Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº27    Maio 2000

 

Destaque

VELOCIDADE

Egiecocar e Maubere em França

Depois do sucesso alcançado no ano passado na Shell Eco-Marathon, a equipa da Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda, fez todos os esforços para levar o Egiecocar a percorrer ainda mais quilómetros com a menor gasolina possível. Uma prova que se realizou este mês em França, e que envolve centenas e centenas de projectos. A equipa da Guarda, que no ano passado foi terceira, entre as formações portuguesas, alcançou a 4ª posição entre os projectos nacionais, percorrendo 512 quilómetros.

Para a prova de França as expectativas eram grandes em relação ao projecto da Guarda, até porque as primeiras experiências realizadas no ano passado, deram bons resultados. É que se em França obteve o terceiro lugar entre as formações nacionais, em Inglaterra, algum tempo depois ocupou a 28ª posição, percorrendo cerca de 700 quilómetros, como na altura referiu o nosso jornal.

Dizem os responsáveis por este tipo de projectos, que um veículo nunca fica totalmente pronto. Daí que para a edição deste ano, o Egiecocar tenha sofrido algumas transformações, sobretudo ao nível do motor, de forma a que o carro percorra mais quilómetros com menos combustível. No ano passado, o projecto francês Micro Joule, foi o vencedor da prova, percorrendo mais de 1900 quilómetros. O segredo desta meta poderá estar também nos rolamentos e nas tácticas a utilizar, uma vez que, por exemplo, o Micro Joule conseguia percorrer uma volta ao circuito com o motor desligado. Depois da prova de França, os responsáveis pelo projecto estão já a pensar desenvolver um novo carro, para participarem numa prova a disputar na Bélgica.

ACORDO. Tendo como base o projecto do Egiecocar, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda acaba de assinar um protocolo com a Escola Secundária da Sé. Um acordo que pretende motivar os alunos daquele estabelecimento de ensino secundário, pelas disciplinas de engenharia mecânica. Uma das iniciativas que poderão vir a ser desenvolvidas, passam pela construção de um carro da Secundária da Sé, para o Eco Marathon. O que será desenvolvido com o apoio dos alunos do Instituto Politécnico.

MAUBERE. Para a prova de França a Universidade da Beira Interior apostou no Maubere. Um veículo que promete fazer muitos quilómetros com pouca gasolina. Mas como quem participa pela primeira vez tem sempre alguns imprevistos para resolver, até à hora de fecho da nossa edição ainda não era conhecido o resultado do projecto da UBI. Em declarações ao Ensino Magazine, Telmo Martins, responsável pelo projecto, referiu que foram realizados vários testes ao nível do chassi, dos sistemas mecânicos, do motor e da carroçaria, a qual foi idealizada na UBI, mas está a ser elaborada numa empresa privada da região da Guarda.

O Maubere já é conhecido do Distrito de Castelo Branco, até porque o protótipo esteve em exposição durante os Dias da UBI, de 14 a 16 de Março. Os testes efectuados foram satisfatórios, embora neste tipo de projectos haja sempre qualquer coisa a melhorar.

Ainda durante a fase de testes, Telmo Martins afirmou ao Ensino Magazine, que “como o carro está já conseguimos fazer 300 quilómetros, mas ainda há algo a fazer. A nossa melhor expectativa passaria por conseguir fazer 600 ou 700 quilómetros”. Por outro lado, a equipa do Maubere pretende ainda concorrer a outros troféus, nomeadamente ao do design, comunicação e inovação. E se tudo correr como o esperado, o objectivo seguinte passa por participar noutras provas, nomeadamente na Bélgica e na Finlândia.

 

 

LEI DO ENSINO SUPERIOR

Debate na Assembleia

A Lei Quadro do Ensino Superior deverá ser aprovada na última semana de Maio. A primeira das sessões parlamentares com vista à aprovação daquele diploma, poucos foram os deputados que estiveram presentes na sua discussão. De qualquer modo, ficou a ideia de que a Lei Quadro vai ser mesmo aprovada, ao que tudo indica com os votos favoráveis do Partido Socialista e com os votos ou do Bloco de Esquerda ou do Partido Popular. No entanto essa votação favorável daqueles partidos da oposição dependerão do acordo a que chegarem com o PS.

O Bloco de Esquerda e o PCP foram os únicos partidos da oposição que apresentaram uma proposta alternativa à do Governo. Em traços gerais, o Bloco de Esquerda pretende que as instituições de ensino superior politécnico público possam atribuir o grau de mestrado e doutoramento, enquanto que o PCP preconiza apenas um único sistema de ensino superior, ao contrário que actualmente sucede, em que há dois sub-sistemas, o Politécnico e o Universitário.

De qualquer modo a Lei Quadro deverá ser aprovada, e sabe-se que terá sempre a oposição do Partido Social Democrata, embora os deputados da oposição, que usaram da palavra, no passado dia 17, considerem a proposta governamental de decepcionante. Posição contrária tem o Secretário de Estado do Ensino Superior, José Reis, que já na nossa última edição explicou, em entrevista, as suas razões.

