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Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº32    Outubro 2000

 

Cultura

 

LIVROS

Homero

«Resumo: Ulisses e os seus companheiros chegam à ilha Eólia, onde são bem recebidos. Èolo ajuda-os a empreender a viagem de volta e entrega-lhes um odre dentro do qual se encontram os ventos. Mas a cobiça e a curiosidade dos tripulantes leva-os a abrir o odre. Então, os ventos saem de dentro dele e desencadeiam uma tempestade. Voltam de novo para Eólia, mas desta vez a ajuda é-lhes negada. Em seguida, chegam ao país dos lestrígones, que são gigantes antropófagos, onde os viajantes perderam homens e naus. Por fim, alcançam a ilha Eeia, onde vive Circe, que transforma os companheiros de Ulisses em porcos, tendo-se este livrado de um tal destino graças à ajuda de Hermes. Mais tarde, Ulisses roga à Deusa que livre os seus amigos do sortilégio e ela concorda. Finalmente, depois de os ter retido durante um ano, deixa-os partir».

In Odisseia

 

Pouco se sabe a respeito da vida de Homero. A sua origem é incerta e sete cidades reclamam ser o local do seu nascimento: Esmirna, Rodes, Quios, Ítaca, Pilos, Argos e Atenas. Baseando-se em informações do historiador Heródoto, os estudiosos consideram mais provável a sua cidade ser Esmirna ou a ilha de Quios. 

Factos indicam que teria vivido por volta dos séculos IX e VIII a.C. - chamado período homérico e que era pobre e de origem plebéia. Uma das biografias conta que Homero correu o mundo conhecido na sua época e sobrevivia recitando versos em troca de hospedagem . Supõe-se ser cego pela origem do seu nome em Grego - Homero, aquele que não vê. 

Atribui-se a Homero as obras: Hinos Homéricos, Tebaida, Batracomiomaquia, Ilíada e Odisseia.

Platão afirmou: “ A Odisseia lançou os fundamentos da Educação da Grécia”.

O LIVRO. Três deusas, Hera, Atena e Afrodite disputam a honra de possuir o pomo de ouro com a inscrição “Para a Mais Formosa”. Ao príncipe de Tróia, Páris, cabe o papel de eleger a quem pertencerá. As deusas aliciam Páris com ofertas. Ele elege Afrodite e o amor da mulher mais bela do mundo que a deusa lhe oferece. A mulher é Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Páris foge com Helena para Tróia e uma armada Grega persegue-os. Durante dez anos Tróia fica sitiada pelos Gregos, sendo depois derrotada.

A Odisseia conta a viagem de regresso a casa de um comandante grego, Ulisses. Até chegar a Ítaca, onde o espera a sua esposa Penélope e o seu filho Telemáco, Ulisses vai ter de vencer muitas provas. Escapa com os companheiros ao ciclope Polifemo, cegando-o. Com a ajuda de Hermes, consegue obter uma “aliança” com a feiticeira Circe que havia transformado alguns dos seus amigos em porcos. Esteve retido na ilha da ninfa Calipso, sendo libertado sete anos depois por ordem dos Deuses. Desce aos infernos e muitos outros episódios… 

Chega vinte anos depois a casa, onde tem de derrotar os ambiciosos pretendentes da esposa. Penélope iludia-os com a promessa que escolheria um deles ao terminar de tecer o manto. Mas, tecia de dia e desfazia de noite. Ulisses sai vitorioso com a ajuda do filho e da deusa Atena, sua protectora em toda a viagem
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Eugénia Sousa
Florinda Baptista

 

 

 

Novidades

DOM QUIXOTE. As Publicações Dom Quixote lançaram em Setembro, na sua colecção Caminhos da Memória, o livro Justiça em Crise? Crises da Justiça de António Barreto. A obra recolhe as opiniões de vários especialistas em Direito, sobre a actual situação da Justiça em Portugal. São de António Barreto as seguintes afirmações: “Há ou não crise da justiça? E, se a resposta for tendencialmente afirmativa, há uma ou várias crises? Os termos utilizados definem uma atitude e são, por isso mesmo, controversos. Por mim, creio que a justiça portuguesa vive um tempo de crise importante e geral, mas esta opinião é partilhada por apenas uma parte dos autores reunidos neste volume. Outros, com efeito, não menos qualificados, recusam o termo, que consideram excessivo e de conotações dramáticas. Todos aceitam, todavia, a existência de sérias dificuldades no funcionamento do sistema. 

 

PIAGET. O Instituto Piaget publicou Inteligência Estratégica na Internet - Como desenvolver eficazmente actividades de monitorização e de pesquisa nas redes. Com este livro fica demonstrado de que forma a Internet pode ser um utensílio inteligente para uma empresa. Fazendo um paralelo entre os métodos utilizados anteriormente e os actuais, aqui são explicadas as formas de procura e exploração eficaz da informação disponível na Internet. Vocacionado especialmente para um público não informático, o livro reduz os aspectos técnicos tornando-o acessível a todos.

