Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº38    Abril 2001

Geral

GRANDES GRUPOS "INVADEM" SECTOR

Interior mais longe dos livros

A entrada em força de grandes grupos económicos no sector livreiro poderá colocar em causa o acesso do interior do país às obras literárias.

O aviso é lançado por Graça Didier, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que salienta o interesse desses grupos na distribuição nos grandes centros urbanos, em detrimento das áreas mais desfavorecidas.

Outra consequência é a morte de pequenas livrarias, incapazes de competirem com os “colossos” do sector. Uma situação tanto mais preocupante quanto se sabe hoje que, neste domínio, a oferta cria a procura. Ou seja, a existência de livrarias em determinadas localidades constitui um forte incentivo para que a população da zona adquira obras literárias.

Também aqui o interior é prejudicado, uma vez que corre o sério risco de ver desaparecer boa parte das poucas livrarias que possui. É certo que estão previstos apoios para as empresas de mais pequena dimensão mas Graça Didier não tem dúvidas de que «são insuficientes e não resolvem as enormes dificuldades com que as mesmas se confrontam».

Algumas livrarias já fecharam as portas, apesar de ainda não se verificar encerramentos em massa.

Tudo piora mais, se tivermos em conta os frágeis níveis de leitura da população nacional. Os últimos dados indicam que metade dos portugueses não lê sequer um livro por ano. E mesmo assim já estão contabilizadas as obras escolares que os alunos têm de adquirir obrigatoriamente.

O panorama é, pois, confrangedor. A única esperança reside no crescimento verificado no segmento dos livros infanto-juvenis, o que revela uma maior apetência dos mais novos pela literatura.

A presidente da APEL salienta ao Ensino Magazine que este dado permite alguma dose de optimismo para o futuro, no fundo «uma luz num caminho tortuoso e carregado de dificuldades pelo qual o sector passa actualmente».

Graça Didier está também preocupada com os riscos de redução da diversidade da oferta cultural. É que os grandes grupos económicos estrangeiros «tenderão a editar sobretudo autores estrangeiros», em detrimento dos portugueses. Por outro lado, «irão privilegiar a publicação dos “best-sellers” de grande sucesso comercial garantido. Para segundo plano ficarão, pois, as obras menos vendáveis, nomeadamente de ensaio, de poesia e de referência.

O Governo é chamado pelos editores e livreiros a intervir no sector, quer ao nível da atribuição de apoios, quer da promoção da leitura. Neste último campo, reclamam uma maior articulação entre os ministérios da Educação e da Cultura, tendo em vista sobretudo dois objectivos: a criação de uma rede de bibliotecas escolares que abranja todo o território nacional e o incentivo às crianças para lerem mais.

Do departamento governamental liderado por José Sasportes, Graça Didier exige, ainda, ajudas mais substanciais. Assim se atenuará o «fosso» existente entre os apoios concedidos a este domínio e aqueles que são atribuídos a outras áreas culturais, como o Teatro, o Cinema e o Multimedia.

Mas, pouco se conseguirá se o Governo não estiver mais sensibilizado para a importância do sector livreiro. Afinal, interroga-se a presidente da APEL, «como é que se podem esperar medidas urgentes tomadas pelo executivo, se nem sequer se mostra interessado num sector que é ainda algo menosprezado no panorama cultural nacional».

Escasseiam as ajudas do Governo, enquanto o mercado revela sinais de «profunda perturbação» e até de estar «muito mal de saúde».

Um estado débil que se articula directamente com os níveis de progresso do país. É que, conforme salienta Graça Didier, o estádio de desenvolvimento de uma nação «pode ser aferido, entre outros aspectos, pelos hábitos de leitura da sua população».

No caso português, é conhecido e indubitável a situação de atraso cultural da nossa população. Algo que «importa combater» numa acção em que as livrarias têm um papel fundamental a desempenhar. Daí a justificação que os agentes do sector apresentam para reclamarem o direito a receberem apoios estatais mais vultuosos. A presidente da APEL sublinha que «no limite, é o país que ganhará» uma vez que «cidadãos melhor formados dão um contributo mais forte para o progresso colectivo». A Educação e o aumento da “bagagem” cultural dos portugueses tem efeitos positivos na sua forma de encarar o trabalho e nos quadros mentais com que podem enfrentar os problemas profissionais, adaptando-se mais facilmente às crescentes exigências do mundo laboral.

É esta visão global que os editores e livreiros pretendem que seja compreendida e adoptada pelo Governo.

Em termos legais, a publicação de um diploma sobre o Preço Fixo foi uma medida «muito positiva», defende a presidente da APEL, para quem é preciso sobretudo reforçar a fiscalização da sua aplicação, de modo a que se obtenham os máximos benefícios das normas em vigor.

O acento tónico na vigilância do cumprimento da Lei tem por objectivo evitar «fugas» às directivas nela definidas.

Graça Didier contesta, ainda, a «falta de clareza» dos casos de excepção à legislação em vigor. Esta foi objecto de uma revisão no ano passado, mas a presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros salienta que os avanços foram pouco significativos e «ficou por dar um conjunto de passos bastante importantes para melhorar a Lei».

Levar os portugueses a lerem muito mais tem de ser uma meta nacional, preconiza Graça Didier. Na sua perspectiva, a televisão como o mais poderoso meio de comunicação social tem um papel muito relevante a desempenhar.