Para José Reis, “todas as entidades do ensino superior sabem que este novo ciclo necessita de um documento fundador que trate das questões da organização e do ordenamento, da qualidade, dos requisitos, da organização da rede. Esta lei, é isso mesmo, já que anteriormente não existia”. Na opinião daquele membro do Governo, os Institutos Politécnicos são das instituições que ficam mais valorizadas “na dignificação institucional”.

José Reis salientou também a importância do documento aprovado, pois, no seu entender, “está a ser criado um novo ciclo no ensino superior em Portugal, com exigências profundamente novas. E há duas agendas que são importantes, são elas a da qualidade, dos requisitos e da confiança que todos nós queremos depositar no ensino superior. E isso só se alcança demonstrando que há um conjunto de requisitos, de pressupostos, que são básicos e que marcam todo sistema de ensino superior”.

AVALIAÇÃO. Cerca de 150 mil alunos dos 4º ano do 1º ciclo do Ensino Básico, realizam, na última semana de Maio, uma prova de aferição que servirá, sobretudo, para avaliar o ensino Português. O objectivo deste tipo de provas, que no ano lectivo de 2000/2001 será alargado aos alunos do 6º ano, não pretende avaliar os conhecimentos dos alunos, mas sim o estado do ensino no nosso País. As áreas a avaliar serão a Matemática e a Língua Portuguesa. De resto, as provas serão feitas sob o anonimato do aluno. No caso da prova de Português, o teste tem duas partes distintas, uma constituída por um texto narrativo em prosa, com cerca de 20 a 40 linhas, e um questionário. Já a prova de Matemática pretende avaliar a compreensão de conceitos e procedimentos e a capacidade da resolução de Problemas. Farão parte do teste os números e operações, grandezas e medidas, espaço e forma, recolha e organização de dados.

 

 

LEI DO ENSINO SUPERIOR

Debate na Assembleia

O Ministério da educação acaba de propor alterações significativas aos currículos dos ensino básicos e secundário. As novidades são muitas, e envolve a alteração do tempo de duração das aulas, do período escolar, que passará a ser de três meses para cada período, entre muitas outras alterações. É isso que o Ensino Magazine, de uma forma muito objectiva lhe vai explicar.

A educação para a cidadania passa a ser uma componente obrigatória nos planos curriculares. O seu objectivo passa por contribuir para a construção da identidade e o desenvolvimento da consciência cívica dos alunos, devendo considerar outros aspectos como a educação para a saúde, a educação sexual, a educação rodoviária ou a educação ambiental. Aquela componente curricular fará parte de um plano que abrange o trabalho a realizar nas diversas disciplinas e áreas de currículo. No caso específico dos 2º e 3º ciclos o horário destinado àquela componente será atribuído pelo Director de Turma.

Outro dos pontos que será obrigatório nos novos currículos, é a área de projecto. Uma componente que tem como objectivo envolver os alunos na concepção, realização e avaliação de projectos, permitindo-lhes articularem saberes de diversas áreas disciplinares em torno de temas de pesquisa ou de intervenção. O Estudo Acompanhado é outra das componentes obrigatórias. Com ela, o Ministério da Educação pretende promover a aquisição, pelos alunos, “de métodos de estudo e de trabalho, que lhes permitam realizar com crescente autonomia a sua aprendizagem e desenvolver a capacidade de aprender a aprender”. 

A utilização das tecnologias da informação e da comunicação também faz parte do currículo para todos os ciclos do ensino básico. A proposta do Ministério da tutela vai mais longe e para o 3º ciclo garante a inclusão de uma segunda língua estrangeira obrigatória, e a sequencialidade das disciplinas. A acrescentar a todas aquelas componentes, propõe ainda um leque de opções maior nos domínios da educação artística e da educação tecnológica.

As cargas horárias também vão ser alteradas. Assim, para o 1º Ciclo do Ensino Básico, a “carga horária semanal é de 25 horas. Nos 2º e 3º ciclos, os horários, são por norma, organizados em blocos de 90 minutos. Cada bloco corresponderá a um tempo dedicado a um disciplina ou a dois períodos de 45 minutos dedicados a disciplinas diferentes”. Desta forma, a carga horária semanal terá 16,5 blocos de 90 minutos no 2º ciclo, e 17,5 blocos no 3º ciclo. Facto que mantém próximo das 30 horas semanais o tempo destinado a actividades lectivas obrigatórias. No capítulo da avaliação as alterações propostas são poucas e a ideia que o aluno passa a ser avaliado também ciclo a ciclo parece ser uma aposta. 

