermos no mar e matarmos os nossos irmãos»”.
In O Velho e o Mar

Ernest Hemingway nasceu no dia 21 de Julho de 1899 em Illinois, Estados Unidos. Filho de um médico, o pai queria que este seguisse a medicina, no entanto Hemingway nunca foi um aluno brilhante. Termina os estudos secundários e começa a escrever para o jornal Star. Quando deflagra a Primeira Guerra Mundial tenta alistar-se na marinha mas só consegue o lugar de motorista de uma ambulância da Cruz Vermelha, em Itália. É ferido e regressa à América desiludido com a guerra. A experiência inspira o Adeus às Armas. Começa a trabalhar no jornal Tribune de Chicago. Fixa-se no Canadá, prosseguindo a sua carreira de repórter no Toronto Star. Em 1921 vai trabalhar para Paris como correspondente desse jornal. Aí convive com nomes como Matisse, Braque, Picasso, Jean Cocteau e faz parte do grupo de escritores que ficou conhecido como a geração perdida – Gertrude Stein, Ezra Pound, John dos Passos, Faulkner e Fitzgerald. Regressa aos Estados Unidos onde continua a escrever. Viaja por África, onde se dedica a uma das suas paixões – a caça. As Neves do Kilimanjaro e As Verdes Colinas de África resultam dessas viagens.
Em 1936, com o início da Guerra Civil Espanhola, solidário com a causa republicana, faz-lhe uma doação de 40 mil dólares. Um ano depois segue para Espanha como correspondente da Aliança de Jornais Norte-americanos. A Guerra Civil Espanhola é palco da sua obra Por Quem os Sinos Dobram. A Espanha e as touradas são outras paixões do escritor. Fiesta fala de touradas.
Parte para Cuba, onde reside até 1959. Em 52 escreve O Velho e o Mar, e é-lhe atribuído o Prémio
Pulitzer.
Teve uma vida sentimental atribulada - casou quatro vezes e divorciou-se três.
Em 54 ganha o Prémio Nobel da literatura.
Já doente, mas fiel à frase do seu livro O Velho e o Mar “Um homem pode ser destruído; nunca derrotado”, suicida-se a 2 de Julho de 1961.
O LIVRO. O Velho e o Mar. Após 84 dias sem conseguir pescar, Santiago, um velho pescador, faz-se ao largo determinado a consegui-lo. Nos primeiros 40 dias o rapaz acompanhava-o. Mas devido à maré de azar os pais proibiram-no, declarando o velho salao, ou seja possuído da pior forma de azar. Uma vez sozinho, o Velho tem de provar que ainda é um pescador, que ainda vale como homem. O livro fala da luta com um grande peixe, do seu sacrifício e da sua enorme
dignidade. 
Eugénia Sousa
Florinda Baptista
Novidades

PIAGET. O Instituto Piaget publica na sua colecção Epistemologia e Sociedade, A Sociedade de Comunicação – Uma Abordagem Sociológica e Crítica de Gérard
Leclerc. O livro dá resposta a perguntas tão diversas como: O que é a comunicação e qual o seu papel nas sociedades, através do tempo; em que consistem as mensagens, os discursos e os enunciados, que com o surgimento da Web circulam de forma quase simultânea à escala global; como se processa a produção circulação e distribuição dos discursos dentro da sociedade. Um livro essencial a todos os interessados por comunicação.
EDIÇÕES ASA. As edições ASA publicam mais um título da Biblioteca Baptista-Bastos, Viagem de um Pai e de um Filho pelas Ruas da Amargura. Aqui fica um extracto da beleza que se encontra nestas páginas: «Estes são os rostos limitantes e breves. Estes são os gestos, renúncias à impaciência. A taberna, a mesma de há anos antiquíssimos; os mesmos bebedores diante dos mesmos copos, remoendo pequenos azedumes, até o bagaço render à toamente informações gastas, ideias velhas e tontas, palavras ressurrectas em inutilidade; a substância final: sonhos reclusos».
GRADIVA. Depois de abandonada pelo marido, Samantha lança-se à tarefa de reconstruir uma vida para si e para o filho. Para entender os outros vai ter de consultar o seu coração. E para saber quem é que vai ter de recordar - e recuperar - a mulher autêntica que era antes de se tornar outra pessoa para tentar salvar o seu casamento. Casa Aberta é uma história de amor sobre os sentimentos que podem despontar entre um homem e uma mulher, na alma de uma mulher. Edições
Gradiva.

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