 

EUROPA-AMÉRICA. As Publicações Europa-América publicam na colecção Aventura & Viagens O Navegador Solitário. O livro é o relato do comandante Joshua Slocum na sua viagem de circum-navegação à volta do mundo. Joshua Slocum foi marinheiro, construtor de barcos, autodidacta, correspondente de imprensa e o primeiro navegador a empreender uma tão longa viagem sozinho.

Eugénia Sousa

 

 


 

CINEMA

Um cowboy no espaço

De homem sem nome, nos filmes de Leone, a um dos mais respeitados cineastas da actualidade, este o percurso singular de Clint Eastwood. Prova disso é o seu último filme, Space Cowboys (na foto), um monumento ao cinema clássico americano, no rigor narrativo e na fluidez da realização. Longe vão os tempos do machismo e do “neo-fascismo nixoniano” de Dirty Harry. Mas, já lá vamos.

Voltando a Space Cowboys, seria difícil imaginar quatro actores veteranos de rabo ao léu. Mas, eles lá estão. Clint Eastwood, 70 anos, James Garner, 72, Donald Sutherland, com 66, e Tommy Lee Jones, com 53. Despidos também de preconceitos, sem complexos, assumindo o envelhecimento tão naturalmente como a vida. Passaram na “inspecção” como se de jovens de 20 anos se tratasse. E são-no. De espírito de aventura. O sonho falhado da viagem à Lua nos idos anos 50 da conquista espacial, realizaram-no agora por via da evolução tecnológica. Havia que reparar um satélite de tecnologia ultrapassada e nada melhor de que quem o concebeu para o fazer.

O resto é um filme delicioso, diria mesmo uma comédia de ficção científica, (basta lembrar a cena em que Donald Sutherland, apesar de não ver um boi à frente do nariz, decora letra a letra, a sequência do teste oftalmológico) de uma harmonia estonteante, com uma economia formal a toda a prova em que apenas o essencial é filmado, servido por quatro actores de eleição, municiados por um argumento soberbo de Ken Kaufman e Howard Klausner. Os quatro realizaram um velho sonho, quarenta anos depois. Sem pieguices. Em suma, verdadeiros cowboys.

Nascido há 70 anos, em 31 de Maio, Clint Eastwood tem vindo a construir uma das mais sólidas carreiras no cinema americano actual, só comparável, na coerência e na regularidade, a Woody Allen, ambos com um lugar à parte nas minhas preferências. Que me desculpem os outros de que já aqui falei.

Tornado conhecido pela série televisiva Rawhide, o que na altura não era nada por aí além, frequentador de alguns filmes menores, a fama viria mais tarde pela mão de Sergio Leone, um cineasta italiano, até então com obra discreta, no título Por um Punhado de Dólares (1964), na linha do chamado do western-spaghetti. A fama e o proveito de ambos cresceu com mais dois títulos incontornáveis do género: Por Alguns Dólares Mais (1965) e O Bom, o Mau e o Vilão (1967). Leone ainda fez o inesquecível Aconteceu no Oeste, no mesmo ano. Já sem Eastwood.

Desta parceria ter-lhe-á ficado o gosto pelas coboiadas. Realizou várias, de O Pistoleiro do Diabo (1972), o primeiro e muito à Leone, a O Justiceiro Solitário, de 1985, a essa obra prima e um verdadeiro clássico do género, onde o tema do envelhecimento já era referência, Imperdoável (1992), que lhe valeu o Oscar de melhor realizador.

A sua estreia do outro lado da Câmara aconteceu em 1971 com Destino nas Trevas (Play Misty for Me), a história de um locutor de rádio que, depois de um breve encontro, começa a ser assediado por uma fã. Atracção Fatal veio uns anos depois!

À vontade em diversos géneros, outra das suas imagens de marca ficou ligada ao violento, para sermos condescendentes, Harry Callahan, o detective anti-herói, que com a sua Magnum, semeia tiros e mortes, em Dirty Harry, de Don Siegel (1971), Magnum Force, de Ted Post (1973), entre outros, nos quais se inclui Sudden Impact (1983), outra realização sua. Apesar dos chavões com que foi brindado, era, à sua maneira, um justiceiro dos muitos que aparecem pelos filmes de cowboys, só que em vez das extensas pradarias, vagueia pela selva urbana. Hoje, se calhar, já não será assim tão dirty como se pintava.

Paixão assumida deste homem multifacetado é o seu amor pelo jazz, patente nas bandas sonoras de que Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal (1997) é referência, mas principalmente em Bird, filme que realizou em 1988, recriando a vida desse músico de excepção, o saxofonista Charlie Parker. O filme que, a par de Round Midnight, de Bertrand Tavernier, serviu o jazz, ao contrário de muitos outros que apenas se serviram dele.

Desde Na Linha de Fogo, de Wolfgang Petersen, de 1993, que Clint Eastwood apenas tem entrado em filmes da sua autoria, qualquer deles obras-primas que ajudaram, e de que maneira, a cimentar o tal percurso de que falámos. Um Mundo Perfeito (1993), As Pontes de Madison County (1995), Poder Absoluto e Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal, ambos de 1997, e Um Crime Real, de 1999, são exemplos mais do que suficientes para que Clint Eastwood, definitivamente, tenha um cadeirão reservado ao lado dos maiores realizadores de todos os tempos
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Luís Dinis da Rosa

 


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