Kawabata
“O lenço do ritual do chá era vermelho (ou melhor, daquela cor que, por vezes, sobe ao rosto das meninas inocentes…) e sensibilizava os convivas mais pela sua frescura do que pela sua suavidade. E o lenço da menina Inamura parecia mesmo uma flor encarnada, subitamente surgindo, ora desdobrado, ora quieto, do encanto das suas mãos.
E grous, pequenos e brancos, dir-se-iam voar em torno dela…
A senhora Ota ostentou a taça preta de Oribe na palma da mão:
- O chá verde contrastando com a cor preta, tal como os primeiros sinais verdes no começo da Primavera.
Mas nem uma palavra disse quanto ao facto de a taça ter pertencido a seu marido”.
in Chá e Amor
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Yasunari Kawabata nasceu em Osaka, Japão, a 11 de Junho de 1899, suicidando-se em Tóquio a 16 de Abril de 1972.
Sem pais é educado pelos avós e aos quinze anos, com a morte da sua única irmã e do avô, perde toda a sua família. Em 1924 forma-se em Letras na Universidade de Tóquio. Em 1926 é publicado o seu primeiro livro relevante, A Dançarina de Izu, onde já surge uma preocupação de profundidade e uma obsessão pela ideia de morte e de beleza. O romance Terra de Neve, que data de 1937, irá consagrá-lo, apesar de só dez anos depois aparecer na sua versão definitiva. De acordo com os estudiosos, Kawabata é um escritor contemporâneo que combina a tradição japonesa com a modernidade. A sua obra, que mistura o realismo e o fantástico, é uma meditação sobre o sofrimento e a morte.
É-lhe atribuído o Prémio Nobel em 1968.
Da sua bibliografia destacamos : A Dançarina de Izu (1926), Terra de Neve (1937), Chá e Amor (1951), A Casa das Belas
Adormecidas (1961) e Kyoto (1962).
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O título original de Chá e Amor é
"Mil Grous", sendo o grou a ave que, no Japão, simboliza a felicidade e a longevidade. O culto do chá está presente ao longo de todo o livro, com todo o seu ritual e utensílios, conduzindo toda a história.
Kikuji, filho do senhor
Mitani, é a personagem em torno da qual tudo se desenrola. O pai de Kikuji, enquanto vivo, tinha como amantes a senhora Chikako e a senhora Ota. Esta última acabará por ser amante de Kikuji enquanto Chikako tentará influenciar a sua vida. Com o suicídio da senhora Ota, Kikuji transfere o amor que sentia por ela para a filha Fumiko. Mas conseguirá Fumiko aceitar a antiga relação dele com a sua mãe? E Inamura, a noiva perfeita?
Eugénia Sousa
Maria F. Baptista
Novidades
PIAGET. O Instituto Piaget publica, na sua colecção “Epistemologia e Sociedade”, o título Jornalismo e Verdade- Para Uma Ética da Informação, do jornalista Daniel Cornu. A obra aborda a urgência no cumprimento de um código deontológico no jornalismo.
Apesar dos esforços feitos, dentro da profissão, no sentido de a regulamentar, a deontologia do jornalismo continua mais ou menos indefinida. Porque os textos de referência estão desactualizados ou incompletos, porque os órgãos de controle não controlam e a lógica comercial tem a última palavra. Então como devolver ao jornalistas a sua missão de “historiador”, sério e crítico, do tempo presente?
EUROPA-AMÉRICA. As Publicações Europa-América editam Pai Goriot do escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850). O livro foi escrito em 1835 e pelas suas páginas desfila um cortejo de personagens eternas. Goriot, Vautrin, Eugène de Rastignac, Madame Vauquier a baronesa de Nucingene, cada uma representante de um tipo psicológico e de um estrato social. Do amor à velhice, do desejo à solidão, da glória à decadência. Nenhuma paixão ou sentimento humano era estranho a
Balzac.
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