A AVENTUDE DE TRÊS
BEIRÕES A ESTUDAR NO ESTRANGEIRO
Da Dinamarca à
Holanda
Nádia Ramos e Ana Reis têm 17 anos, Estudam na Escola Secundária Nun´Álvares, em Castelo Branco e no último ano rumaram à Dinamarca. A possibilidade surgiu através do Programa Intercultura, que lhes foi apresentado por um professor da escola, Paulo Camacho.
Depois de algumas conversas com os pais, a decisão acabou por ser tomada. Em Fevereiro de 99 entravam no programa de preparação do programa intercultura. Participaram em três campos de três dias, onde se juntavam os jovens portugueses interessados em estudar um ano no estrangeiro.
O primeiro decorreu na Costa da Caparica, o segundo no Guincho e o terceiro na Figueira da Foz e neles debateram-se várias questões, nomeadamente a forma de aceitar e conviver com outras culturas, para diminuir o impacto à chegada.
A 23 de Julho de 99 rumaram à Dinamarca, pois as aulas começavam nos primeiros dias de Agosto. Ao chegarem perceberam que eram as únicas portuguesas entre 150 alunos de vários países, que também estavam incluídos no programa, desde o Brasil, Japão, Tailândia, Venezuela, Costa Rica, Itália, México, Honduras...
Estava decidido que iam frequentar o 11º Ano. Mas a primeira dificuldade não seria a escola. “De início, o problema foi a língua, mas aí valeu-nos o inglês. Na escola estudava-se espanhol, o que ajudava, mas só em casos extremos. Depois também sentimos alguma solidão, tivemos de conhecer pessoas novas, muito diferentes de nós. Mas o período de adaptação dos primeiros meses correu bem”.
Ficaram alojadas em casas de famílias dinamarquesas que aderiram ao programa. “A família ajudou na aprendizagem da língua, até mais do que os cursos intensivos de dinamarquês que frequentámos. Depois estabelecemos laços de amizade com a família e ganhámos algum àvontade”.
ESCOLA NOVA. Já a escola tem um sistema muito diferente do português. “É muito livre e organizada. Tem um ambiente muito semelhante ao de casa. Os professores e os alunos estão ao mesmo nível. Tratam-se por tu. Não existe a pressão dos testes. Há apenas exames no final e o professor é que pode decidir a realização de testes se considerar necessário”.
Os exames duram quatro horas e são de consulta. As aulas tinham uma hora e meia de duração na escola da Ana Reis e um hora na escola da Nádia. Até à altura dos exames, “os professores pedem relatórios da matéria dada em determinado período de tempo e classificam-os . Nas aulas, os alunos participam muito, de forma natural. Sentem-se bem. Gostam de estudar”.
PORTUGAL. Vasco Portugal, de 18 anos, era aluno na Amato Lusitano, em Castelo Branco quando decidiu entrar no programa da intercultura. Faltava-lhe então o 12º Ano, que agora terminou na Holanda, após estar cinco meses em Amsterdão e outros cinco em Den Helder, uma cidade turística situada no ponto mais alto do país e com praias.
Partiu a 14 de Agosto e chegou a 19 de Junho. Encontrou um 12º Ano com quatro níveis diferentes. No seu caso, esteve com disciplinas de dois níveis, os que queriam terminar o 12º e aqueles que tinham a universidade como objectivo. Havia ainda os níveis de cursos tecnológico e o de matérias específicas para determinadas profissões.
Do quarto nível tinha apenas inglês, holandês, literatura inglesa e literatura holandesa. Passou de ano e chegou a Portugal com a ideia de realizar os exames de Português e Geometria Descritiva, a fim de se poder candidatar à universidade.
Da escola na Holanda guarda a ideia de “mais trabalhos de casa, mais horas de aulas, mas com aulas de 40 minutos. As salas tinham muito menos alunos do que em Portugal. Dependia de disciplina para disciplina, mas em média tinham entre 15 a 20”.
A organização era também diferente: “Os corredores da escola tinham sentidos definidos e os alunos circulavam. Não podiam estar parados nos corredores, não podiam usar chapéu e tinham zonas específicas para comer. E o próprio dia a dia também não tem nada a ver com Portugal. As portas abrem para o lado contrário, as fechaduras rodam para o lado contrário, as torneiras abrem-se no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio...”.
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