As formas de o fazer podem ser variadas. No estrangeiro, há modelos testados com resultados de sucesso. Um dos exemplos marcados pelo êxito vem dos países nórdicos europeus. Aí, nos jornais televisivos surge em rodapé referências a livros que abordam os temas tratados nas notícias que vão sendo transmitidas. A consequência desta estratégia não poderia ser mais positiva, já que a procura das obras divulgadas aumentou.

Em Portugal, há já um pequeno exemplo deste efeito promocional da televisão. Os livros referidos por Marcelo Rebelo de Sousa nas suas análises aos domingos na TVI têm tido as suas vendas aumentadas nos dias posteriores, o que demonstra bem o efeito incentivador da leitura. Um incentivo tanto mais importante quanto se sabe que também o consumo de jornais é, no nosso país, o menor de toda a União Europeia, por cada 100 mil habitantes. É uma verdade para os vários segmentos, incluindo os diários e já considerando os desportivos que – de longe – possuem tiragens bastante superiores às dos de informação geral.

Os avisos de crise à vista e de perspectivas sombrias defalências em grande quantidade lançados pelos editores e livreiros são recebidos pelo Governo com alguma tranquilidade. O ministro da Cultura desdramatiza, afirmando estar atento à evolução da situação. José Sasportes garante a concessão dos apoios que se considerarem necessários em função dos casos justificáveis.

O governante não nega que existam dificuldades no sector mas diz que estas não são assim tão graves, pelo menos, por enquanto.

Para o Ministério da Cultura, há aspectos, nomeadamente em termos de regras de concorrência e de posicionamento no mercado, que passam por outros departamentos. É sobretudo ao nível do Ministério da Economia que competirá intervir naquilo que respeita a essas questões.

Graça Didier advoga um estreitamento da articulação entre organismos do Governo como via do Executivo dar respostas mais satisfatórias e sobretudo mais eficazes aos problemas do mundo do Livro em Portugal. Uma tarefa que, salienta, «está ainda por realizar, mas que se revela imprescindível para o futuro do sector».

Jorge Azevedo

 

 

ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO

Educar o físico na Idanha

José Felgueiras e Luís Santos, responsáveis pelas I Jornadas de Educação Física e Desporto Escolar, estão satisfeitos com o número de participantes inscritos para o evento, a realizar a 26 e 27 de Abril, na Escola Superior de Gestão, em Idanha-a-Nova. “Neste momento estão inscritos cerca de 180 pessoas, o que ultrapassa largamente o número esperado por nós. Além disso, recebemos também 20 comunicações livres, 10 portuguesas e outras tantas espanholas, que serão lidas durante as jornadas”, referem os representantes da Associação de Profissionais de Educação Física de Castelo Branco e do Centro de Área Educativa - Desporto Escolar, as instituições organizadoras da iniciativa.

Em declarações ao Ensino Magazine, José Felgueiras e Luís Santos, adiantam que os participantes nas jornadas “são na sua maioria do Distrito, mas vem gente de todo o País”. Facto a que não é alheia a “qualidade dos palestrantes. Convidámos as pessoas com mais credibilidade, a nível nacional, sobre o tema em discussão”, esclarecem. Apesar das jornadas ainda não terem terminado, José Felgueiras e Luís Santos sublinham o “excelente entendimento entre a Associação de Profissionais de Educação Física e o Desporto Escolar. Um entendimento que poderá ultrapassar as próprias jornadas, já que outras iniciativas poderão vir a ser feitas em conjunto, casos de cursos de Formação Contínua de Professores”.

OBJECTIVOS. A Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova foi o local escolhido pela Associação de Profissionais de Educação Física de Castelo Branco e pelo Centro de Área Educativa de Castelo Branco, para a realização das 1ª Jornadas de Educação Física e Desporto Escolar. Facto que vai de encontro a um dos objectivos do director da Esgin, João Ruivo, e que passa por abrir a as portas da escola à comunidade.

De acordo com a organização, as jornadas estão divididas em quatro secções temáticas, subordinadas aos temas “Metodologias e Planeamento do Treino com Jovens”, “Avaliação e Controlo do Processo de Treino”, Traumatologia Desportiva e Primeiros Socorros” e “Aspectos psicológicos ligados à actividade”. Temas que serão abordados respectivamente por Jorge Vieira (director técnico nacional da Federação Portuguesa de Atletismo), Paulo Colaço (da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto), Júlio Fernandes (Coordenador Distrital da Saúde dos Adolescentes) e José Alves (Escola Superior de Desporto de Rio Maior).

Além das secções temáticas, as jornadas são ainda compostas pelas comunicações livres, com o máximo de 10 minutos e cinco minutos para debate. A par do Instituto Politécnico, Esgin, Eprin, Inatel e Desporto Escolar, a Câmara de Idanha-a-Nova é um dos parceiros da iniciativa. Já na cerimónia de apresentação, o presidente da autarquia, Francisco Baptista salientou a importância do evento. Para o autarca, as jornadas “vêm de encontro aos objectivos da câmara, no que respeita à promoção dos valores desportivos”. Francisco Baptista recordou que a “Câmara tem apoiado a escola C+S no pentatlo, e que está a fazer um grande investimento em todo o concelho na criação de estruturas para o desporto. Além disso, em Idanha-a-Nova, estamos a investir cerca de 120 mil contos na recuperação do Estádio Municipal, que ficará relvado”
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