Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº25    Março 2000

 

Artes

25 ANOS DE VIDA

Conservatório em festa

O Conservatório Regional de Castelo Branco está a comemorar os seus 25 anos de vida. Uma data que Cristina Lima, directora daquela escola de música, quer ver assinalada com a pompa e circunstância exigidas. Para isso, preparou um programa que terá o seu ponto alto no próximo dia 1 de Abril. Além da sessão solene, que terá lugar, às 10h30, no salão nobre da Câmara de Castelo Branco, e onde Cristina Lima espera contar com as presenças do director do departamento do Ensino Secundário, do Coordenador do Núcleo de Ensino Artístico e das próprias individualidades regionais e locais, está agendado um concerto na Igreja de Santa Maria do Castelo. Um concerto que “envolve os alunos do Conservatório e que está a ser muito exigente”, explica Cristina Lima.

Na opinião da directora do Conservatório a apresentação daquele espectáculo, onde será interpretada a Glória, de Vivaldi, “representa um grande desafio para todos os alunos, não só para o coro, mas também para a orquestra. Um desafio que está a ser muito bem conseguido”, diz. Os 25 anos do Conservatório são assinalados numa altura em que uma das principais reivindicações da instituição foi aceite. “Este ano foram abertas as inscrições para a profissionalização em serviço para os professores do Conservatório e de escolas como a nossa. Trata-se de um factor importante, pelo qual lutámos durante muito tempo, pois de outra forma os docentes estavam impedidos de progredirem na carreira”, sublinha. O concurso foi feito em Setembro e o curso está a realizar-se em Aveiro, onde dos seis dos nove professores aceites são do Conservatório de Castelo Branco.

Com 213 alunos inscritos, os desafios do Conservatório passam por manter a qualidade de ensino que é o cartão de visita da instituição. “Estes 25 anos fazem-nos sentir mais responsáveis e estar atentos em relação ao futuro. O Conservatório tem tradições próprias, mas temos que estar atentos às novas metodologias, o que tem acontecido”. O futuro não passa, necessariamente, por uma nova sede. Aliás, Cristina Lima considera as actuais instalações como boas. “Gostamos muito deste edifício. É para nós uma espécie de carisma. Os conservatórios têm uma tradição, que vem do século XVIII, e quando pensamos numa escola deste género, pensamos num edifício semelhante ao que temos”. Apesar desta opinião, a directora do Conservatório revela que “são necessárias obras de adaptação, sobretudo ao nível da segurança, para que sejam respeitadas as novas normas comunitárias. Mas globalmente, o edifício tem boas condições para o ensino da música. Por outro lado, a construção de uma nova sede tem que ser muito bem estudada. Pois aquilo que se verificou em muitos casos é que houve uma grande atenção na parte da segurança e esqueceu-se tudo o resto. Há casos em que as condutas do ar condicionado levam a música de umas salas para as outras. O que torna o ensino muito complicado”.

Os projectos do Conservatório neste virar de século são muitos. O Crescer com a Música, movimenta todas as crianças das escolas do 1º Ciclo da cidade e de Alcains, e o Primavera Musical promete grandes novidades, com a realização de Master Class (aulas abertas), por parte de alguns intérpretes.

PROGRAMA. Este ano o Festival Primavera Musical deixou de ser dedicado exclusivamente à música de câmara e contará com a presença do Grupo Ópera Nova, que apresentará um espectáculo com cenários e figurinos, no dia 4 de Junho, pelas 18 horas, no Auditório da Escola Superior Agrária de Castelo Branco.

Aquela será uma das novidades e no palco serão interpretadas óperas de Menotti e Amadeus Mozart. O Primavera Musical é encerrado, daquele modo, com um espectáculo de luxo, mas todo o programa apresenta qualidade, no entender de Carlos Semedo, um dos seus responsáveis. A edição deste ano inicia-se, no dia 28 de Abril, às 21h30, com a actuação Moscow Piano Quartet, no auditório da Escola Superior Agrária de Castelo Branco. Um espaço onde irão decorrer todos os espectáculos, excepção feita à actuação do grupo Arcangeli, que actuará na Sé Catedral, no dia 20 de Maio, também às 21h30.

