NA ESE DE CASTELO BRANCO
Um sonho gráfico

A Escola Superior de Educação de Castelo Branco tem patente ao público, até final de Maio, uma exposição de literatura infantil, com cinco livros de cada um de 14 países europeus, através da qual se podem conhecer “as grandes tendências da produção europeia de livros para crianças nos últimos três anos”.
Esta é, pelo menos, a opinião de Natividade Pires, docente da ESE e representante em Portugal da organização desta exposição, a cargo do Instituto Internacional Charles Perrault. Um Instituto que, partindo desta iniciativa, que irá decorrer em cada um dos 14 países, pretende criar uma rede europeia de centros e institutos de literatura para crianças e jovens.
A ideia da exposição e da criação da rede europeia surgiu em Maio de 2000, numa reunião realizada em Paris, promovida pelo presidente do Instituto, Jean Perrot e tem como objectivo “permitir que os visitantes apreciem a variedade e riqueza da criação europeia, ainda muito desconhecida e pouco traduzida nos diversos países”.
Segundo Maria Natividade Pires, pretende-se ainda “despertar a curiosidade das crianças, dos jovens, dos professores e do público em geral, suscitando o desejo de novas trocas entre os povos e contribuindo para o nascimento de um espírito europeu. Algo que acontece numa altura em que os efeitos da globalização levam a uma crise de valores e de identidade.
Por esta razão, os livros serão importantes na superação dessa mesma crise de valores, acentuando aqueles que são próprios de cada país. Mas, dado o carácter abrangente da exposição, gera-se também um efeito de naturalização relativamente aos valores europeus que influenciam inevitavelmente os que são próprios de cada país.
Os livros e cartazes expostos tentam cativar as crianças desde tenra idade, através das gravuras, mas também os adultos, numa altura em que a imagem ganha de novo uma dimensão importante na literatura infantil, pois vive-se actualmente numa época em que os jovens leitores podem ser apelidados, na expressão de Jean Perrot, de “crianças da
videoesfera”.
Lendas do Mar, de José Jorge Letria, com ilustrações de André Letria; Olá Brasil, de José Jorge Letria, ilustrado por João Fazenda; Lenga Lengas de Luísa Ducla Soares (que o ilustrou) e Sofia Castro; Com Eça de Queirós nos Olivais do Ano 2000, de Luísa Ducla Soares, ilustrado por Pedro Leitão; e Três Contos de Perrault. Traduzido por Luiza Neto Jorge e Manuel João Gomes, com ilustrações de Manuel Bacelar, são as obras escolhidas para representar Portugal.
Para Natividade Pires, estas obras “ilustram várias vertentes significativas da cultura portuguesa: a ligação ao mar, através de factos históricos concretos, como as descobertas das aventuras marítimas, ou através de uma dimensão imaginária e fantasista”. Outra vertente diz respeito “à importância de certas personalidades da vida cultural que reflectiram e marcaram a mentalidade e a sociedade do País”.
Marcas da cultura portuguesa são também “os textos de tradição oral, lenga-lengas que exploram a dimensão lúdica da língua, únicas na sua musicalidade e ludismo, profundamente típicas da língua portuguesa”. E também funcionam como marcas “os contos que, mesmo não sendo de origem nacional, como os de Perrault, revelam a circulação de um fundo tradicional comum a toda a Europa, originando, no caso da representação plástica, obras extremamente diversas, como é o caso das ilustrações provocadoras e inesperadas de Manuela Bacelar, que nos colocam face à ambiguidade de fronteiras entre livros para crianças e livros para adultos”.
A exposição, que integra livros da Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Itália, Inglaterra, Irlanda, Portugal, Suécia e Suíça está aberta das 10 às 12 e das 15 às 19, na sala 1 da ESE, até ao dia 24 de Maio. Na sequência da iniciativa será publicado um livro com a opinião dos representantes em cada um dos países
envolvidos.

NO DIA MUNDIAL DO LIVRO
Poesia perfeita
“Poesia Mais que Perfeita” é o título do livro que a Editora Alma Azul lançou em Castelo Branco no Dia Mundial do Livro, assinalado a 23 de Abril. A obra integra textos de Rudyard Kipling, Kalil Gibran e Charles Baudelaire, sendo o relembrar de uma edição já antiga mas completamente remodelada e com textos novos.
Para Elsa Ligeiro, responsável pela Editora, esta foi a melhor forma de comemorar o Dia Mundial do Livro. No caso de Kipling, Prémio Nobel da Literatura em 1907, surge publicado o poema “If”, numa tradução de António Botto que tem ainda mais importância, dado que neste momento o poema é conhecido, mas não há qualquer tradução em português à venda no nosso país. Já de Gibran, entre outros textos, surgem os melhores poemas de “O Profeta”, enquanto de Baudelaire são recuperados os poemas em prosa relativos à grande urbe que já era o Paris do século
XIX.
“Este livro vai interessar sobretudo os jovens, nomeadamente os que gostam mais de poesia, pois podem partir daqui para outras investigações, sobre estes ou outros autores. É esse o espírito destes textos tão diferentes. Kipling nasceu na Índia, Gibran vem do Líbano e apresenta um misticismo não comum nos escritores. Tem no entanto muita influência da Europa Ocidental, tal como acontece com Baudelaire, que nasceu em França e do qual recuperamos aqui poemas que não têm época, que passam também pela definição do que é ser poeta”, conclui Elsa
Ligeiro.

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