Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº32    Outubro 2000

 

Universidade

COMUNICAÇÃO SOCIAL

UBI organiza debate

O secretário de Estado da Comunicação Social, Arons de Carvalho, vai deslocar-se à Covilhã para encerrar o 1º Encontro de Órgãos de Comunicação Social da Beira Interior, que se realiza nas instalações do Grupo do Rodrigo, a 11 de Novembro.

A organização está a cargo da Universidade da Beira Interior e o Grupo Instrução e Recreio do Rodrigo e em debate estarão temas como “A Comunicação Social Regional e Identidade Regional”, “Jornalistas Regionais: que formação?”. Haverá ainda uma mesa redonda subordinada ao tema “Comunicação Social na Beira Interior: que futuro?”.

Os moderadores dos painéis serão respectivamente João Ruivo, professor do Politécnico de Castelo Branco e director do Ensino Magazine, e José Geraldes, director do Notícias da Covilhã e professor da Universidade da Beira Interior. Já a mesa redonda será moderada por Fernando Paulouro, do Jornal do Fundão.

Na sessão de abertura estará o presidente da Câmara da Covilhã, o presidente do Departamento de Comunicação e Artes da UBI e o presidente do Grupo Instrução e Recreio do Rodrigo.

A iniciativa tem o apoio da Câmara da Covilhã, Governo Civil de Castelo Branco, Região de Turismo da Serra da Estrela, Junta de Freguesia da Conceição e Adega Cooperativa da Covilhã.

 

 

OPINIÃO

Para uma Covilhã universitária

Orgulha-se a Covilhã de ser uma cidade universitária. E, de facto, é a única cidade em Portugal que, não sendo capital de distrito, tem uma universidade pública. A nova Faculdade de Medicina vem ainda reforçar mais esse orgulho. Mérito ou sorte? Justifica-se ou não esse orgulho?

A pergunta é obviamente por demais simplista, mas tem a vantagem de agudizar a questão que me proponho tratar. Que a UBI foi uma bênção para a Covilhã em termos socio-económicos, isso é incontestável. Quando na década de 80 a indústria têxtil tradicional entrou em profunda crise, foi o IUBI primeiro e depois (1986) a UBI que salvaram economicamente a cidade. Mesmo a reconversão de edifícios fabris em instalações académicas também é caso único no país, e ajudou imenso à requalificação urbana da cidade. A UBI significou a entrada de milhões de contos de investimento público na Covilhã e deu á cidade uma nova e melhor esperança de futuro. Agora a pergunta inversa: E o que é que a Covilhã tem feito pela Universidade? Agudizando a questão: Tivesse a universidade pública do interior sido criada em Viseu, Castelo Branco ou Guarda estaria melhor ou pior do que está hoje a UBI? Não enfrentaria porventura menos dificuldades do que a UBI de facto enfrenta, nomeadamente nas acessibilidades, na ligação mais rápida aos centros universitários tradicionais como Lisboa e Coimbra, no maior peso político junto do governo central, numa melhor relação com as respectivas autarquias? Não tinham essas cidades vizinhas até uma maior tradição académica que a Covilhã, nomeadamente com a tradição dos seus bons liceus e da existência de seminários diocesanos maiores, casos da Guarda e Viseu?

Postas as coisas nestes termos, pode-se perguntar não o que a UBI tem a dar à Covilhã, mas o que é que a Covilhã tem a dar à UBI. Não basta uma universidade para fazer universitária uma cidade. E a Covilhã, seguramente, ainda não é universitária. É normal, faltam-lhe ainda os anos, muitos anos. Mas é justamente neste não ser ainda que a Covilhã pode fazer muito pela universidade que alberga. Desde logo pode fazê-lo pela ajuda económica. Se as cidades vendem metros quadrados a preços simbólicos em parques industriais, quanto mais não devem elas ajudar as instituições de ensino e de ciência, certamente o melhor investimento na sociedade actual. Por outro lado poderia ajudar a UBI com uma melhor oferta cultural. Olhe-se para o que se faz em Castelo Branco em matérias de apoios imobiliários por parte da autarquia, olhe-se para a oferta cultural da Guarda e ver-se-á que a Covilhã tem de se esforçar muito mais.