No dia 10 de Maio, é a vez do quinteto de madeiras Galliard Ensemble interpretar obras de Eurico Carrapatoso, Luís Tinoco, e Oliver Knussen, entre outros, num espectáculo previsto para as 21h30. Na tarde desse mesmo dia, realiza-se ainda uma mesa redonda, no auditório do Conservatório, subordinada ao tema “Ser Compositor em Portugal”, onde estarão presentes alguns compositores portugueses. O trio com piano, Bekova Sisters actuará nos dias 12 e 19 de Maio.
Outro dos momentos altos da edição deste ano do Primavera Musical, é a actuação de Vladimir Zubitsky, campeão mundial de acordeão, que subirá ao placo da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, no dia 26 de Maio. Já no dia 3 de Junho, é a vez de Miguel Borges Coelho, no piano, Guenrich Elessine, no violoncelo e Max Rabinovich, no violino, actuarem. O Primavera Musical encerra no dia 4, com um espectáculo de ópera, pela companhia Ópera Nova, que interpretará Amadeus Mozart e Menotti.

 

 

EM CASTELO BRANCO

Váatão sobe ao palco

Castelo Branco tem um novo grupo de teatro que pretende rumar à profissionalização. O projecto inclui nomes como a professora de teatro Madalena Leitão, o actor e professor Luís Beato, e ainda nomes ligados ao teatro albicastrense há muitos anos, como são os casos de Lopes Marcelo e do colaborador do Ensino Magazine, Luís Rosa.

Com um grupo de actores jovem e colaboradores com muita vontade de trabalhar, o novo grupo está a ensaiar neste momento na sede da Junte de Freguesia de Cebolais de Cima, dado que não tem instalações próprias. Essa é no entanto uma das principais metas a atingir nos próximos tempos, pois um grupo de teatro necessita obrigatoriamente de um espaço, ainda mais para rumar à profissionalização.

Porém, o Váatão pretende ir mais além da representação. A apresentação de peças próprias é importante, e está a trabalhar nesse sentido, mas a ideia passa também por divulgar trabalhos de outros grupos. Para isso, precisará de outros apoios, dado que o único que conseguiu até ao momento partiu da Presidência do Conselho de Ministros e foi apenas suficiente para a constituição formal e pouco mais.

Na apresentação deste grupo, que decorreu num bar de Castelo Branco, este mês de Março, Madalena Leitão considerou que “Castelo Branco deveria ter um grupo profissional de teatro que servisse não só o Concelho, mas toda a região. E só sendo profissional é que terá uma outra capacidade de representar no exterior”.

Até lá, superam-se as dificuldades com o querer. Pois, como refere luís Rosa, o Váatão “é a aventura total. Não há apoios, fazem-se espectáculos. Não há sede, inventam-se espaços. Porque não dizemos que se nos derem dinheiro fazemos. Primeiro fazemos e depois esperamos que nos apoiem para continuar o trabalho. Em relação à sede, precisamos dela e vamos tê-la, como é evidente”.

APRESENTAÇÃO. A apresentação formal do grupo acontecerá em Cebolais de Cima a 7 de Abril, no Bunker bar e a peça tem por título “Onde é que está o Edmundo”. Um espectáculo musical que inclui algum teatro e que será apresentado a 11 de Abril, no Auditório Coménius, no Politécnico de Castelo Branco, a partir das 21h30. No dia 13, também às 21h30, está marcada nova apresentação, para a Superior de Gestão de Idanha-a-Nova.

Em carteira está a peça “Uma sardinha para três”, cuja acção se passa na Beira por alturas da 2ª Guerra Mundial e aborda as transformações da chegada do dinheiro resultante da venda de volfrâmio, a peso de ouro, aos alemães. “Se houver dinheiro pode-se fazer”, diz Luís Beato.

Madalena Leitão apresentou também duas iniciativas de divulgação do teatro, nomeadamente para crianças e jovens, a qual será organizada em parceria com o IPJ, e pretende trazer a Castelo Branco quatro companhias profissionais, o, Pequeno Teatro e o Teatro Bábá, de Lisboa, o Arte Pública, de Beja, o Teatrão, de Coimbra.

A aguardar melhores dias está também um projecto que passa por adaptar ao teatro a obra de Júlio Verne, Viagem ao Centro da Terra. A peça destina-se à infância e juventude e pretende recorrer a esse texto da literatura consagrada da infância e juventude, pois insere-se “na linha de aventura e de criação de universos imaginários”.

 


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