SECUNDÁRIO. No caso do Ensino Secundário, o Ministério da Educação anunciou cinco medidas que considera fundamentais para a melhoria do ensino em Portugal. São elas a fixação em 30 horas semanais de carga horária máxima no ensino secundário; criação de uma área projecto/projecto tecnológico com tempo e espaço curriculares próprios, integrados nos horários de professores e alunos, que serão objecto de avaliação e classificação; reorganização dos cursos gerais e dos cursos tecnológicos; e a diferenciação dos programas das disciplinas do ensino secundário, de acordo com a natureza dos cursos.

Medidas que pretendem solucionar alguns problemas focados no próprio documento escrito pelo ministério da tutela, que foca quatro desses problemas, casos do desajustamento entre o currículo prescrito e o que realmente se ensina e aprende. Uma situação “agravada pela inadequação do actual regime de avaliação excessivamente pesado e não consistente com a natureza dos cursos”.

Outra das críticas apontadas diz respeito ao ênfase excessivo nos conteúdos de natureza académica, conduzindo a planos de estudo e a programas demasiado extensos, em detrimento de propor tarefas mais significativas nos domínios cognitivo, afectivo e psicomotor e nos domínios dos valores, do desenvolvimento moral e da educação para a cidadania democrática”.

Outras das novidades é que os alunos, dos cursos gerais e tecnológicos, terem a “possibilidade de, sem qualquer prejuízo e sem perdas de tempo, corrigirem, durante o ciclo de ensino secundário, as opções que fizerem no 10º ano. O que permitirá aos estudantes que tenham “terminado o seu ciclo de estudos com sucesso, e que por isso sejam já possuidores de um diploma de ensino secundário, ou no caso dos tecnológicos da certificação profissional de grau III, alterar o seu percurso formativo”.

As novas regras possibilitarão aos alunos a frequência de um ano após o 12º, onde os diplomados com um curso geral poderão receber formação técnica e tecnológica, recebendo no final um certificado profissional de grau III. Já os diplomados nas escolas tecnológicas, após esse ano extra ficarão em condições de se candidatarem ao ensino superior.

A própria matriz curricular dos cursos gerais e tecnológicos também sofre alterações. Nos cursos gerais, o Ministério propõe três componentes de formação. A primeira é de formação geral, e inclui a Língua Portuguesa (trienal), Língua Estrangeira (bienal), Filosofia (bienal), Educação Física (trienal) e Educação Moral e Religiosa (facultativa e trienal). A Formação Específica é a segunda das componentes e inclui um “tronco comum de três disciplinas estruturantes e obrigatórias (sendo uma trienal e duas bienais) e ainda disciplinas opcionais das quais o aluno escolhe obrigatoriamente duas no 12º ano. A terceira componente diz respeito à Área Projecto, que é de frequência obrigatória.

Nos cursos tecnológicos a Formação Geral é igual “à dos cursos de formação geral, enquanto que a Formação Científico-Tecnológica inclui, para cada curso, duas disciplinas científicas (uma trienal e outra bienal), duas disciplinas de natureza técnica e tecnológica (trienais) e uma disciplina de natureza prática ou teórico-prática (bienal)”. Além disso, haverá ainda uma disciplina de especificação de natureza técnica e tecnológica, de carácter anual. O Projecto Tecnológico será a terceira componente daquele cursos. Nos 10º e 11º anos o projecto desenvolve-se de forma integrada, na disciplina prática. No 12º decorrerá de forma autónoma”.

Outras das grandes novidades diz respeito ao 10º ano, onde aparecerá a filosofia dos semestres na avaliação.

 

 

GESP DA GUARDA

Estágios e vendas

O Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais do Instituto Politécnico da Guarda realizou, no início deste mês, no auditório do IPG, a 2ª Convenção de Gestão de Vendas. Uma conferência, que segundo a organização, “se destinou, não só aos estudantes que venham a desenvolver a sua actividade profissional na área comercial, como a todos os profissionais de vendas”.

A iniciativa contou com cerca de 300 participantes, e de acordo com aquele Gabinete de Estágios pretendeu aprofundar a ligação da escola à empresa, dar a conhecer às empresas o potencial dos estudantes e do próprio Politécnico, e alertar os alunos para a importância desta área e orientá-los para o mercado de trabalho.

“Gestão da Força de Vendas”, “Gestão dos Canais de Distribuição”, Técnicas de Vendas” e “Técnicas de Negociação”, foram os temas abordados durante os dois dias da iniciativa.

Além da 2ª Convenção de Gestão de Vendas, o Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais daquele Politécnico realizou uma acção de formação denominada “O Ouro dos Reis do Deserto”. Uma iniciativa que pretendeu “aumentar as competências de comunicação e de interacção dentro do grupo; desenvolver os fundamentos de trabalho em equipa; e elevar a motivação dos grupos”. De referir que a acção contou com a presença de 15 formadores para implementar uma metodologia capaz de sensibilizar os alunos para a necessidade de aprendizagem e adequação ao mundo empresarial.

Rui Agostinho

 


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