Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº33    Novembro 2000

 

Opinião

CRÓNICA

Zapping

Com um mês de permeio não é fácil cronicar. Sobretudo quando os tempos são férteis de assunto e os meios de intercomunicação se colocam à distância dum clique. Mesmo tendo em conta as vinte e quatro horas do dia e as gémeas vinte e quatro da noite, como muito bem lembrou o último elemento a participar no concurso da TVI.

Escrevo no dia em que a Comunidade Europeia, a Associação Internacional Para os Direitos do Homem, a Organização das Nações Unidas, para não falar de pequenas agremiações e partidos políticos, com intuitos mais do que interesseiros, estarão a ponderar o envio de uma delegação credenciada aos EUA para supervisionar, fiscalizar, observar e até mesmo garantir a democra-ticidade da eleição presidencial norte americana.

O Governo português tem neste orçamento o segredo da pedra filosofal. Um novíssimo tratado de alquimia. Conseguiu (ó Professor, o monstro é a vã glória de mandar ou a má consciência de perder? Perdão, é a reforma fiscal ou a política despesista?) a versão económica do célebre filme de Polanski, algo parecido com um par de patins em linha, como quem diz, qualquer coisa de consensual e ao mesmo tempo truculento e escorregadio, agora que Lobo Antunes descobriu, finalmente, a humildade, tanto tempo depois da penecilina, do reflexo condicionado e dos Cus de Judas.

Dos EUA chegam notícias alarmantes sobre o escrutínio. Um sem abrigo referiu a uma agência noticiosa ser indiferente que o próximo presidente se chame Alberto ou Jorge. A notícia não caiu bem no mercado de valores e os responsáveis por tal desatenção estão a braços com uma acção cível capaz de ressarcir os mais elementares direitos das partes envolvidas.

Entretanto diz-se que o Benfica ganha em dignidade com Vilarinho o mesmo que em modernidade com Azevedo, sem cuidar de saber o que ganha esta gente com tudo isto. Que a ministra da saúde tem à perna um dívida de 300 milhões de contos e tudo está sob controlo, que é como faz o rio que se espraia e morre a poucos metros de desaguar em S. Pedro de Moel. De outros ministros são conhecidas as boas acções... na bolsa.

Os combustíveis vão aumentar e muito, por culpa da demagogia, domeleitoralismo, da graça do estado a que chegamos, apesar da falácia, dos apagões e das cegonhas subversivas.

A Segurança máxima, tolerância zero, que serviu afinal para arrecadar uns cobres em multas e coimas, não teve resultados na diminuição de mortes e feridos, pois o consabido motivo é outro e mais profundo.

Enquanto o povo espera que a Creutzfeldt Jakob seja uma simples gripe vacum por deficiente alimentação, o primeiro ministro anuncia o seu reino por um queijo.

Mais grave será a Palestina não ter pátria, enquanto os mártires o não justificarem, os Estados Unidos não estiverem interessados e Israel insistir no seu papel de cowboy do médio oriente.

Da Florida chegam finalmente notícias animadoras: contados os votos, revistos os métodos, comparadas as estatísticas e analisando cientificamente os resultados, para gáudio dos americanos e exemplo para o mundo os candidatos empataram.

Nota: As gralhas serão pássaros respeitáveis. O mesmo não direi das suas primas intelectuais. estas são arreliadoras, imbecis e, embora voem, rasteiro, como os crocodilos, em vez do golpe de asa, quase sempre dão aso ao golpe. Aos leitores da última crónica, digo assim: pior que cem gralhas seria sem desculpas, a propósito do cem número, sem nexo, da quinta linha.

João de Sousa Teixeira

 


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