A UBI é uma universidade nacional e tem necessariamente de visar o todo nacional tanto na procura dos seus estudantes como nos serviços que presta, mas tendo uma implantação concreta numa determinada região precisa do apoio social e político de toda essa região. O que ela de certeza não precisa é de guerras da Covilhã com os municípios à sua beira.

Ser-se universitário não é um destino, é uma opção. É fundamental que a Covilhã se decida a tornar-se universitária.

António Fidalgo

 

 

MUSEU DE LANIFÍCIOS DA UBI

Na rota mundial

O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior é o ponto de referência português na rota internacional dos museus do têxtil. Esta é, pelo menos, a conslusão que se pode tirar da visita realizada este mês por uma delegação do Comité Especializado no Traje, organismo do Conselho Internacional de Museus (Icom).

No total, estiveram presentes 40 elementos daquela estrutura, que estavam em Portugal por ocasião da realização da 54º encontro do Icom, organização não governamental dependente da Unesco, que este ano decidiu reunir em Portugal.

No final da visita, a delegação mostrou-se satisfeita e disse estar empenhada na integração do Museu de Lanifícios na Rota Europeia dos Têxteis. Algo que deixa satisfeita a directora do Museu, Elisa Pinheiro para quem “os elementos da comitiva ficaram muito impressionados com a informatização e com o banco de dados e imagens”.
Aquela responsável considerou ainda, em declarações ao Ensino Magazine, que “o Museu de Arqueologia Industrial já existe há algum tempo, pelo que não esperavam que tivéssemos acompanhado as novas tecnologias museológicas. Ficaram ainda bem impressionados com o trabalho desenvolvido por uma equipa pouco numerosa”.

A prova da importância da visita é que, dias depois, a directora recebeu uma carta dos visitantes, onde era referido: «Parabéns pelo vosso trabalho. Os visitantes ficaram maravilhados com a amplidão e a profundidade dos projectos que têm em desenvolvimento».

Uma carta que funciona como uma motivação para continuar o trabalho feito pelo museu nascido na Real Fábrica dos Panos, criada para combater as importações de Inglaterra. A ideia partiu de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Então, toda a região envolvente vivia dos lanifícios, uma tradição que ganhou força em 1764, e que passou para os séculos seguintes.

Antes de ser criado o museu, o edifício esteve cedido ao exército. Recebeu o Regimento de Infantaria 21 e mais tarde o Batalhão de Caçadores 2. Mas foi com o museu, inaugurado em 1992, que ganhou nova forma e muitos adeptos. Todos os anos recebe mais de quatro mil visitantes.

VISITA. Uma visita ao Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior é algo de que não se deve prescindir. Após assistir a um filme sobre o museu e o edifício em que está instalado, passa-se ao percurso daquele que é um dos pólos de atracção de uma cidade onde a história da indústria dos lanifícios se confunde com a história da cidade da Covilhã.

Existe um relógio de sol em xisto, uma roda de fiar a pedal, uma caneleira, instrumento utilizado pelas crianças que torna o fio mais resistente, e um tear de pau que é um exemplar raro, pois em 1933 foram substituídos pelos teares mecânicos. O cenário completa-se com a tinturaria conhecida pelos vários poços de aquecimento nos quais assentavam as caldeiras de cobre onde tingiam os panos.

Os 700 metros quadrados de museu integram ainda a sala da tinturaria das meadas, onde uma foto recorda a Rua da Lã. Era por ali que toda a lã passava e pela qual a própria cidade recebia uma quantia. Segue-se o corredor das fornalhas, construídas com a pedra da antiga muralha da Covilhã. A visita termina na sala da Tinturaria Pombalina, onde se encontra uma área arqueológica com três caldeiras gigantes, e oito buracos de pedra, espaços destinados às dornas de madeira. Atractivos que merecem uma visita que neste momento é referência europeia e mundial.

 


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